No alto da Rocinha (2° temporada)

26

Lua 🌜

Meses depois..

Se alguém me falasse a uns dias atrás que eu estaria feliz e vivendo a vida da melhor forma com minha família, eu acharia que era piada.

Essa semana a Maria iria fazer 1 aninho, aí seis já viram né? Bryan quer fazer uma festa enorme pra menina que não entende de nada. Brigo com ele direto por conta disso, mas quem disse que ele liga.

Eu tinha voltado a trabalhar e hoje teria uma audiência, então eu já tava super atrasada.

Perigo: tu não vai trabalhar hoje não. -falou entrando no quatro com o fuzil nas costas e eu encarei ele de cima a baixo.

- tá maluco? Eu preciso ir, hoje tem audiência. -falei colocando meu salto e ele me olhou fechando a cara.

Perigo: Luana caralho, se tu sair do morro tu não entra mais não. -falou sentando na cama e eu olhei pra ele franzindo a testa. - os polícia quer subir porra, os morador que tá saindo não tá conseguindo entrar, e eu não tô conseguindo fazer nada.-falou e eu respirei fundo.

- eu tenho que ir Bryan, eu não posso simplesmente não ir. -falei e ele me puxou pro colo dele. - eu vou dar meu jeito,vou ir e voltar com segurança. -falei beijando ele que me olhava com um olhar estranho, como se aquele momento fosse o último.

Perigo: se algum bagulho acontecer tu cuida das crianças como eu cuidaria bota fé? E tu cuida do morro com os muleque, não quero que tu deixa na mão de qualquer um não. -falou me encarando sério e eu olhei pra ele e depois desviei o olhar.

- vai dar tudo certo cara, eu vou e eu volto, e você toma cuidado..pela nossa família. -falei e ele me deu um abraço forte.

Perigo: claro que você vai voltar né minha fia, tá achando que a vida é um morango? Tu é minha até nós morrer. -falou segurando meu rosto e eu dei risada da cara dele.

- tô indo nessa, Bryan pelo amor de Deus se eu chegar em casa e tu tiver com um arranhão eu termino de te matar. -falei e ele riu me dando um beijo.

Perigo: relaxa mina, já viu vazo ruim quebra? Tá maluco. -falou e o radinho dele apitou, era o Ph falando que os verme já tava se preparando pra subir. -ai nega, tô indo nessa. -falou e me deu um beijo demorado, desci com ele e fui pegar meu carro.

Peguei meu carro e fui em direção a barreira, que Deus proteja minha família.

⏱️

Não demorou muito e eu já estava na onde iria acontecer a audiência, meu coração está apertado pra caralho, como se tivessem tirado alguma coisa de mim. Deixei os pensamentos de lado e abri a porta do carro, respirei fundo e fui em direção a porta que tinha ali.

Meu cliente estava sentado em uma cadeira e tinha muitos polícias em volta dele, provavelmente estavam me esperando.

- boa tarde, preciso ter uma conversa as sós com meu cliente. -falei com os polícias que me olharam com deboche e saíram.

José: doutora, desculpa me entrometer,mas você é casada com o dono da Rocinha? -falou me encarando e eu concordei com receio. -fala pra ele pegar teus filho e sair de lá. -falou e eu me sentei na frente dele, eu estava sem entender nada.

- por que José? -falei franzindo a testa e ele me olhou com cara de dó.

José: eu ouvi o delegado falando pra invadirem a Rocinha e matar todo mundo que é do convívio do traficante Perigo.. eles não querem saber se é criança, mulher, filho, eles vão matar todo mundo. Principalmente o Perigo, liga pra ele e manda ele sair de lá urgente. -falou e meu coração começou a bater forte e uma vontade enorme de chorar, invadiu meu corpo.

Não esperei ele falar mais nada e sai pra fora, peguei meu celular e liguei pro Bryan, mas só caia na caixa postal. Decidi ligar pro Rato que não demorou muito e ele me atendeu.

Ligação on

Rato: fala comigo patroa.

- rato manda tira meus filhos daí e manda o Perigo sair daí urgente.

Rato: por que patroa? As crianças a Thay levou pra Penha, agora o Perigo disse que ele pode morrer, mas não vai abandonar o morro dele.

- Rato caralho, coloca ele dentro do carro e tira ele daí, manda a Anne sair também, por favor Lucas.

Rato: por que? O que tá pegando Luana?

- meu cliente falou que escutou o delegado falando que vai meter bala em todo mundo, eles não quer saber se é criança ou se não é. Eles vão sair matando todo mundo do nosso convívio cara.

Rato: eita caralho, Luana eu vou... -na hora que ele iria falar eu escutei barulhos de tiro e eu fiquei apavorada.

Eu não tenho condições de ficar aqui enquanto meu marido está correndo perigo.

Entrei dentro da sala novamente e pedi mil desculpas pro meu cliente, e ele super entendeu.

José: relaxa doutora, vai lá vê o que tu consegue fazer pela tua família. -falou e eu dei um beijo na cabeça dele e sai correndo.

Entrei no meu carro e fui pra penha atrás dos meus filhos, não iria ir na Rocinha porquê eles não me deixariam subir e eu não queria tomar um tiro atoa.

Não demorou muito e eu já tava na barreira da penha, eu passei sinal fechado provavelmente tomei um monte de multa, mas eu não tô nem aí.

Vapor: aí dona, pode subir. -falou me encarando e eu concordei. -vai devagar, tem criança na rua pô. -falou batendo no capo do carro.

Não demorou muito e eu já tava na casa do Gg. Ele abriu a porta e eu senti o clima tenso que estava ali, tia Sônia chorava de um lado, a Thay de outro, as crianças brincando no canto, tava tudo meio bagunçado.

Erick: mamãe o papai morreu? -falou pulando no meu colo e eu não sabia o que responder.

- não filho, ele tá bem, bom eu acho. -falei baixo e ele concordou indo pra onde a Maria estava.

Me aproximei da tia Sônia e ele levantou do sofá e me deu um abraço apertado, eu retribui e começamos a chorar juntas.

Depois de um tempo eu me separei do abraço dela e fui falar com a thay que tava no canto do sofá chorando.

Puxei ela pra um abraço e eu senti que ela estava acabada, ela já era acostumada com invasão e tals, mas agora é o marido dela né, fora que a gravidez deixa a gente com muito hormônio.

GG: gente, eles são fortes. Fora que a Rocinha está cheia de vapor, carregamento, eles estão por cima, e o Bryan é experiente com isso. -falou encarando a gente.

Sônia: some daqui vai, tu não tá ajudando em nada. Leva as crianças pra tomar algum sorvete. -falou brava e ele me encarou como se tivesse pedindo permissão e eu concordei.

A Maria ela ja ia prós lugar com as pessoas dos nosso convívio, então, era bom por conta disso. GG saiu com eles e eu me senti aliviada, não gosto de chorar na frente dos meus filhos.

Ligamos a tv e estava passando no jornal, falando que a polícia estava recuando, mas que tinha atingindo muito traficante, só que eles acha que não morreu ninguém, respirei aliviada, mas não podemos duvidar de nada que esses vermes fala.