A Dama e o Demônio (NSFW)

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DANTE ESTAVA PARTICULARMENTE INSISTENTE e pegajoso naquele dia em particular. Para alguém cuja linguagem do amor certamente se representava através de afeto físico, ele parecia ainda mais determinado em monopolizá-la com seus flertes avulsos e brincadeiras sugestivas, nada relativamente explícito para censurar. Organizar e limpar a loja tinha se convertido em uma tarefa mais arrastada do que previu de início, sua rotina modesta que se reduzia a remover a poeira da mobília, varrer e passar pano no chão e preparar a comida simplesmente perdeu o rumo com as chamadas do caçador.

Conhecia o meio-demônio o bastante para deduzir, munindo-se de aspectos de sua personalidade, e tirar alguma conclusão de suas atitudes mais famintas por conexão. Jugou ser uma fase no qual seu lado mais frágil se revelava entre as brechas de sua máscara, impulsionando-o a recorrer de consolo ou... Havia algum motivo menos inocente. Diva avaliou as nuances e captou, estranhamente, um elevado grau de testosterona que ele exalava. Essa última teoria se respaldou no quanto ele se dedicava a distrai-la de seus afazeres por alguns minutos de entretenimento.

Em termos de poder, o Devil Hunter era bastante ardiloso arranjando desculpas para tocá-la, seja esbarrando deliberadamente em todas as ocasiões que compartilhavam o mesmo espaço — o que seria uma constante — ou contatos sutis em momentos triviais que mal poderia captar até o ocorrido. Não reclamava da necessidade dele de querer estar perto, de banhá-la de afeto, cortejá-la a todo instante e os beijos soltos que ele depositava em seu pescoço e bochechas, no entanto, a frequência no qual ele realizava tais ações se duplicavam a medida que suas atividades exigiam mais esforço de sua parte.

Gostava da atenção que ele lhe brindava, como se orbitassem um ao redor do outro. Entretanto, sua prioridade, nas atuais circunstâncias, era de centrar unicamente na manutenção da agência se comprometendo a cuidar das coisas enquanto Vergil se encontrava em alguma missão fora no qual Dante pouco se interessou em ir mesmo sendo convidado. Desconfiou se a intenção dele, em ficar a margem, fosse estarem sozinhos no escritório sem ninguém para atrapalhar seus avanços. Se realmente essa teoria tivesse algum sentido, o que ele tramava afinal?

Seria uma carência? Falta de passatempos? Ou uma simples ânsia de cercá-la com a fervorosa dose de afeição?

Diva prendeu a respiração com o abraço por trás que recebeu, tão íntimo que a desarmou por completo. Não deteve o riso pela sua fraca compostura em se manter séria e longe da aura sedutoramente irresistível do mestiço, se rendeu as mãos hábeis e experientes, fechando os olhos embalada pelo magnetismo que os unia.

— Que bicho te mordeu, Dante?

— Não posso querer estar com a mãe do meu filho? — plantou um beijo na orelha da mulher.

— Claro que pode, mas está interrompendo... — emitiu um suspiro languido. — Preciso limpar a loja. Prometi ao Vergil pôr tudo em ordem e não quero decepcioná-lo.

O mestiço franziu o cenho com a menção do irmão, visivelmente frustrado.

— Temos tempo.

— Você tem tempo, no caso. — replicou, reunindo coragem para se desvencilhar do filho de Sparda.

— Sua rejeição me magoa. — simulou uma dramática reação, sorrindo. — Não tem problema, posso esperar o tempo que for.

— O que te faz pensar que vou correr para os seus braços? — pegou o espanador e espanou o rosto de Dante que não perdeu nenhuma tração do bom humor.

— Seu histórico não te favorece, doçura. — acusou jocoso, jogando seu Às.

Diva deu de ombros, terminando de limpar a mesa do caçador sob sua vigilância astuta. Apesar do maus hábitos, Dante evitava atribuir mais tarefas a ela e, vez ou outra, se pegava contemplando em silêncio a forma como a mulher se movimentava, as leves mechas que caíam pelas laterais do rosto dela e os sorrisos doces que lhe lançava sempre que seus olhos se encontravam. Isso atiçou um instinto no mestiço que carecia de mais proximidade, mais calor, muito mais que uma simples troca de tato poderia oferecer.

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