18. Os Irmãos Hayato

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ㅤㅤDescobrir que Sayuri Shimizu estava exposta ao ódio do traidor foi uma grande surpresa. Fazia sentido então. Seus descontroles eram causados por um sentimento devastador. Um ódio forte o bastante para descontrolar todos do Esquadrão.

ㅤㅤYuukio revisou a missão de todos presentes, anotando para levar mais tarde as informações à Shimizu.

ㅤㅤE no outro dia, o dia que Ichiro não queria que chegasse, finalmente chegou. 

ㅤㅤOs passarinhos cantavam uma melodia única. O céu pintado de laranja e amarelo, iluminando todo o cenário antes escuro. As flores desabrocharam dos arbustos e canteiros, o vento levava o aroma gostoso das plantas. Ichiro encontrou a garota-árvore regando as flores antes pertencentes a Aya Misaki. Era de se admirar o ato de bondade de Kobayashi Aiko, como também fácil de prevê-lo. 

ㅤㅤIchiro percebia o quão forte era o laço das duas. Irmãs de mães diferentes. O mesmo laço que ele tinha estabelecido com seu irmão de sangue, antes do acidente da perda de memória. E lá estava o Hayato, pensando mais uma vez nisso. Por que seu passado sempre tinha que vir à tona em momentos como esse? Será que as memórias não poderiam sumir? 

ㅤㅤ— Aaah!! — Aiko pulou assustada, com a mão no peito. E então abriu os olhos de novo, encarando as íris azuis do moreno. — Bom dia, Hayato-san! 

ㅤㅤ— Bom dia, Kobayashi. 

ㅤㅤEla sorriu. Pegou o regador e saiu jogando água nas outras flores ali perto. Parecia até mesmo uma deusa. Seus cabelos verdes soltos, balançando levemente com o passar do vento da manhã. Aiko estava divina ali. 

ㅤㅤIchiro parou de perceber isso, quando se tocou na presença de uma pessoa. Yuki estava sentado na varanda de madeira. Balançava as pernas para frente e para trás. Ichiro soltou um suspiro demorado. 

ㅤㅤE quando se viu, ia na direção do irmão.

ㅤㅤ— Feliz aniversário, irmãozinho!dizia, entrando no quarto com as mãos para trás do corpo. — Hoje você completa seus dez anos! E...! 

ㅤㅤCorreu para os braços do irmão mais velho, impedindo ele de continuar sua fala, o abraçando pela cintura. Ichiro devolveu o abraço, apertando forte o irmão contra seu corpo. 

ㅤㅤIchiro segurava um livro. O livro era sobre samurais, e Yuki sempre havia sonhado em ser um. Ele era só uma criança, e mal entendia quão doloroso poderia ser um samurai.

ㅤㅤQuando se separaram, o pequeno pegou o livro e logo começou a ler. 

ㅤㅤIchiro o observava com tanta emoção. Seus olhos eram inundados pelas próprias lágrimas. Saiu do quarto, apoiando-se pelas paredes. Pegou o machado em mãos e avisou a mãe que iria pegar lenha. Mas a verdade era outra. Ichiro se ajoelhou no chão, e desabou chorando. Foi o primeiro abraço que ganhara de seu irmão. O primeiro agradecimento sincero de um dos seus irmãos. 

ㅤㅤEstava na frente do mais novo. Yuki o encarava sem expressão alguma. Ichiro não conseguiu fazer nada do que imaginava. Queria abraçar o irmão. Queria desejar feliz aniversário. Mas quem iria enganar, de feliz aquele dia não tinha nada. Não para eles. 

ㅤㅤIchiro forçou as pálpebras e saiu. A única coisa que Yuki pode ver foi uma lágrima escorrer pelo rosto do irmão. Achou que era coisa da sua mente, já que ele nunca havia chorado em sua frente e Yuki mal tinha a certeza de que ele poderia chorar. 

>☆<

ㅤㅤShimizu usava seu poder nos punhos, pelo menos tentava se concentrar nisso. Mas o canto dos passarinhos começou a incomodar a kitsune. Incomodar ao ponto dela querer que o silêncio se fizesse por completo, não importasse o destino dos pobres animais. 

O Legado da Kitsune - IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora