Coletâneas do Cotidiano em Devil May Cry

Há um céu muito além dos muros

"No entanto, também estava ciente que, depois de provar um pouco da liberdade, o gosto era tentador demais pra esquecer."

[Arya e Sparda | Liberdade | Friendship | Song-fic | The Greatest Showman - The Other Side]

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Aqui, agora
Eu faço a oferta
Eu não quero te perseguir
Eu sei que você vê isso

Você foge comigo
E eu posso te libertar
Das confusão e paredes que você tem

Sparda apreciava a noite e a maneira como a lua resplandecia graciosamente em meio a escuridão, banhando o mundo com uma luz que não discriminava humanos e nem demônios — recaindo por igual entre todos. Em sua terra natal, o Inferno, o que deveria ser um azul intenso era uma aquarela de rubro e preto que criavam uma harmonia de tonalidades que absorveria até o mais modesto fulgor. Não existiam estrelas e o miasma, para os mais fracos da ordem hierárquica, se infundia em suas estruturas e lhes garantia uma dose de força na luta pela sobrevivência e lhes arrancava gradualmente a capacidade de raciocinar e movendo-os unicamente pelo instinto, os mais fortes pisando nos mais fracos.

Então troque essa roupa típica por algo colorido
E se é loucura, então viva um pouco de loucura
Você pode jogar com sensatez, um rei do convencional
Ou você pode arriscar tudo e ver

Retornou ao salão do baile, esperando que a animação que exalava por entre os convidados fornecesse alguma distração a sua companheira, contudo, ela não ousou sair do círculo que a tragava mais e mais.

Você não quer se afastar
Daquele mesmo papel de sempre?
Porque eu tenho o que você precisa
Então venha comigo e embarque no passeio
Eu te levarei para o outro lado

Se o tédio possuísse uma face materializada, se personificando com uma silhueta feminina, se assemelharia a Arya em sua atual posição — a vivacidade a abandonou completamente e, para ocupar seu lugar vago, deixou uma casca oca agradável ao olhos perniciosos dos espectadores. O vazio transmitido nas duas gemas esmeraldas e a compleição apática seriam uma das bases que sustentam sua farsa, o papel que se submeteu para compor uma narrativa de regência próspera e afortunada. Sem sair de seu trono incrustado de pedrarias, ela assistiu os atores trabalhando de acordo com a encenação em um espetáculo festivo do aniversário de seu reinado, nem mesmo o sorriso que esboçava para satisfazer o criterioso público transparecia verdade.

Porque você pode agir como você age
Ou você pode agir como eu
Ficar na gaiola ou você finalmente pegará a chave
Oh, caramba, de repente você está livre para voar
Ela te levará para o outro lado

Nada nela representava sua real essência — a beleza de sua luz que irradiava tão fortemente como o sol que, agora, desapareceu lentamente até virar uma labareda tímida que qualquer sopro poderoso dos ventos do norte extinguiria. Ninguém seria capaz de remendar a bonequinha despedaçada e amargamente solitária. Condenada a uma vida que não escolheu, sem perspectiva além de zelar pelo povo que a adorava como uma deidade. Reivindicar seu nome e ascender como uma líder estava escrito em seu destino como diziam os anciões que muito profetizaram sobre esse fenômeno, alegando que muito mais que um mero título também era seu dever.

Tudo bem, meu amigo, você quer me convencer
Bem, eu odeio lhe falar isso, mas simplesmente não vai acontecer
Então, obrigada, mas não
Eu acho que estou pronta para ir
Porque eu gosto muito da vida que você diz que estou preso