04. Primeira Missão

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ㅤㅤOs cantos dos pássaros era algo majestoso. Ter a liberdade dos mesmos nem se fala. Podem voar livres, mas só porque possuem duas asas. O que seria um pássaro, só com uma asa?

ㅤㅤSayuri Shimizu andava sem medo, e seu rosto sem nenhuma expressão específica. Estava em guarda, e pronta para sua primeira missão. Teria êxito, afinal, ela possui um grande potencial, mesmo ainda não o enxergando.

ㅤㅤAinda próxima ao Esquadrão, a Sayuri passava por dentro de um pequeno vilarejo. Pela primeira vez, ninguém fechou as portas ao vê-la passar. Ninguém corria para longe, ou mudava de direção. As pessoas a cumprimentaram com: "bom dia", "boa sorte na sua missão, senhorita", "salve todos que conseguir".

ㅤㅤAs casinhas eram tão bonitinhas. Feitas todas de telhados de madeira e paredes brancas. Haviam algumas cercas na mesma cor, perto de canteiros de flores.

ㅤㅤUma senhorinha saiu de dentro de sua humilde residência. Andou um pouco para frente com um regador, jogando água em suas flores. Lírios brancos. O regador acabou por escorregar de suas mãos. A idosa tentou abaixar, colocando suas mãos na coluna. Shimizu entregou o objeto.

ㅤㅤA senhorinha deu uma olhada para a garota. Virou-se para trás e pegou um dos lírios, o arrancando. Virando novamente, colocou na orelha de Shimizu. A kitsune ficou paralisada.

ㅤㅤEla se lembrou de Mitsuki.

ㅤㅤ— Os céus irão te abençoar, minha criança — disse. Sua voz fraca, mas tão acolhedora. Parou por um instante, dando um singelo sorriso. — Qual é o seu nome?

ㅤㅤA kitsune encarou o canteiro de flores, perto da cerca branca do quintal.

ㅤㅤ— Sayuri Shimizu.

ㅤㅤO gesto da senhorinha a surpreendeu. Sentiu as mãos enrugadas pegarem nas suas, as apertando contra suas palmas.

ㅤㅤ— Boa sorte em sua missão, Sayuri-chan.

>☆<

ㅤㅤA noite caiu, fazendo a dona lua se destacar naquela enorme escuridão. Não haviam estrelas, e em alguns momentos, nuvens cobriam a claridade do luar. 

ㅤㅤA Sayuri se aproximava da cidade. Seu destino seria em uma velha fábrica. Relatos diziam que pessoas sumiram em determinada hora da madrugada. Porém, algum membro do esquadrão já havia exterminado o causador de tanta euforia e desespero na vizinhança.

ㅤㅤSó que, mesmo a confirmação de que não havia mais oni algum no local, o membro do esquadrão não voltou. Seu corvo havia enviado a confirmação de missão completa, como seu dono supostamente o indicou. Shimizu havia sido enviada para averiguar o lugar, e ver se não havia mais nada para amedrontar os moradores locais. 

ㅤㅤParada, agora, em frente a antiga e velha fábrica, um vento frio surgiu. Junto dele os gritos das almas, pedindo para serem libertas de um grande pesadelo. Não havia algo que desse medo na Sayuri, então, sem mais nem menos, pulou o portão e entrou no prédio antigo pela saída dos fundos. 

ㅤㅤAs paredes cinzas pareciam ecoar o som do vento lá fora. Uma janela bateu com força, dando passagem ao ar. Uma enorme nuvem de poeira alcançou Shimizu, que tossiu um pouco, enquanto abanava as mãos à frente do rosto na tentativa de afastar todo aquele pó. 

ㅤㅤEntrou numa sala cheia de máquinas antigas e empoeiradas. Já não funcionavam há algum tempo. E nada. Nenhum oni. Nenhuma vítima ou cadáver. O lugar parecia limpo de vestígios de sangue, pelo menos no primeiro andar. 

ㅤㅤSaindo de perto do maquinário, virou a direita, se deparando com uma escada e duas portas, na qual eram banheiros velhos e sujos. Subiu os degraus um por um. A mão não saia de perto da sua espada, segurando o cabo firme na bainha. 

O Legado da Kitsune - IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora