13 - Os 42 do segundo tempo

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GIZELLY

O dia estava sendo incrível, Sarah e eu arrasamos no trabalho em dupla feito em sala de aula, meu pai havia acabado de chegar na Cidade com minha madrasta e minha irmã, e eu voltei para o treino ganhando de volta meu bracelete de capitã. Até infelizmente eu me envolver em um acidente, que não foi tão acidente assim.

Estava prestes a entrar com a pelota no gol adversário quando Caon de Hadson esbarraram em mim. No mesmo instante que senti a presença dos dois próximos demais, já não vi mais nada. Lembro apenas de tudo ter ficado escuro e a pancada no chão. Pois como fui pega de surpresa, não tive nem tempo de defender minha cabeça e meu rosto com as mãos. A dor que eu senti em meu nariz foi tão forte, que se estendeu por minha cabeça, e principalmente o centro de minha testa, entre uma sobrancelha e outra. Aquela dor pontiaguda.

Vi estrelas enquanto apertava meus olhos com as mãos em meu rosto.
Quando enfim consegui me recompor da dor, porém ainda dolorida, vi minhas mãos sanguentadas.

Agora estou eu aqui, deitada na maca da enfermaria, com a blusa do treino toda marcada pelo sangue que escorreu incessantemente do meu nariz. Precisaram torcer o Vômer, o osso nasal, para voltar ao lugar. O mesmo havia deslocado, e a dor que eu senti há pouco me fez ir ao inferno e voltar. Portanto, enfaixaram e me deram um medicamento. Em meu supercílio, apenas limparam e colocaram um band-aid, pois na hora da pancada, arranhou um pouco.

Estava aguardando a alta da enfermeira quando ouvi três batidas na porta. Em seguida, Rafaella abriu a mesma e pôs o pescoço para dentro.

- Posso entrar?- Sorri em resposta enquanto me sentava. Ela logo se aproximou. - Como você está? Eu estava aflita ali fora.-

- Agora estou bem. Ta doendo um pouquinho mas já já passa. Já fizeram todos os procedimentos e já me medicaram.- Minha voz saiu estranha, devido meu nariz quase tampado.

- Eu vou falar com os meninos. Isso não vai ficar assim.-

- Não se envolve, por favor?! Não quero que tenha atrito entre seus amigos e você por minha causa. Eles já me odeiam o suficiente.- Soltei uma risada sem humor e ela revirou os olhos, cruzando os braços.

- Não vai ter atrito, estou irritada com eles. Não é de hoje que eles vem te atacando nos treinos.-

- Eles já tiveram o castigo deles, ta bem?! Ganharam detenção durante o mês todo e estão fora do torneio.-

- Ok, só não vou até lá porque você está pedindo. Mas saiba que eu queria muito.- Sua indignação me fez rir, puxando-a pelo braço até ela se encaixar entre minhas pernas.

- Ta tudo bem senhorita brabinha.- Minha ação a fez suavizar o semblante e descruzar os braços. Em seguida, senti suas mãos em meu rosto num gesto delicado.

- O que fizeram?-

- Colocaram o nariz no lugar.- Respondi e vi sua careta de dor. - Depois limparam, e fizeram esse curativo. A testa foi só um arranhão de leve.-

- E amanhã?- Seu tom era carinhoso enquanto ela descia as mãos de meu rosto, pondo sobre minhas coxas. Vi em seus olhos a preocupação. Como forma de retribuição ao carinho, comecei a brincar com seus cabelos.

- O que tem amanhã?-

- O torneio. Como vai participar assim?-

- Normal ué. Não sofri nada nas pernas e nem nos braços.- Dei de ombros e logo ouvimos passos no corredor.
- Afasta um pouquinho.-

- Por que?-

- Porque vem vindo gente.-

- E daí? Não estamos fazendo nada demais.-

Duas garotas, um encontro. (Girafa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora