Capítulo 19

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Eva

Estou indo para a Barra, marcamos de nos encontrar na rodoviária.

O programado é passar a noite juntos, e amanhã eu voltar de manhã cedo, já que ele só vai ter uma folga curta.

E também pq eu evito de ficar muito tempo com ele.

Como se adiantasse alguma coisa...

Estou sentada no final do ônibus lendo meu livro, quando escuto um grito. Olho pra frente e vejo dois homens com boné, mochila e com armas na mão, anunciando assalto.

Eu tenho um baque mais logo me recupero,  pego o meu celular e escondo debaixo da minha perna. Nunca fui assaltada, mais sei que a maioria do assaltos em ônibus, são rápidos. Torço para que ele não veja meu celular escondido.

Um deles fica parado no começo do ônibus com uma arma apontada para a moça, que está sentada na primeira fila e o outro vem pegando os bens de todos.

Quando chega perto de mim, eu dou logo minha mochila não esperando ele me pedir.

Ele pega, o outro pede para o motorista parar, saindo os dois  do ônibus em seguida. Quando eles saem, as pessoas começam a chorar desesperadas.

Eu respiro fundo e começo a sentir a tremedeira habitual, depois de uma descarga de adrenalina. O rapaz  que está sentado na minha frente, pergunta:

-Vc está bem?
-Sim, só assustada!
-Conseguiu esconder alguma coisa? (Ele me pergunta)
Respondo depois de alguns segundos, estou meio atordoada.
-Escondi o celular e o dinheiro estava no meu bolso. Só levaram a mochila com minhas roupas e documentos.
O motorista para num posto policial, na estrada e diz.
-Temos que fazer uma ocorrência aqui, antes de irmos para a rodoviária.
Ele sai do ônibus e nos mantemos dentro dele.
-E vc, conseguiu salvar algo?
- Só o dinheiro que estava no bolso. O celular não deu por causa do fone, e nem a minha carteira.
-Sinto muito.
-Pelo menos dinheiro pra ir embora eu vou ter. (Diz ele conformado)

Isso é Rio de Janeiro. As pessoas estão tão acostumadas a serem assaltadas, que nem se importam mais quando são.

Fizemos o boletim de ocorrência relatando o que foi levado, e quando estava quase terminando para seguir caminho, meu telefone toca.

Era Murilo, merda esqueci dele.

-Alô
-Eva aonde vc está? Aconteceu alguma coisa?
-Desculpe, eu esqueci de te ligar. O ônibus que eu estava foi assaltado. Estamos num posto da PM na estrada.

Ele fica em silêncio, parece até que a ligação caiu.

-Alô, Murilo...
-Vc está bem? (Ele me pergunta com a voz estranha)
-Sim, levaram minha mochila. Consegui esconder o celular.
-Me espera aí que estou indo te buscar. Me diz o número do posto.
-Não precisa, o ônibus vai sair daqui agora.
-Não Eva, não quero mais vc dentro desse ônibus. Me espera aí...
-Ok
Digo para ele aonde é o posto e ele diz:
-Daqui a quinze minutos estou aí...

*******************

Dez minutos depois vejo o carro dele parar na frente do posto. Ele solta, vem em minha direção e me abraça.

-Vc está bem?
-Estou, só tomei um belo susto...
-Eva, vc não vem mais de ônibus. Eu vou te buscar agora, não vou deixar vc passar por isso de novo...
-Calma Murilo, foi um assalto relâmpago. Eles nem perceberam que eu estava escondendo o celular, só levaram minhas roupas e documentos. O dinheiro estava na minha calça.

Ele respira fundo e eu o abraço novamente, seu coração está descompassado, até parece que não vive no Rio de Janeiro e não está acostumado com isso.

Sempre te amareiOnde histórias criam vida. Descubra agora