26. Pesadelo de Aiko

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ㅤㅤ— Eu tô cansadão — disse Fuyuki, sentando-se aos poucos na grama. — O treino de hoje você veio com tudo, Aiko-chan... me assustei.

ㅤㅤ— Não diga que se assustou com um sorriso no rosto. É esquisito, branquelo. — Vestiu o haori verde por cima da regata. O clima não estava tão formidável, mas ambos os corpos estavam suados por conta do recém treino. — Tenho quase certeza que aprendi algumas coisas novas — comentou, orgulhosa de si mesma. Fez as raízes e galhos que estavam saindo de baixo da terra, voltarem, e a grama se restabelecer.

ㅤㅤ— E você acha que eu não vi? — Perguntou, sarcástico. Abraçou as pernas, enquanto olhava para a garota a sua frente.

ㅤㅤ— Talvez eu consiga usar múltiplos ataques sem esperar um tempo. Lembra que antes eu demorava? Ficava mais fácil ser atacada, mas agora... — Kobayashi sorriu. — Agora eu consigo fazer vários ataques!

ㅤㅤ— Eu vi quando as raízes saíram das suas costas, foi aí que eu quase mulher as calças

ㅤㅤOs dois riram.

ㅤㅤ— Acho que preciso ir, pegar minha missão. Vou passar em um lugar hoje também. Até — se despediu, acenando para trás.

ㅤㅤFuyuki ficou ali, parado observando a garota se afastar. Uma vibração de energia percorre o corpo do albino. Os pelos se arrepiam. Os fios de cabelo se elevam, e ele levanta num pulo. O coração tão acelerado. Hiroshi sempre ficava assim quando o clima estava desse jeito. As nuvens se preparavam para uma tempestade.

ㅤㅤEle se encaminhou para dentro do Esquadrão, direto para o quarto, decidido a tomar um banho frio.

ㅤㅤPor outro lado, Aiko se retirava do Esquadrão Central, e ia em direção ao cemitério. Carregava algumas flores, e um arco de rosas, tulipas e lírios.

ㅤㅤSe ajoelhou no túmulo de Aya. Rezou, e depositou as rosas brancas em cima da pedra. Não pode conter a fugitiva lágrima. Misaki fazia tanta falta para Aiko. Ainda se lembrava da pequena Aya, sentia-se sempre cheia, como se não faltasse nada, só de lembrar na loirinha.

ㅤㅤE, em seguida, colocou o arco de flores no túmulo de Hayato Yuki. O de Misaki já possuía um, feito por ela mesma.

ㅤㅤ— O que faz aqui? — Ichiro perguntou, novamente vinha no cemitério rezar e implorar em silêncio pelo seu irmão voltar.

ㅤㅤAiko se levantou, fazendo uma reverência a pedra.

ㅤㅤ— Vim trazer isso. — Apontou para as flores, e voltou o olhar para as iris azuis. Não eram como os olhos de Fuyuki. Os olhos do Hayato mais velho possuíam uma tonalidade mais escura, como se fosse um azul mais forte. — Lamento por tudo que teve que passar, Ichiro-san.

ㅤㅤ— Tudo bem. — O moreno se ajoelhou no chão, unindo as mãos e rezando.

ㅤㅤPoucos minutos passaram, e Aiko se pôs em retirada, se não fosse pelo braço a segurando.

ㅤㅤ— Espere... — Ichiro não sabia bem o que dizer, mas precisava expressar seus sentimentos logo, antes que fosse tarde demais. Porém, não sabia como fazer. — Como você está?

ㅤㅤKobayashi torceu o nariz, a confusão estampada em sua face. Ichiro nunca se preocupou muito com ela, ou pelo menos nunca havia demonstrado.

ㅤㅤ— Estou bem, e você? — Ele a soltou. — Como vai a recuperação?

ㅤㅤ— Até que bem. Eu irei sair em missão logo mais. Você tem uma missão? — Sinceramente, o Hayato não sabia muito bem o que falar. Ele nunca soube.

ㅤㅤ— Ah, sim. — Ambos estavam constrangidos. — Você... vem todo dia aqui? — Aiko perguntou, tentando ajustar o clima esquisito entre eles.

ㅤㅤ— Sim. Desde que meu irmão morreu eu venho me sentindo cada vez mais culpado por não contar a verdade a ele. — Ichiro falou demais, mas não conseguia parar, precisava desabafar com alguém, e por que não lavar a alma com a garota que você é afim? — Eu fiz muita merda no passado, e não consigo mais... viver desse jeito. Eu deveria ter salvo minha família. Eu era o mais velho dos irmãos, por que eu não consegui salvá-los?

O Legado da Kitsune - IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora