Capítulo 38

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Eva

Ele está ali, do outro lado,  num primeiro momento senti surpresa da parte dele. Agora sinto que ele não gostou muito de me ver. Não correspondeu meu aceno, e continua me olhando.

O que ele esperava? Eu sou dona da clínica e ele sabia que eu vinha pra cá, até mesmo naquela época. Que não trouxesse o Dom aqui, se não queria me ver.

-Se recomponha Eva...

Dan murmura para mim.

É verdade, estou a um tempão olhando pra ele sem fazer nada... Apenas olhando... E ele da mesma forma.

Merda!

Vou até o armário e pego o material para começar a transfusão. Enquanto Dan segura Juju toda serelepe na maca.
Eu ou ele, vamos ter que ficar com ela o tempo todo. Ela não sossega e com certeza, vai tentar tirar a agulha na hora da transfusão.

Escuto a porta se abrir e ele entrar.

Logo sinto seu cheiro que invade minha narinas me entorpecendo, como una droga.

-Bom dia Eva...

Essa voz, Senhor, pq tudo tem que ser tão difícil?!?! Até respirar é difícil.

Ele continua mais lindo que nunca. Aqueles cabelos brancos nas laterais, só te deram uma charme maior do que já tinha. Está um pouco mais gordinho, mais continua elegante e charmoso. Aquelas camisas polos que caem tão bem naqueles ombros largos. E mesmo não dando para ver seu rosto por causa da máscara, tenho certeza que está do mesmo jeito.

- Bom dia.
-Ela é sua?
Danilo responde por mim.
-Nossa.
Ele confirma com a cabeça sem fazer mais nenhuma observação, enquanto vou para onde Danilo está segurando Juju.
-Vc segura Dan?
-Sim, ela obedece mais vc do que eu.
Começo a raspar a pelagem do braço para fazer o procedimento. Sinto o olhar dele atrás de mim, como se tivesse me queimando na nuca.
-Como está a Mona Eva?
Eu suspiro, olho para ele e digo.
-Mona morreu ano passado com complicações por causa da displasia.
-Nossa, sinto muito!
-Tudo bem, sabíamos que ela não ia viver muito. Foi maravilhoso o tempo que passamos juntas.
-E o Gaspar.
-Está lá, continua o mesmo gato ranzinza e antisocial da face da terra, mais está bem.
-Só com Hope que não.

Diz Dan sorridente, de repente ele se dá conta do que diz e me olha, como se pedisse perdão por ter falado aquilo.

-Quem é Hope?

Eu olho para o Dan novamente e suspiro antes de responder.

-Minha filha.

Estou de costas para ele, então eu não sei como ele reagiu a isso. Danilo olha pra mim e pra ele, mais não me diz nada para sinalizar a reação dele. Continuo fazendo o procedimento.

Cai um silêncio constrangedor entre nós, e ninguém faz nada para mudar isso.

Tudo isso porque, ele não sabe que Hope é filha dele.

Estou de saco cheio desse destino, querer resolver minhas situações sem me consultar se estou preparada para isso. Afinal, eu não tenho o livre arbítrio, não deveria ser eu a tomar a decisão se gostaria de rever ele? Senhor, que fique registrada a minha queixa...

Depois que espeto a agulha na Juju e vejo se está saindo o sangue, falo:

-Prontinho, agora é só esperar. Dan eu fico com ela, enquanto vc vai terminar seu plantão. Pode liberar o Sérgio também, daqui a pouco o Bruno está aí.
-Ok. Murilo, quem vai fazer a transfusão do Dom é a Eva. É ela que vai ficar com ele nas próximas 24 h.
-Ok, obrigada por tudo Danilo.

Sempre te amareiOnde histórias criam vida. Descubra agora