Minhas Eternas Lembranças sem Imagens.

Especial: Amanda.

Alguns dias antes da grande surpresa que foi ganhar a casa do próprio pai, An estava ansiosa no parque pensando sobre os acontecimentos até aquele momento.

As coisas se mostravam melhores. Na ausência de Tyler sentia como se quase metade de si tivesse sido arrancada de forma brutal e dolorosa. Teresa, sua sogra e pai estavam fazendo o que podiam para manter ela bem e psicologicamente saudável. Mas tudo lembrava o namorado. Músicas, fotos, lugares, cheiros e pessoas. Sentia falta do toque, da voz, das brincadeiras, do calor quando se amavam, das mordidas ou dos beijos em "áreas menos expostas".

Teresa era fantástica e lhe dava muito mais força do que imaginava que fosse possível. Mas a namorada assim como ela, estava fragmentada, ainda mais que ela. Tentava se manter forte já que agora tinha de cuidar não apenas de Teresa, mas de Alex, que acabara de nascer e precisava dela. Sua filha era uma das poucas coisas que fazia a ausência de Tyler doer menos. Não conseguia olhar a filha e não sorrir. Mas logo vinha a vontade de chorar por saudades do pai da criança. Ela tentava ser forte. Mas como ser forte sem aquilo que a levantou quando mais precisa e precisou? 

Como havia desabafado com Teresa em sua primeira e única visita a casa de seus pais, ela não havia conhecido o amor, o respeito, a aceitação ou interesse romântico de outras pessoas antes de Tyler. Houveram falsas tentativas. Mas isso apenas a machucou mais. Ela esperou o príncipe em armadura reluzente que assistia nos desenhos e via nas series. Mas depois de tantas tentativas e descaso ela desistiu. Pensava que não merecia ou que isso era apenas invenção do cinema. Talvez fosse culpa dela que não sabia o que fazer para ser aceita e se rebaixava para ser aceita. Palavras de Tyler.

Por isso ela o amava. Além de ser bonito e carinhoso, ele chegou e viu com os próprios olhos tudo aquilo que sempre criticaram e diziam ser estranho ou imperfeito, e mesmo assim disse que ela era bonita, atraente, e perfeita aos olhos dele. Sempre que jogava um problema que julgava culpada nele, ele vinha não com uma solução, mas como poderia ter sido evitado, sempre com palavras ternas e sem usar qualquer palavra pejorativa. Jamais dizia que ela era inocente. Mas deixava claro que poderia ter tido ajuda externa para evitar, e que as vezes era provocada a errar. Ele tentava deixava claro que não era culpa exclusivamente dela, mas que de toda a situação. Mas de longe o que mais gostava nele era o fato de a aceitar daquela maneira. Ele nunca havia pedido para mudar nada. No máximo dizia que não era fã, mas não a impedia. Em raras ocasiões pedia para maneirar em um detalhe ou outro. Mas ele, da maneira complicada dele, sempre se esforçava para agradar ela. Por isso se sentia tranquila em alterar um coisa ou outra para os dois estarem sempre bem. Ainda se lembrava nitidamente da briga e do incidente com Mike, isso lhe causava calafrios e tristeza. Mas se lembrava também de como ele havia pedido para ela se manter ao seu lado, quando tinha certeza que ele iria odiar ela. E que mesmo após a relação esfriar, ele continuava sendo compreensível e companheiro. Sua luz havia apagado, mas ele ainda era o garoto que a aceitava após seus erros.

Um dos momentos mais confusos de sua vida foi quando conheceu Teresa. Ela havia conseguido encontrar, ou foi encontrada por, a garota mais linda, carinhosa e que a aceitava da mesma maneira que Tyler. Viu que a chama de Tyler havia voltado. E nesse momento ela se sentiu culpada. Conseguia esconder de Teresa, mas não de Tyler. Sempre fazia brincadeira sobre os dois para aliviar a inveja e dor que sentia por ver o amor de sua vida beijando sua atual paixão. Sentia inveja de Tyler por poder beijar a dona daquele sorriso maravilhoso. Assim como sentia inveja de dela por ter o carinho e toques do único homem que mantinha um crescente amor. Se sentia mal por desejar ambos e ter medo de machucar eles. Implorou para Tyler não contar a ela sobre sua sexualidade. Tinha medo de assustar ela e perder sua amizade. Mas quando ficou sabendo, não se afugentou, apenas entendeu e aceitou seu jeito. Lembrava de quando conheceu o inferno e o paraíso na mesma tarde. Não saiu do quarto nem ligou para Tyler como sempre fazia, e isso a fazia queimar de culpa. Não sabia o que fazer. A garota que já amava a essa altura e namorava seu amante e melhor amigo, possivelmente correspondia seus sentimentos. Sabia como Tyler ficaria arrasado quando soubesse. Passou o domingo todo pensando em como poderia explicar para ele. Não conseguia chegar a uma solução. Não poderia mentir que queria tomar o lugar de Tyler e ter Teresa para si. Queria fazer tudo o que Tyler havia feito uma vez com ela mesma. E como jamais cogitou um relacionamento a três não via opções. Sem dizer que aos seus olhos, Tyler era muito melhor que ela. Então Teresa provavelmente sentia pena dela. Quem em sã consciência trocaria o Tyler por ela? Mas na manhã do dia seguinte descobriu a resposta que a torturou o dia anterior todo. Lembrava da sensação que teve ao sentir a língua de Teresa em sua boca, de ela explorar seu corpo com muito mais intensidade do que pode controlar. Sentiu o peito apertar lembrando de Tyler chorando e se sentindo abandonado. Mas passou e sentiu calor ao lembrar do melhor acordo de sua vida.