02. O Esquadrão

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ㅤㅤNão fazia ideia de onde estava, pois não se lembrava de muitas coisas, e estar na frente do mar também não ajudava. Tinha a certeza que tudo aquilo não passava de um sonho.

ㅤㅤRelaxou, controlando a respiração.

ㅤㅤAs ondas do mar batiam em suas canelas, enquanto Sayuri observava o horizonte a sua frente. O cheiro da maresia entrava dentro de suas narinas. O sol deixava tudo tão iluminado e claro. Não estava quente e a brisa marítima fazia tudo ter uma calmaria tão relaxante.

ㅤㅤA garota poderia ficar naquele sonho para sempre, porém sabia que não ia durar tanto, tinha de acordar. E num passe de mágica, despertou.

ㅤㅤ— Ela acordou — alguém sussurrou. Era uma voz fina.

ㅤㅤ— O que devemos fazer? Shira-sama saiu em missão! — outra voz murmurava.

ㅤㅤShimizu levantou o torso, estreitando um pouco os olhos. Teria que se acostumar com a claridade do local. Ao seu lado, a cortina voava.

ㅤㅤ— O-Olá! — pronunciou rapidamente uma garotinha. — Por favor não nos machuque!

ㅤㅤAnalisava ao redor, parecia um quarto comum e vazio, só tinha uma cama, tapete e uma mesinha com algumas coisas em cima. Shimizu encarou as duas garotinhas.

ㅤㅤUma possuía os cabelos negros, longos e pelo que parecia, macios. Usava um kimono rosa com triângulos amarelos claros. A outra, tinha a mesma altura, trajava o mesmo kimono, alterando a posição das cores. Seus cabelos eram da mesma cor, tamanho e possível textura da outra. As únicas coisas capazes de diferenciar as duas, eram suas vestes e cor dos olhos.

ㅤㅤ— Meu nome é Saome — a do kimono amarelo disse.

ㅤㅤ— O meu é Aome.

ㅤㅤShimizu olhou para o teto, paredes e chão. Parecia mesmo disposta a analisar todo o cômodo.
Suspeitou. Uma hora estava no templo, e do nada, deitada na cama de um quarto que nunca viu na vida. A primeira coisa que fez foi olhar para seu braço, onde a rocha raspou. Havia um curativo.

ㅤㅤOlhou para o próprio tornozelo, e não encontrou o objeto que havia encontrado sem querer.

ㅤㅤSayuri se pôs em pé. Desconfiou de tudo. Só havia uma maneira de sair daquela sala.

ㅤㅤ— Shira-sama não gostaria de vê-la em pé. Deveria descansar mais um pouco.

ㅤㅤAome recebeu um olhar seco. Não demonstrava nada aquele olhar, mas era intenso demais. A pequena Aome quase vomitou.

ㅤㅤ— Onde estou? — disse, tentando se acalmar.

ㅤㅤEra esquisita aquela situação. Seu aparecimento repentino naquele local. A falta dos itens que tinha pego do templo. As duas garotas a sua frente. E principalmente, o vazio em sua mente. Não sentia a presença de Naomi. Shimizu conseguiu retirá-la de seu corpo?

ㅤㅤA porta foi aberta por um garotinho.

ㅤㅤ— Ela sabe falar?

ㅤㅤ— Tenha modos, Ome! — berrou, Saome. O garoto revirou os olhos.

ㅤㅤVestia-se com um kimono verde, haviam bolinhas amarelas e rosas estampados. Os cabelos negros desgrenhados, sem muito trabalho para arrumá-los.

ㅤㅤ— Você. — Apontou o garoto. — Shira-sama quer te ver.

ㅤㅤShimizu passou pela porta sem nem perguntar onde a sala ficava. Os três seguiram a garota. Ome a guiou pelos corredores.

ㅤㅤO estabelecimento era enorme. Vários quartos e salas com tatames eram vistos várias vezes pela Shimizu. Haviam vasos e quadros antigos, emoldurados e presos nas paredes brancas. Vigas de madeiras claras davam um toque diferente no local.
As duas garotas abriram uma porta de correr. Deram espaço para a kitsune passar.

O Legado da Kitsune - IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora