17. Ichiro

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ㅤㅤIchiro foi o primeiro a nascer, logo depois seu irmão gêmeo. E então, os outros filhos foram nascendo, até o casal ter cinco filhos homens. A mulher achava ter azar por não ter sequer uma menina. Já o homem, bom, ele achava ter sorte, já que para ele uma garota é fraca para empunhar um machado e cortar a lenha para vender. Seu pensamento nunca mudou.

ㅤㅤComo irmão mais velho, Ichiro sempre ajudava os outros irmãos, e mesmo sendo gêmeo, tinha uma relação mais profunda com seu segundo irmão mais novo. Yuki sempre foi o mais fraco dos irmãos, mas Ichiro escondia isso, cortando as árvores em dobro, fazendo o trabalho do irmão. 

ㅤㅤSe lembrava de um dia, o primeiro dia que Yuki fora cortar lenha, um grande desastre. O machado quase acertou a cabeça do mais novo. Se o pai ficasse sabendo disso... Ichiro que era o único presente escondeu isso. As coisas perigosas que o Pai pedia para os garotos fazerem, Ichiro sempre fez para Yuki com medo dele se machucar. 

ㅤㅤIchiro sempre foi o mais forte dos irmãos Hayato, tanto fisicamente quanto mentalmente. Ajudava nas lições, aconselhava os irmãos e sempre os ajudava nas tarefas domésticas. Ichiro era o único que dava suporte à mãe quando o pai batia nela. Ele sempre esteve lá. Sua mãe chorava muito, e sempre em seu colo. O moreno acarinhava os fios negros da mulher, enquanto ele a ouvia chorar. Dizia palavras de apoio. E depois que ela não tinha mais o que chorar, se levantava e pedia desculpas ao filho. Ichiro nunca se importou em ser o apoio da mãe. Em ser o pilar da família. 

ㅤㅤSeu gêmeo era muito ignorante, pois puxou o pai. Ichiro se lembra das discussões dos dois, a gritaria que ficava dentro de casa, e recordava-se sempre de levar seus irmãos para o lado de fora, juntamente com sua mãe. A mulher era forte por aguentar tudo aquilo, mas até quando? 

>☆<

ㅤㅤO moreno dos olhos azuis foi parado na porta da construção. Trazia consigo lenha e um machado. Os cabelos de Koji estavam presos em um rabo de cavalo baixo, enquanto as vestes largas estão presentes em seu corpo. 

ㅤㅤ— Bom dia — disse Akira, encarando o garoto a sua frente. 

ㅤㅤ— Bom. 

ㅤㅤIchiro tentou passar por ele, mas Koji o barrou. 

ㅤㅤ— Já conhecia Yumi-san? 

ㅤㅤ— Sim. Posso passar agora ou vai querer fazer mais trezentas perguntas? 

ㅤㅤO mais velho riu. 

ㅤㅤ— Está com pressa? Não sabia que tinha uma missão a cumprir. 

ㅤㅤO Hayato respirou irritado. Trincou o maxilar. Esbarrou no ombro de Akira quando forçou entrar no Esquadrão. Koji observou ele despejando as madeiras em uma sala ao lado da porta, e logo em seguida levou algumas para a cozinha. E ele foi seguido.

ㅤㅤ— Por que anda tão irritado, Hayato-san? — Mayumi entrava no ambiente. Deu uma olhada na porta escorado nela, Koji também observava tudo. — Pode contar com a gente–

ㅤㅤ— Não é problema de vocês. Será que não podem me deixar em paz!? 

ㅤㅤ— Como vai em uma missão se está com tanto ódio? Bem, mais do que o habitual, né? 

ㅤㅤ— Calado... — Os punhos fecharam ao lado do corpo. E ele forçou as pálpebras para baixo. 

ㅤㅤNinguém poderia saber. Ninguém deveria saber. Essa culpa que ele carrega é apenas dele, jamais o entenderam por seu comportamento, jamais poderiam descobrir. Ele não abriria a boca. 

ㅤㅤ— Sabe, Hayato-san... O Koji tem toda a razão. — Sua voz saia melodiosa, mas atingiam qualquer um como uma arma letal. A calma no corpo da Yamashita era por si só uma arma. — Por que não escuta os mais velhos? 

O Legado da Kitsune - IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora