Chapter Two

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The Macchiato's Lady

☕️

POV ANDREA

Muffins, cupcakes, cookies, donuts, croissant...Todos com recheios diversificado e sabores variados. Tudo voltou intacto. Miranda não comeu absolutamente nada da minha cafeteria até hoje. Qual é o problema com essa mulher? Não acho que seja nojo. Ou ela não aceitaria a bebida, não é? Ou é daquelas mulheres obcecadas pelo padrão de beleza? Pelo que pude observar do corpo firme e panturrilhas tonificadas, obviamente ela tem algum tipo de rotina de exercício. Olho pela janela e vejo a chuva contínua. Acredito que alguns minutos ela entrará. Já estou bem-posicionada por trás do balcão do lugar onde a vejo completamente. Adoro quando ela entorta os lábios e risca o papel com força. Ou quando suspira com raiva, descruza as pernas e cruza outra vez. Olho para o relógio e são 7:14. Meio minuto passa e ela entra. Não há um só vestígio de gotas de chuva nela. Está absolutamente impecável como sempre. Como isso é possível? Ok. Está voltando a minha teoria de que ela não faz parte do mundo dos mortais. A vejo se sentar, tirar o casaco felpudo e o depositar nas costas da cadeira junto com a bolsa. Ella chega até ela e o ritual se repete. Minha atendente chega perto de mim.

— "Alguma coisa?"— Questiono a minha amiga.

— Alguma coisa.

Ella responde e me entrega o pedido. Faço o macchiato caprichado. A cada dia eu tento acrescentar algum acompanhamento diferente. Dessa vez acrescento alguns cookies artesanais feitos por mim. Que eu fiz pensando nela. Preparo com muito zelo e eu mesma levo para a bela dama do macchiato. É assim que estou chamando a Miranda. A dama do Macchiato. Macchiato bebida e Macchiato cafeteria. Desde que essa bela dama pisou os pés aqui, ela jamais precisou vir até o balcão. Ela tem exclusividade de atendimento total. Equilibro tudo na bandeja e vou até ela.

— Bom dia.

Ela sequer responde ou deixa de dar atenção a sua tarefa. Eu sorrio com sua concentração total no livro. Olho rapidamente o conteúdo das páginas e vejo algo sobre diagramação e linhas. Tem muitos riscos em cima de diversas coisas nas páginas. Vejo ela passar uma caneta vermelha mais uma vez em uma modelo. Fico observando os cabelos dela por alguns instantes. Ele se move suavemente em seu pescoço enquanto ela risca outra modelo. De repente ela para o risco e olha para mim. Percebo que sequer havia colocado o pedido dela na mesa. Os olhos dela são de um azul hipnotizante.

— Algum problema, senhorita?

Ela questiona com a voz áspera. Que voz mais linda. Ela ergue a sobrancelha e eu quase sorrio com sua expressão.

— Nenhum problema.

Afirmo, coloco o pedido dela em cima da sua mesa e saio rapidamente. Volto para o meu porto seguro de observação. Observo o ritual se repetir. Ela beberica o macchiato e ignora os cookies. Mas qual é inferno do problema dessa mulher? Fico observando ela concentrada até ela começar a se ajeitar para sair. Olho para o relógio e já são 7:49. Desde que pisou aqui a primeira vez, ela passa trinta minutos aqui. Nem um minuto a mais. Vou apressada até ela e a vejo soltando alguns dólares na mesa, pagando o consumo que ela não consumiu. Preciso saber o que está errado. Isso está me tirando a paciência.

— Houve algum problema?

Eu a questiono e ela me olha como se tentasse compreender a minha indagação.

— Os produtos que lhe foram servidos não estão de acordo com o que gostaria?

Pergunto e a vejo vestindo o casaco me ignorando completamente. Ela simplesmente pega o livro e sai sem sequer me dar uma resposta educada.

— Qual é o problema com ela?— Pergunto baixo apenas para mim.

Vou até a janela e vejo um homem muito forte com um enorme guarda-chuva, protegendo-a da chuva forte. Lá se vai a minha teoria. Recolho a bandeja e sigo para a minha cozinha.


☕️ TML ☕️


O dia passa rápido. E como a chuva continua forte, decido manter a cafeteira aberta até mais tarde. A chuva está irritantemente torrencial e muitos clientes estão esperando tudo se acalmar para poder irem embora. Sigo para a cozinha e confirmo com o meu cheff que teremos mais dois pedidos e ele começa a prepará-los. Quando volto da cozinha para o balcão, me surpreendo quando vejo a mulher de cabelos brancos na mesa que ela sempre ocupa, conversando com uma mulher que provavelmente veio com ela. Duas vezes no mesmo dia?  Que surpresa. Principalmente depois de eu ter perguntado se havia algo errado com o pedido dela. Antes que eu pudesse me dirigir até a mesa, Ella me impede segurando o meu braço.

— Temos um pequeno problema.— Minha atendente e amiga diz.

— O que foi?— Questiono.

— A Milk não está lá atrás.— Ella diz.

— Como assim? Como ela...

Vejo o vulto da minha fofura passar por entre os meus clientes. De repente vejo a Milk ir exatamente para onde eu mais temia. Nos pés da dama do Macchiato.

— Oh, mas que merda.— Exclamo. Não acredito que a Milk foi logo para os pés dela.

— O que vamos fazer?— Ella me pergunta.

— Vai anotar o pedido dela. Tente distrair as duas o máximo que conseguir e eu tento resgatar a Milk antes que aconteça um problema.

Ella pega o bloquinho e se aproxima da mesa para anotar os pedidos. Vou me esgueirando pelas mesas vizinhas disfarçando enquanto Ella oferece a elas o cardápio da noite. Discretamente me abaixo e engatinho até debaixo da mesa. Sabe aqueles momentos em que as coisas estão ruins, mas elas podem piorar? Pois é! Quando tento pegar a Milk, ela se esquiva e bate na perna da mulher que tanto tenho admirado nas últimas semanas fazendo ela soltar um grito assustada. Não leva mais que alguns segundos para ela se afastar da mesa e me vê pateticamente de quatro debaixo da mesa. Ela apresenta o seu rosto horrorizado.

— O que você pensa que está fazendo?

Ela esbraveja muito alto. É claro que sim. Uma louca está debaixo da mesa muito perto das pernas dela. Agradeço aos céus que ela esteja usando calça ou a situação pioraria e muito.

— Você perdeu a sua capacidade mental, senhorita? O que inferno você pensa que está fazendo?

Ela grita mais uma vez e eu saio rapidamente debaixo da mesa. Todos ao redor estão olhando. Claro que estão. A voz dela saiu em um tom bem audível. Ela se levanta.

— Calma, Miranda.

Eu peço erguendo as minhas mãos em clara defesa e ela ergue a sobrancelha quase como se perguntasse que intimidade é essa que eu tenho de estar chamando o nome dela como se eu a conhecesse.

— Não é o que você está pensando. Eu estava tentando alcançar a Milk. A minha cadela...Eu...

Tento me justificar. Ela me olha com os olhos semicerrados e cruza os braços como se não acreditasse em minhas palavras. Todos ao redor prestam atenção na situação.

— Me perdoe. Eu...

— Aqui, Andrea.

Ella me chama e quando me viro, vejo a minha cadela resgatada nos braços da minha amiga. Quando me viro de volta para me desculpar com Miranda de forma  mais veemente, a vejo seguindo para a saída e a mulher que a estava acompanhando me olhando quase com solidariedade. Ela pega o casaco da dama do macchiato e sai apressada para alcançá-la. Ella chega perto com a minha cadela e me entrega a fujona.

— Obrigada, Ella.

Minha amiga acena com a cabeça e sai de perto.

— Que bela peça você me pregou, Milk! Precisava ser logo com ela?

Pergunto e minha fofura lambe meu rosto. Olho para o assento onde a mulher que acompanhava Miranda estava, e vejo um livro. Parece ser o mesmo que a dama do macchiato está sempre riscando. O pego e abro as primeiras páginas. Logo vejo o nome dela no topo da contracapa.

— Miranda Priestly.

Sorrio com a minha nova descoberta.

The Macchiato's LadyOnde histórias criam vida. Descubra agora