Minhas Eternas Lembranças sem Imagens.

Selvagem.

An foi tão rápida em sua casa que duvidou ter dito algo aos pais. Mas ela dizia que avisou sim. Depois foi sua vez. Pediu a ajuda de An para explicar a situação aos pais. Estavam na cozinha quando terminaram de explicar. Ouviu sua mãe suspirar.

- Eu e seu pai já tínhamos conversado sobre isso. Depois que me falou sobre a conversa com o diretor imaginei que pudesse ser isso... mas me neguei a acreditar que alguém faria mal a ele... o Tyler é tão carismático e alegre que não acreditei que pudesse ter passado por algo assim...

- Nenhuma de nós pensamos senhora Abgail. Ele sempre se mostrou forte e inabalável. Mesmo pra mim que vi o quão frágil ele ficou na época... ele se recusava a falar e eu não consegui deduzir sozinha. Eu... fui uma péssima companheira...

- Pare Amanda. - Ouviu seu pai desta vez - Homens tentam parecer muito mais fortes e inabaláveis perto de quem amam. Ele iria morrer sem dizer nada a vocês se esse tal Mike não tivesse saído do reformatório. Eu... também não podia imaginar que ele pudesse ter passado por isso sendo daquela maneira que é... ele se mostrou ainda mais forte do que eu imaginava. Sinto muito que seu namorado tenha passado por isso filha.

Sentiu seu pai segurar sua mão gentilmente.

- Obrigada papai... mas... eu posso ir dormir com ele? A An tá indo. Quero ir também. Quero cuidar dele...

- Não gosto da ideia de você dormir fora... mas se é na casa do diretor fico mais tranquilo. Quero endereço e número de telefone pra contato. E avise o Tyler que ele pode dormir aqui também. Se quiser e se sentir a vontade...

- Anthony Mansfield dizendo que um garoto pode dormir na casa de sua filha? Ainda mais sabendo que eles namoram? Tá com febre meu amor?

Podia ouvir o tom brincalhão na mãe.

- Sou um militar Abgail. Não um ditador. E aqui eu sei onde estão. É muito melhor que deixar ele solto com Teresa pra lá e pra cá. Ainda tô me preparando para o baile da escola...

Ouviu ele suspirar e não conseguiu conter o riso.

- Eu vou avisar ele papai. An, passa o endereço e número do diretor que vou pegar minhas coisas ok?

- Tá bom.

- Eu vou com você Teresa.

Subiram juntas e ela ajudou a fazer uma pequena mochila.

- Filha... sabe que agora, mais do que nunca ele precisa de você não é?

Teresa parou o que fazia.

- Tenho medo... medo de não ser o suficiente...

- Meu amor... você...

- Sou cega mamãe... não consigo sequer ver o perigo chegando. Se algo acontecesse eu seria mais um problema que ajuda... Eu quero ajudar ele. Mas me sinto completamente impotente... Eu não posso ajudar quem eu tanto amo...

Dessa vez não chorava. Sentia muita raiva e frustração. Se sentia uma completa inútil perante um perigo real para quem amava. E isso a corroía por dentro. Queria proteger ele assim como ele a protegeu. Porém, por mais que tentasse, não via como poderia ser mais útil do que um simples escudo humano que o deixaria apavorado por estar em perigo. Sentiu a mãe segurar seu rosto suavemente a fazendo encara-la.

- Pare de dizer isso. Tudo que ele precisa agora é que fique ao lado dele. Tem pessoas lutando para ver o bem dele... então não se cobre mais do que deve meu amor. Tenha fé...

- Em que? No seu Deus?

Ela suspirou antes de continuar.

- Sim... no mesmo Deus que o Tyler também segue e tem fé... eu sei que está frustrada. Mas raiva não ajuda em nada. Quer ajudá-lo? Ajudá-lo de verdade? O envolva com todo seu amor. Pois agora é o que ele mais precisa. Do seu amor. De isso a ele, e já estará ajudando muito mais do que pode imaginar. Pois pelo que descreveram, ele está frágil e com medo. Ele precisa saber que está em meio a pessoas que o amam e o querem bem. E isso, eu sei que você pode fazer...