𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟓 • Legado de família

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FAZIAM ANOS DESDE QUE Harlow teve uma noite de sono tranquila e calma como aquela. Ela não acordou com a dor no pescoço que a perseguiria durante o dia, nem com os membros do corpo duro devido a posição ruim que a exaustão à levara.

Tudo naquela cama era aconchegante — os travesseiros, lençóis, cobertores. Talvez isso foi o que a tenha feito perceber que aquela não era a sua cama e nem mesmo o seu quarto. Naquele cômodo, por mais que estivesse extremamente escuro e a pequena brecha na janela indicassem que chovia lá fora, ele tinha uma aura familiar e reconfortante, cheio de memórias boas de uma casal que as compartilhou. Entretanto, ali também estava cheio de memórias ruins.

A primeira coisa que fez quando conseguiu ajustar os olhos a iluminação foi procurar pelo celular cujo alarme deveria ter tocado há muito tempo. Então, ela não conseguia se mexer, não com o peso adicional em sua cintura que a prendia a cama. Delicadamente, ela passou os dedos sobre a pele quente e macia que a segurava, chegando até os ombros nus de Bruce que estava posicionado atrás dela. Seus corpos estavam colados, como se fosse um só.

Soltando a respiração que nem percebeu que segurava, ela ficou aliviada ao sentir que ainda estava totalmente vestida, menos com as botas e o pesado casaco que usou na noite anterior. Já Bruce estava com o tronco nu, seus corpos pressionados a permitiram sentir o tecido da calça que ele usava, mas também o relevo protuberante e duro em suas costas... Harlow apenas sentiu suas bochechas corarem.

— Está ao meu lado, no móvel — sibilou ele, a voz rouca de quem acabara de acordar. — Desliguei o alarme algumas horas atrás. Volte a dormir.

— Tenho reuniões o dia todo — argumentou ela, tentando se levantar. — E já devo ter perdido pelo menos duas delas, graças à você.

— Sua agenda foi limpa para o café da manhã com os contadores hoje — disse, abrindo os olhos e a encarando profundamente. — São sete e vinte da manhã. A menos que suas reuniões começassem às 5 da manhã, Harlow, é apenas uma mentirosa.

Harlow serrou os dentes com força, respirando fundo para não retrucar as palavras dele.

— Por que estou aqui? Digo, no seu quarto — corrigiu, incomodada.

— Este também já foi o seu quarto — disse ele, com firmeza. — Às vezes eu me pego pensando sobre quando as coisas entre nós mudaram tanto.

— Foi quando você me colocou por último na sua lista de prioridades — respondeu ela, com tanta convicção que chegava a doer. Ela notou ele suspirar, pronto para falar algo, mas continuou: — Eu sempre te apoiei, tanto como Bruce Wayne e como Batman. Desde o começo. Você precisava que alguém assumisse o seu lugar nas Empresas Wayne? Eu fiz isso por você. Precisava de ajuda com com os sistemas? Eu ajudei você a configurá-los. Precisava de alguém para cuidar de você depois de voltar para cá todo ensanguentado? Eu estive lá para você, Bruce. Sempre estive lá na saúde e na doença!

— Harlow — sussurrou ele, tentando pará-la.

— Onde você estava quando eu precisei?

Ver lágrimas chegar nos olhos de Harlow foi o estopim. Aquela visão o machucou tanto como as suas palavras ácidas e verdadeiras. Ele queria tomá-la em seus lábios, abraça-la, pedir mil desculpas por tudo o que a fizera passar, por cada lágrima já derrubada... Implorar para que ela não desistisse deles ainda, que ele corrigiria tudo.

Em um ato subido e desesperado, antes que ela pudesse fugir do seu toque, Bruce a puxou de volta para o meio da cama, deitando-a entre os travesseiros e posicionando seu corpo musculoso em cima do dela, a impedindo de levantar. Seus olhos brilhantes encontraram os sombrios deles, uma batalha silenciosa pela verdade que escondiam.

Killer Queen ♦︎ 𝐁𝐫𝐮𝐜𝐞 𝐖𝐚𝐲𝐧𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora