Capítulo 24

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Eva

-Bom dia Katy!
-Bom dia Eva, preparada? Tua agenda está lotada hoje...
-Depois da semana no "inferno das dondocas", eu imaginava.

Ela solta uma gargalhada.

Me encaminho para meu consultório e ela diz:

-Vou pegar seu café.
-Obrigada Katy.

Sorrio para ela.

Quando chego no consultório, ponho meu jaleco e começo arrumar minha mesa para mais um dia. Meu computador já está ligado, provavelmente foi a Katy que já deixou tudo no esquema.

O meu consultório é a minha cara, com móveis brancos e modulados ao ambiente. Espaçoso e muito limpo! Tenho uma prateleira cheio de livros sobre Medicina Veterinaria e alguns romances. Porque as vezes o movimento e fraco, e eu gosto de ocupar minha mente.

Em falar em ocupar minha mente pra não pensar em besteira, lembrei da peste.

Ele não me mandou mais mensagem e nem me ligou. Acho que está dando um espaço para que eu pense, na proposta de amizade, não vai adiantar nada, pq eu não pretendo fazer isso. Ser amiga dele, só me faria sofrer mais do que já sofro normalmente.

Vc deve está pensando... Que drama!

Uma menina tão resolvida consigo mesma, pq continua amando um cara que nunca lhe deu o valor que ela merecia?

Eu tbm me faço essa pergunta todos os dias, e a única explicação que tenho para isso é que, nem tudo eu posso resolver. E o que sinto por ele, faz parte desta categoria.

Batem na porta e Katy entra com o meu café.

-O primeiro paciente chegou, é um encaminhamento de outra filial.

Ela me entrega a ficha e eu gelo...

-Merda!
-Que foi?
-Nada Katy, só fiquei surpresa... Esse paciente mora em Copacabana, pq não ficou com a Flávia?
-Ele não quis, segundo a Flávia ele gostou do seu atendimento.
Respirei fundo e pedi:
-Me dê dez minutos Katy, preciso tomar meu café sossegada.
-Ok!

Ela sai e eu respiro fundo. FDP! Eu achei que ele não fosse trazer, já que não teria como justificar isso para esposa. Mais o infeliz tapeou todo mundo, inclusive a mim, pensei que fosse entrar em contato comigo, mais não, marcou pela clínica, sem eu saber.

Foco Eva. Não tem como acontecer nada... É uma consulta, Katy ficará o tempo todo.

Tomo o restante do meu café tentando me acalmar, e Katy bate na porta perguntando se posso começar...

-Sim.

Digo sorrindo para, ela abre a porta e ele entra com o Dom na guia. Quando ele me ver, começa a abanar o rabo. Eu me abaixo e falo com ele.

-Oi garotão, tudo bem com vc?
Ele lambe minha testa.
-Bom dia!
-Bom dia! Dom sentiu saudade, então vim te procurar...

O Dom né? Porra de homem gostoso!

- É menso Dom?

Ele se balança todo, quando escuta seu nome.
-Ponha ele na mesa, por favor...

Ele pega o Dom no colo e a Katy vai para frente da maca, segurar a cabeça dele.

Eu olho os calos, e estão bem melhores do que a última vez.

-Melhoraram bastante.
-Ele tomou o remédio certinho.
-Ja pode começar a aplicar o hidratante. Ele vai usar sempre esse hidratante, é ótimo para não deixar ressecar a pele. E as recomendações, foram seguidas?
-Comecei com a comida natural tem dois dias. Estou dando junto com a ração por enquanto, para ele não sentir a mudança. Ele teve um desarranjo, e às vezes, vomita uma água amarela, mais a nutricionista falou que era normal por causa da adaptação.
-Verdade, está dentro do padrão. A água amarela é pq ele deve está sentindo fome, pq a alimentação natural é mais leve que a ração, daqui a pouco o organismo acostuma. E os passeios?
-Ainda não comecei, mais já falei com a dog Walker indicada, deve começar daqui uma semana.
-Ok!
- Pego o resultado do exame e vejo que a alergia foi causada mesmo pela umidade. Como tem um pouco de fungo ele continuará com o sabonete.
-Melhorou a alergia?
-Sim, em vez de sabonete vc não teria um spray ou loção? Pq o sabonete eu tenho que lavar depois, e é um pouco trabalhoso, já que moro em apartamento.

Ele pede para Dom deitar e me amostra a alergia.

- Tem a loção, vou trocar então. Dom está indo bem. Continue com o tratamento do jeito que combinamos. Katy, por favor marque uma nova consulta só o mês que vem. Quero espaçar um pouco pra ver se vai haver uma melhora significativa nas lesões.
-Ok!
Vou para a minha mesa e me sento. Ele tira o Dom de cima da mesa, e vira para a Katy e fala:
-Vc poderia dar um pouco de água pra ele, eu esqueci a garrafinha dele em casa.
-Claro.

Ela pega o cachorro e sai da sala.

Quando fecha a porta atrás dela, eu olho para ele.

-Fez isso de propósito né.
-Sim
-E o que pretende com isso?
-Nada. Só quero saber minha resposta.
-Não dá pra sermos amigos.
Ele se aproxima de mim, escora as duas mãos na mesa e diz:
-Porque?
-Porque não dá...
-Isso não é resposta.
-É a única resposta que eu posso lhe dá.

Ele me olha por um tempo. Eu termino a receita, estico a mão com o papel nela.
Ele pega a receita, me fita de novo e diz:

-Vc está com medo.
-Medo de que?
-De não resistir a mim.
Eu solto uma gargalhada e digo:
-Modesto vc...
-Na verdade vc nunca me esqueceu...
-ISSO NÃO É VERDADE.
- Se não e verdade, qual é o problema de sermos amigos?

É Eva? Qual é o problema?

-Vc já impôs uma aproximação. Qual foi a parte de "Eu não quero atender o Dom" vc não entendeu?
-Vc não pode me negar como paciente. Está no estatuto do consumidor. E eu gostei de vc como veterinária.

Ordinário!

-Bom, daqui um mês eu volto para a revisão e qualquer coisa, te aviso pelo telefone.

Ele vem em direção a mim, beija a minha testa e sai.

-AI QUE RAIVA!

Falo alto. Katy entra naquele momento e diz:

-Algum problema?
-Nenhum Katy, esses pacientes da zona sul me tiram do sério.
Ela olha pra mim ,sorri e diz:
-Ele é um tipão, eu abriria as minhas pernas pra ele...
-Eu tbm (falo baixinho)
Ela franze a testa não entendendo o que eu disse...
-Pode mandar entrar o próximo.
-Tá bom!

Droga de vida!

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Sempre te amareiOnde histórias criam vida. Descubra agora