Chapter Ninety Five

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The Macchiato's Lady.

☕️

POV ANDREA
MILÃO

— É tão interessante em como a vida tem suas reviravoltas. Após a minha volta para Milão, passei os primeiros anos reestruturando a minha vida, voltando para uma casa vazia. E no início eu não tinha mais ideia do que era ter uma família. Foram anos difíceis. É difícil superar traumas quando não se tem alguém com quem conversar em casa. Talvez muitos aqui tenha a noção exata do que isso significa.

Algumas das pessoas sentadas diante de mim concordam.

— E com um tempo eu mudei a minha ideia sobre estar sozinha. Estar aqui, nesse mesmo lugar, por muitas e muitas reuniões, me fez enxergar que ter uma família não significa que precisamos ter alguma ligação sanguínea para ter afinidade ou reciprocidade. Podemos encontrar um lar familiar num abraço de um desconhecido. Essas reuniões de apoio, com sua parte "anônima", me fizeram me sentir acolhida como se fossem conhecidos de longas datas, num dos momentos mais sombrios da minha vida. Muitos aqui já conhecem a minha história, outros são recém-chegados...A verdade é que eu cheguei em Milão sentindo como se estivesse no fundo do poço emocional. Imediatamente busquei ajuda, pois sabia que sozinha eu não suportaria. E encontrei aqui esse suporte. A minha madrinha, que já não está aqui infelizmente, conseguiu me ajudar como se eu fosse parte da família dela. As pessoas que estão aqui...Aquelas que nos recebem e que estão prontos e aptos para apadrinhar, são as melhores pessoas do mundo. Porque elas já passaram também momentos muito difíceis. Elas sabem do que se trata essas dores e vícios, ou como tudo isso pode doer. Mas eles passaram a dedicar a vida a ajudar aqueles que ainda precisam. E eu precisei. Realmente precisei. Hoje tenho pessoas extraordinárias me rodeando, me dando carinho e me amando. Me dando o suporte familiar amoroso que eu tanto busquei. Mas não foi fácil chegar até aqui. Eu precisei me dedicar a esse ciclo.

Aponto para os membros mais antigos.

— E foi nesse forte ciclo dos narcóticos anônimos, que eu me reencontrei. Foi onde eu voltei a me respeitar e respeitar a minha vida. Não só a minha vida, mas a vida das pessoas ao meu redor. Só aqui, ouvindo testemunhos ou dando o meu próprio testemunho, eu consegui entender que a minha vida realmente é valiosa e que vale a pena lutar a cada dia para melhorar mais e mais. A batalha é diária. Não é uma resolução única. Há uma guerra para vencer todos os dias.
Suspiro fundo ao lembrar o que Victoria fez comigo.

— Obrigada por me ouvirem.

Declaro e as pessoas presentes me aplaudem e eu sigo para a minha cadeira. Frequentar a essas reuniões, me trouxeram de volta a vida. E eu jamais deixarei de ser grata.

TML

Após o fim da reunião corri para o aeroporto. Ando de um lado para o outro impaciente.

— Você quer parar com isso?

Eileen chama minha atenção impaciente, embora ela mesma esteja andando de um lado para o outro. Ela, as gêmeas e eu estamos numa sala reservada aguardando o jatinho do amigo da Miranda pousar. Viemos para fazer surpresa. Estou louca de saudades da minha noiva. Tão pouco tempo separadas e eu me sinto ansiosa para revê-la. As gêmeas, ambas grudadas na janela de vidro, onde dá para ver alguns aviões pousando, parecem tão ansiosas quanto eu.

— A aeronave pousou.

Eileen afirma e aponta para o telão onde estão dispostos os voos que estão partindo e os que estão chegando. Seguimos por um corredor estreito até outra sala reservada que é interligada a uma passarela coberta onde passam os passageiros.
Céus, como é bom ter muito dinheiro.
A porta se abre e algumas pessoas vem desembarcando e percebo que alguns rostos são os conhecidos da revista. Vejo o homem careca que está sempre com a Miranda, surgir e um homem enorme fechar a porta por onde os passageiros estavam passando, deixando claro que não há mais ninguém para passar por ali. O careca olha para Eileen e se aproxima.

The Macchiato's LadyOnde histórias criam vida. Descubra agora