36. Sayuri Shimizu

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ㅤㅤ— Onde será que está a pequena Shimizu? — A mulher era dona de uma beleza única. Seus cabelos ondulados e castanhos estavam presos em um coque não muito apertado. Sua regata era cinza escura, e suas calças moletons pretas. — Shi-mi-zu!

ㅤㅤA pequena Shimizu se escondia logo atrás da toalha de mesa. Sakoto foi pelas laterais, buscando a garota por baixo da mesa. A pequena mais rápida, já havia pensado em uma maneira de fuga e deu a volta na mesa, fugindo da mãe e correndo para debaixo da cama, onde a mulher já havia procurado.

ㅤㅤ— Está bem, eu desisto! — A mãe levantou as mãos para cima. Sem dúvida havia cansado de brincar e precisava preparar o almoço. Mesmo parecendo despreocupada, a mulher estava apreensiva.

ㅤㅤ— Nossa mamãe! — Shimizu resmungou emburrada. — Tão pouco tempo me procurando...

ㅤㅤSakoto esboçou o sorriso maternal, e agarrou a garota, a tirando do chão. Sayuri Shimizu gargalhou.

ㅤㅤVoltando ao chão, uma mecha escapava do coque. Shimizu acariciou o rosto da mãe, e colocou o fio fugitivo atrás da orelha.

ㅤㅤSayuri Sakoto apertou os lábios até que ficassem em uma única linha. Não aguentaria ter que esperar o marido chegar mais uma vez irritado com a situação. Por algum motivo, Hamura não queria que o irmão chegasse perto da filha.

ㅤㅤShimizu percebeu os dedos trêmulos. As pequenas olheiras. Nada saia despercebido pela pequena. Nada.

ㅤㅤ— Que tal me ajudar com o almoço? — Sakoto se levantou, e segurou a mãozinha da filha.

ㅤㅤ— Eba, eba, eba!

ㅤㅤA pequena Sayuri fazia os dias de Sakoto terem cor. Sua filha era o sentido da sua vida desde que soube que estava grávida. E ela era tão feliz por saber da filha incrível que tinha. Estava honrada de poder conhecê-la, e cuidar de Shimizu.

ㅤㅤSakoto sabia o peso que é carregar um dos representantes. Ela foi a segunda herdeira de Naomi. Era um fardo enorme. Mas a pequena nem parecia sentir tonturas, ou enjoos. E Hamura sempre a ajudou nos treinamentos. Principalmente para cuidar e manter as emoções calmas.

ㅤㅤA porta foi aberta. Uma figura alta entrou por ela, fazendo Sakoto respirar fundo antes de se virar e dar de encontro com Hamura.

ㅤㅤOs cabelos do homem estavam longos. Presos em um rabo de cavalo. E o kimono branco permanecia no corpo. Ele nunca entrava em casa de uniforme. Não depois de tanto sangue derramado pelo caminho que respingou na veste.

ㅤㅤ— Meu lírio! — Shimizu pulou nos braços fortes do pai, que a ofereceu o conforto e o calor que ela precisava no dia a dia. As íris castanhas se viraram para Sakoto, que sorriu. — Esposa.

ㅤㅤ— Marido.

ㅤㅤSua atenção voltou-se para a filha. Mesmo que tudo ao redor parecesse em câmera lenta. Hamura sabia que não poderia mais adiar a conversa com sua mulher.

ㅤㅤShimizu o puxou para os fundos da casa, onde pegou uma espada de madeira e começou a golpear o ar. O pai diante daquilo arregalou os olhos. Os movimentos, a precisão e força com que ela segurava a espada. Hamura engoliu em seco. Shimizu seria uma espadachim. Seu pior pesadelo.

(...)

ㅤㅤ— Como foi no Esquadrão, querido? — Shimizu sabia que aquilo era assunto de adulto, e então ficou quieta apenas escutando a conversa enquanto comia. 

ㅤㅤ— Eu... deixei o Esquadrão. 

ㅤㅤO rosto de Sakoto se fechou. Ela já tinha tido essa ideia de que Hamura deixaria de ser um membro do Esquadrão para o próprio bem estar da família. Ele queria ser ocultado. Dado como morto. E viver uma vida tranquila e sem preocupações com sua família. Afinal, Senno Kurosawa é um inimigo perigoso para se ter. 

O Legado da Kitsune - IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora