É noite de Halloween e o prefeito de Gotham acabou de ser assassinado por um novo serial-killer que está desmascarando as mentiras da cidade.
Já faz dois anos desde que o vigilante noturno apareceu, se escondendo nas sombras e atacando quando não es...
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POR TRÁS DO TRAJE e da máscara, Bruce queria poder dizer que ele estava fazendo a diferença por Gotham, mas depois de tudo o que presenciou, ele não sabia mais nada. Nesses últimos anos, nada foi realmente claro para ele, a não ser o sentimento amargo da vingança que acordava todos os dias na ponta de sua língua.
A chuva havia parado desde que saiu da cada do assassinado Prefeito Mitchell. Nas sombras, escondido por baixo das roupas pesadas que cobriam seu traje, ele observou ao longe o comissário dando respostas à imprensa. Já estava amanhecendo, o sol dando pistas de que logo apareceria.
Escondido num beco próximo a casa, ele esperou por ela aparecer. Primeiramente, achou que ela desceria até os repórteres e justificaria sua presença na cena do crime, mas não foi isso que ela fez. Harlow saiu pelos fundos, olhando ao redor para não ser reconhecida por um dos jornalistas. Ela havia colocado os óculos escuros novamente, puxando o cachecol sobre a cabeça para encobri-la.
Talvez uma pessoa comum não pudesse reconhecê-la, mas Bruce sempre a acharia mesmo com dez mil pessoas a camuflando. Talvez fosse um sexto instinto dentro dele que permitisse isso, mas não tinha importância. Saindo das sombras, uma de suas mãos enluvadas cobriu a boca de Harlow e a outra a puxou contra a parede do prédio que os escondia do mundo.
Num primeiro instante, ela tentou gritar, agredi-lo... Bruce não imagina que ela pudesse forte, e por mais que a sua armadura por baixo tenha minimizado o impacto, ele o sentiu. Então, ainda com o coração mais acelerado do que uma bomba, ela parou de lutar.
Bruce inspirou fundo, sentindo o cheiro do perfume doce e seduzente dela que sempre despertou seu lado mais animal. Era tão estranho, depois de tantos meses praticamente separados, segurá-la daquela maneira era algo tão íntimo. Somente naquele momento ele se lembrou do que os dois eram, do que já foram juntos.
— Morceguinho, morceguinho, morceguinho — sibilou ela, a voz tão suava quanto o veneno de uma cobra. — A que devo a honra de ser capturada pelos braços do Batman?
Os lábios dela estavam tão próximos dos dele, separados por alguns centímetros.
— Por que o comissário quis falar em particular? — perguntou ele.
— Qual o interesse depois de meses sem olhar para mim? — retrucou ela. As palavras doeram. — Só por causa de um assassinato? Que tal começar de novo com "me desculpe por ser um idiota pelos últimos dois anos, Harlow, eu não deveria tê-la excluído totalmente de minha vida" e então poderemos conversar?
Os olhos de Bruce eram distintos mesmo com a tinta preta. Na verdade, ela deixava-o mais sério, as feições duras mais atraentes, como se ele fosse um segredo a ser descoberto. Seus olhos vacilaram entre os lábios e os olhos dela. As palavras que ela queria ouvir ficaram travadas no fundo de sua garganta, queimando com fogo.
— Tudo o que fiz, Harlow, foi para te proteger — disse ele, a voz mais grave que o normal.
— Me proteger? — repetiu ela, furiosa. — Você não me protegeu. Você me magoou, me excluiu da sua vida, fingiu que eu mal existia. Você não fez nada além de me quebrar!
