A bela dama de cabelos grisalhos vem todos os dias aqui a minha cafeteria. Toma alguns goles de macchiato enquanto se concentra num livro. Rabisca algumas páginas de uma forma quase feroz, mas elegante. Paga o consumo da metade do macchiato e vai e...
Eily garantiu que me ligaria se soubesse de algo. E ela realmente me ligou.
Miranda está na França. Mais especificamente em Paris. As selfies das gêmeas com postagens despreocupadas nas redes sociais, e registros naturais da mídia dando conta de que a rainha da moda está em terra parisiense , foram capazes de me dar mais informações que a própria Miranda.
Apesar das dezenas e dezenas de tentativas, a Miranda simplesmente não atendeu as minhas ligações e mensagens. Até e-mails eu enviei, mas ela não respondeu. Me sinto impotente. Impotente e preocupada. Todos os meus pensamentos estão nela. E se há realmente algo errado com a saúde da minha namorada? E se eu cometi um erro gigante ao ter uma conversa tão séria por telefone, em meio a algum momento grave?
E em meio a pensamentos nada tranquilizadores, uma semana se passou. Apesar do desespero por ver e me comunicar com a Miranda, depois de muito conversar com a Eileen, nós decidimos que daria espaço para a Miranda. Deixar que ela tenha seu espaço e seu tempo vai ser fundamental. Eily foi clara: "Vamos deixar a minha irmã descansar um pouco"! E quem melhor que a irmã para conhecer os instintos em relação a Miranda? Resolvo respeitar, mesmo ainda estando preocupada com tudo.
O dia amanheceu diante dos meus olhos. Tomo um banho rápido e sigo para a Machiatto's com a minha cadela. Ainda é muito cedo e apenas meus fornecedores estão chegando na loja. Ella os recebe enquanto eu levo a Milk para o seu cantinho nos fundos da cafeteria. Ela continua confraternizando com os clientes, mas não a toda hora! Espero o momento que a cafeteria esteja mais calma e a solto. Vou com ela até o cercadinho e a coloco lá.
— Até daqui a pouco, Milk.
Vou saindo, mas percebo algo errado com a minha cadela. Ela simplesmente se deita no cantinho do cercado.
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Se aconchega numa almofada e fica quieta. E a minha Milk não é assim. Desde que convivemos no primeiro dia, a minha cachorrinha demonstrou alegria. Sempre sacudindo o rabinho me olhando ansiosa.
— Milk?
Ela continua deitada na almofada. Passo por cima da grade do cercado e me sento ao seu lado. Nem mesmo para o meu colo ela vem.
— Milk? O que foi , garota?
Falo com a minha bolinha, mas ela continua com a cabeça recostada nas patas. E a sua inércia deixa claro que alguma coisa está errada.
— Vem aqui, minha bebezinha linda.
A pego no colo e ela se aconchega no meu corpo, mas não sinto a sua animação.