Duas garotas, um encontro. (Girafa G!P)

19 - Limites alcançados

GIZELLY

Assistir João chegando ao treino todo sorridente e quase saltitante me deu nos nervos. Revirei os olhos e logo voltei minha atenção para a partida que rolava. Hoje, depois de uma semana após o torneio, tudo voltou ao normal. Os treinos, os exercícios físicos e os meninos as quais estavam no banco, também. Caon e Hadson. E claro, antes desse primeiro treino após todo o ocorrido, Thiago nos chamou para uma conversa rápida. Os meninos se desculparam comigo, e eu como uma garota madura que sou, os descupei. A birra de Caon para comigo sessou um pouco, não totalmente, mas parece que ele tem visto a mesma movimentação que eu vi nos últimos dias. E quem outrora perturbava seu juízo em relação à Rafaella, não está mais entre os dois. Segundo ele. Sua marcação, porém, agora estava em João.

E eu, sinceramente?! Não iria me impôr se começasse desde já. Eu até faria vistas grossas, talvez, se a pelota acertasse a fuça descarada dele. Acabei rindo comigo mesma, repreendendo meus próprios pensamentos.

Quando enfim o dia terminou, fui para casa suspirando cansada pelo caminho.

O dia seguinte de terça-feira passou voando. Tivemos mais testes em sala e trabalho em equipe onde dividi esse momento com Pyong e Paulinho.

No outro dia, quarta-feira, me vi animada e ansiosa. Eu sabia que não veria Rafaella durante o dia, pois ela quase não sái de sua ala. A menos que eu a chame para almoçar ou algo do tipo nos intervalos. No entanto, nos veríamos logo após em sua casa. Ou melhor, no fim da aula por conta do bendito trabalho.

Quando as aulas terminaram, corri para o meu armário atrás de meus pertences. Assim que me vi pronta, fui em direção ao portão de saída. Vi algumas meninas saindo da ala A, então me encostei em um carro qualquer que estava estacionado no meio fio, e não demorou muito para ela aparecer, distraída em seu telefone celular.

Rafaella era a garota mais linda daquela ala. E eu só me dei conta disso quando Marcela começou a desaparecer dos meus pensamentos. Pouco à pouco.

Não vou mentir, ainda penso nela, mas não com tanta freqüência de antes. Rafaella tem ocupado, estranhamente, a maior parte dos meus pensamentos.

Assim que ela levantou seu olhar, desviando da tela do aparelho em suas mãos, abriu um sorriso largo quando me viu. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo, porém agora frouxo com alguns fios soltos, já que mais cedo ela chegou com ele perfeitamente arrumado. Eles balançavam de um lado para o outro enquanto ela caminhava animada em minha direção, segurando agora, as duas alças da mochila em sua costa.

E ela fica uma belezura, toda acadêmica, de uniforme e óculos.

Devolvi o sorriso largo e ela logo se aproximou. Nos abraçamos em seguida, beijando o rosto uma da outra.

- Como foi o dia em sua ala?- Perguntei quando começamos a caminhar para o outro lado da rua, na intenção de chamarmos um carro de aplicativo.

- Até que foi legal. Tivemos Educação física hoje, jogamos handebol.-

- Eu vi alguma turma na quadra, só não deu pra saber. Estava muito longe.-

- É, sua sala é realmente longe. Você vai pedir o carro, ou quer que eu peça?-

- Me passa o endereço escrito, que eu mesma peço.- Respondi já retirando o aparelho do bolso, digitando o endereço que era falado logo em seguida.

Não demoramos muito para chegar, já que seu condomínio era próximo ao colégio. Fomos o caminho todo conversando sobre os acontecimentos nas duas alas. Manoela, sua prima, havia ficado para o ensaio no club de teatro. Especificamente hoje, segundo Rafaella me contava, ensaiavam as cenas extras que rolaria entre uma pausa e outro. No caso, quando Romeu e Julieta trocam de figurinos para as cenas. E essas cenas extras, são formas de atrair a platéia enquanto espera os principais entrarem em cena em cada ato.