Christine e Marvin
Nem acredito que voltei ao meu pais, quase dois anos fora...como é bom sentir o aroma de café no ar, até do transito de São Paulo juro que senti saudades.
Saudades ...essa palavra não é capaz de traduzir a falta que ele me fez todos os dias desde que eu o conheci, nem um único dia eu fui capaz de esquecer do homem que mudou a minha vida por completo.
Já estou em solo Brasileiro à dois dias, voltei para meu apartamento que Graças a Deus esta limpo e higienizado graças a minha amiga Luisa, a casa esta um brinco.
Vou em direção a parte da casa que é nova, mas já é a que mais AMO, o quarto novo do meu filho, Érico!
Ele é a cópia do Marvin, mesma cor de cabelo castanho claro, olhos cor de mel, quando sorri pequenas covinhas surgem nas duas bochechas, lindo!!!!!
Quando falei para Luisa e Léo que estava pronta para voltar eles nem acreditaram, Léo foi o responsável pela mudança no quarto e fez um trabalho lindo para acolher meu bebe.
Já faz um tempo que vinha pensando muito nesse meu retorno, não queria que meu filho crescesse longe da minha terra, com idioma diferente e frequentando escolas com cultura tão diferente da minha...não que isso fosse uma coisa ruim, mas, eu quero que ele cresça aqui, conheça minha raízes, conheça as pessoas que eu amo , quero que ele seja batizado aqui e que conheça seus padrinhos...além de tudo quero que ele conheço o seu pai.
Não tenho ideia de como vou enfrentar tudo isso, mas ...eu vou... por Érico eu enfrento tudo.
Ouço o telefone tocando , deixo meu filho dormindo para atender na sala.
- Alô
- Oi amiga, é o Léo.
Dou uma gargalhada, impossível não saber que era ele, inconfundível.
- Eu sei Léo, você é único, tudo bem?
- Tudo minha chefe linda e maravilhosa, estou tão feliz com seu retorno, mas tão feliz que já adiantei tudo para passarmos um final de semana lindo conhecendo meu sobrinho fofo. Só para você saber: Eu, você, Luisa e meu sobrinho vamos viajar esse final de semana, nós dois precisamos criar vinculo com esse bebe lindo, quero que ele fale Ti-Tio logo!
Como não rir como uma criatura dessas?
- Ah é? E eu posso saber onde vamos Ti-Tio?
- Claro que não, é surpresa, só leve uma mala para você com roupas leves e um casaquinho para a noite e para o Érico também...posso te dizer que ele vai amar ...hum...e eu acho que você também.
Ele disse a ultima frase sem muita convicção.
- O que vocês estão aprontando einh? Você não vai me colocar em roubadas einh, não esqueça que agora não frequento mais baladas e não bebo nada alcoólico.
- Ihiiiii crédu, só falta falar que agora só vai frequentar igreja?
- Claro que não idiota, mas eu estou realmente evitando álcool.
- okey já entendi, no sábado pela manha a Luisa para ai para pegar voces, eu encontro com vocês no local .
- Tudo bem sabichão, estou confiando em você, estarei pronta às 8.
- Beijos minha linda.
Ele falou mais algumas baboseiras e nos despedimos com a promessa de um fim de semana inesquecível segundo ele.
Voltei para meu quarto onde havia começado a desfazer às malas, em meio a arrumação comecei a divagar sobre minha vida dos últimos dois anos.
O nascimento do Érico momento único que toda mulher um dia deveria ter o direito,meu irmão que esteve comigo em todos os momentos , foi ele quem cortou o cordão umbilical do sobrinho e segurou na minha mão, a escolha do nome do meu filho foi uma homenagem ao meu marido. Sempre imaginava que se o Marvin ainda estivesse comigo ele aprovaria esse nome, por isso o escolhi.
Eu nunca perguntava para meus amigos sobre o que havia acontecido com o Marvin, Léo algumas vezes tocava no assunto dizendo que os dois se tornaram amigos e que ele ainda sofria, mas...para mim era muito difícil estando longe, e eu sempre cortava esse assunto falando que não queria mais saber, ele tinha me expulsado da vida dele o melhor seria seguir em frente..mas que frente? Não via meu futuro sem ele.
Marvin
Estou um pouco apreensivo e angustiado com o fim de semana se aproximando, não sei explicar é uma sensação.
Hoje é sexta e como sempre os funcionários saem mais cedo para curtir um Happy Hour, viajar, ou simplesmente ficar com suas famílias...e eu? NADA...não tenho nada!
Sai do escritório ha pouco e estou na academia novamente, malhando, malhando...e só! Tento por muitas vezes enquanto corro na esteira pensar no trabalho, nas coisas para resolver...mas, o que volta em meu pensamento sempre é Christine, a saudade...queria saber por onde ela anda, o que tem feito..será que está com alguém? Isso me atormenta todos os dias, só de imaginar algo assim eu fico mau.
Subi para meu apartamento vazio, sem vida...minha empregada já foi deixou tudo em ordem incluindo meu jantar.
Nesses dois anos sai com alguns amigos, frequentei bares, baladas e boates...confesso que também sai com algumas mulheres mas, era tudo mecânico...nada aliviava meu coração...nada mesmo, em alguns momentos eu fui até rude com as que queriam ficar um pouco mais, as que queriam me ver no outro dia ou até mesmo dormir de conchinha! Nem pensar...era intimo demais, as poucas vezes que sai era para transar somente isso.
Quando digo poucas vezes é isso mesmo... posso contar em uma unica mão, aliás essa mão é a mesma que tem me conhecido mais intimamente quando quero me aliviar.
Como um zumbi, tomo banho, janto e vou em direção ao meu escritório, como todas as noites abro minha gaveta e puxo de lá uma caixa onde contém a carta que o Eric me deixou e eu não li até hoje.
Olho para ela novamente esta amassada de tanto eu tocar ...um ano e dez meses dão exatamente 660 dias que eu olho para essa carta.
Novamente aquela angustia me ataca, penso que amanha eu vou dar uma virada nessa pagina, amanha vou reencontrar meu passado para seguir em frente.
Num impulso abro o envelope e tiro uma carta escrita com a caligrafia que conheço bem... ... respiro fundo me preparando para ler o conteúdo.
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O Chalé(Completo)
RomansaHoje ... A primeira coisa que eu pensei quando coloquei meus os pés aqui hoje, foi o quanto eu havia sido feliz nesse lugar, e o quanto eu havia sido infeliz nesse lugar. Você deve pensar que é difícil me entender né? Pois é! Eu penso isso o tempo...