30 - Piaçu/IúnaーES

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GIZELLY

Na manhã de segunda-feira, pegamos a estrada. Mamãe, vovó, Gustavo e eu. Durante o caminho revezei na direção com minha mãe, alguns quilômetros suficiente para que ela descansasse. Ela deixou Gustavo e eu em Piaçu, onde nosso pai vive, e seguiu para Iúna com vovó, a Cidade de minha família materna.

Chegamos na casa do meu pai pela tarde.

Havia me despedido de meus amigos no sábado à noite, lá na casa de Campo onde passamos a primeira semana de férias. Confesso que eu ja estava louca para voltar pra casa e ver minha família, ainda mais quando Rafaella se despediu nesse mesmo dia pela manhã. Depois que ela se foi, parece que aquele lugar não tinha tanta graça quanto parecia, e era estranho pensar assim. Sua ausência contribuiu muito com o desejo de voltar pra casa logo.

Depois de nossa conversa há uma semana atrás, no domingo à noite, tirei um momento para refletir sobre os últimos acontecimentos. Rafaella estava certa em alguns pontos, e eu a entendia. Porém, eu não podia ir contra os princípios dela. Faria de tudo, como sempre venho fazendo, para facilitar nosso convívio, e levar nossa relação/amizade da maneira mais confortável e gostosa possível. No entanto, me vi desanimada com essa decisão mais uma vez.

Lembro-me de Paulinho me chamando pra conversar, pois ele percebeu minha inquietação. Falei sobre o que havia acontecido, e ele me aconselhou a dar um passo para trás e observar as coisas de longe. E é isso que tenho feito desde lá para cá. Tenho sentido falta de Rafaella, confesso. Porém não só fisicamente,ー isso mais ainda por ela estar longe, em outro estado.ー Mas também em outros aspectos, como: teclar todas as noites antes de dormir, como de costume. Passar horas no telefone, seja por chamada de voz ou vídeo. Ou até mesmo mandando fotos do dia à dia, como sempre fazíamos ao passar por alguns lugares na rua e ver algo que lembre uma a outra.

Me peguei encarando a tela do celular muitas vezes desde o dia anterior de domingo, até hoje. Foram apenas "bom dia, tudo bem por aí?!" Nesses dois dias em que não nos vimos. E "boa noite, durma bem". E isso não é nada bom para mim. Me peguei muita das vezes chateada por estar me sentindo assim.

Fui tirada de meus devaneios quando senti Taís, minha irmã, me cutucando na mesa.

- Oi, Tatá, desculpa!-

- Ta longe em, bichinha... Chamamos você muitas vezes.-

- Estava pensando em umas coisas. Mas o que é?-

- Papai quer saber se queremos ir na vó hoje.-

- Pode ser! Vamos agora?- A proposta parece ter me animado, pois eu veria meus primos e tios. E eu gosto da bagunça.

- Dormiríamos lá, Bilu, então se prepara pra ficar sem o celular.- Ele disse com um riso na fala, pois sabia que eu reclamava de fato todas as vezes.

Apesar de gostar muito de passar tempo lá, degustando da comida caseira de meus avós, aproveitar meus primos e tudo mais, ter sinal em meu telefone celular é essencial.
No entanto, não tinha nada de interessante no mesmo ultimamente. Não quando Kalimann passava o dia todo fora das redes sociais por estar de férias aproveitando sua família, e por esse motivo, não ter tempo de trocar algumas mensagens comigo. Nossa última conversa foi há poucos minutos atrás quando perguntei como tudo estava, e ela respondeu estar bem. E tudo que conversamos foi ela perguntar se eu ja havia chego em Vitória, e eu respondi que sim. Depois disso, ela sumiu novamente.

- Ok!- Respondi por fim com um sorriso ameno no rosto.

....

Conseguimos pegar a estrada logo após nosso lanche da tarde. Chegamos à noite em Cachoeiro de Macaquinho, com os telefones celulares já sem sinal. Exceto o de meu pai que tinha um chip específico, conforme a operadora que a Cidade pedia. O que me fez fazer uma nota mental sobre comprar um chip desse para mim.

Duas garotas, um encontro. (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora