Capítulo 42

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Uma semana depois.
Eva

Estou cochilando na cama do consultório quando escuto alguém abrir a porta.

-Doutora Eva
-Oi (digo para Camila)
-Chegou uma emergência.

Olho no relógio e são sete da manhã. Essa madrugada a clínica de Ipanema está movimentada. Já atendi uma picada de cobra e um envenenamento por chumbinho. O primeiro eu consegui salvar, agora o último, não.

-O que é Camila?
-Convulção desde ontem, mais aí o dono tentou medicar em casa e não adiantou.
-Merda! Tô indo.

Me levanto passando a mãos no cabelos e ajeitando o rabo de cavalo, calçando a sapatilha e pegando o jaleco e o estetoscopio. E ainda são sete da manhã.

*********
-Pode chamar a D. Marlene, Camila.
-Vai deixar ela no soro?
-Sim, até o meio do dia pelo menos, pra ver se ele não vai ter outro episódio.

Me sento na cadeira de frente para a mesa pra fazer a anamnese enquanto espero o dono da pequena Ellie. Uma poodle que tem ataque epilético.

-Ohhh, graças a Deus!
Eu sorrio para ela.
-Consegui controlar. O que houve? Ficou muito tempo sem tomar o remédio?
-Ficou Doutora, por causa da pandemia tenho evitado de sair de casa. E esse remédio é receita controlada né. Meu filho ficou de ir no veterinário dela buscar a receita e não foi. Então tem três dias que ela não toma o remédio.
-Então vamos ficar assim, Dona Marlene, toda vez que vc ficar sem receita pode ligar para cá ou para meu celular , que peço para o motoboy levar a receita para a Senhora, ok? Por causa da pandemia estamos fazendo assim com nossos clientes que tomam remédios controlados. E a senhora nem vai precisar sair de casa.
-Ahhh minha filha, obrigada! Ela vai poder voltar pra casa agora?
-Não. Vai ficar comigo até o horário do almoço. Aí a Senhora pede para seu filho vir buscar ela.
-Tá bom, obrigada mais uma vez.
-De nada Dona Marlene, pode ficar tranquila, que ela está em boas mãos.

Ela sai da emergência e eu suspiro.
Plantão de 48 horas. As primeiras 24horas estão indo embora, agora só faltam 24h. Um de nossos veterinários, foi diagnosticado com covid, então estamos com desfalque, por isso que sobrou dois dias seguidos nessa benção que é a clínica de Ipanema. Ô Glória!
Meu telefone toca e vejo que é o Dan.

-Bom dia marido!
-Bom dia esposa! Como estão as coisas?
-Bem agitadas, tivemos três emergências. Nem consegui dormi direito.
-Estou indo para a Barra, se não consegui falar pelo telefone, ligue para a clínica.
-Como estão as crianças?
-Bem, Luquinhas dormindo ainda e a Hope já está vendo seu desenho matinal.
-Mais tarde ligo para falar com Lola.
-Falo com ela. Beijo amor, bom trabalho!
-Pra vc tbm.

Me dirijo para meu consultório. Vou tomar um café antes que eu fique presa mais uma vez em uma emergência.

-Camila, pode por a Ellie no cercadinho? Vou tomar um café.
-Claro!

**********************

-Estou sentada na minha mesa terminando de ler e assinar alguns papéis, quando escuto alguém bater na porta do meu consultório.
-Entra.

Deve ser a Camila, parece que a recepcionista não veio e estamos sem ninguém lá.

-Oi...

Meu coração para e depois volta a bater de forma vertiginosa. Eu ofego e ponho a mão no coração olhando para ele.

Parece que se materializou na minha frente. Está com o cabelo molhado, calça jeans e camisa pólo branca, com o Don numa coleira.

-Desculpe, eu não quis te assustar. Não tinha ninguém na recepção e nem na emergência. Então o segurança me disse pra vir aos consultórios.
-OK!

Sempre te amareiOnde histórias criam vida. Descubra agora