Capítulo Trinta e Dois

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Poucos momentos em sua vida Sabrina se encontrou em uma situação tão deplorável.

Onde não sentia vontade de comer, beber, dormir, nem ao menos cuidar de si.

Se sentia numa câmara de tortura, onde cada dia que passava ficava pior.

Uma semana havia se passado e ela não conseguia se lembrar da última vez que bebeu um copo d'água, ou sequer encostou em um prato de comida, passava horas incontáveis na boca fumando pra esquecer tudo ou trabalhando no plano pra resgatar Larissa.

Ninguém reconhecia Mendes, a traficante mais respeitada do morro, se arriscam a dizer que competia moral com tubarão, de tão conhecida que ela era.

Hoje parecia mais um zombie, com olheiras fundas, olhar cansado, estrutura esgotada, apenas olhar pra ela transmitia a sensação de exaustão.

Era triste de ver.

Gabriela não ficava pra trás, a garota faltará pelo menos quase toda a semana ao trabalho, sofria pela tia, sofria por sua melhor amiga, sofria por Raquel, sofria por saber que a qualquer segunda seu amor iria entrar numa guerra.

Com muito desgosto e tristeza organizou um funeral as pressas pra sua querida tia, que tinha memórias tão doces e felizes dela, sentia falta das menores coisas possíveis, seu sorriso cativante, seu olhar doce, sentia falta de sua amiga também, das suas brincadeiras, seu jeito estranho de demonstrar afeto, sentia falta de tudo.

Queria mais que tudo nessa vida que as coisas voltassem ao normal, que tudo acabasse e não passasse de um pesadelo aterrorizante.

Mas não era. Não seria.
Essa era a mais nova realidade de todos.
E era isso que todos teriam que aceitar.

– Calma porra! Acha que fazer tudo nas pressas vai trazer sua mina de volta? – Tubarão gritou enfurecido. Ninguém aguentava mais a pressão de Mendes, e por mais que todos ali tentassem ser compreensivos, já estava começando a atrapalhar no progresso do plano.

– Mendes, nós tamo ligado que 'c' tá no pilha nessa história aí, mas né assim que funciona a caminha não filhona. – DG tentava acalmar sua amiga. – A gente vai invadir o morro certo? E vai ser no proceder correto, porque se a gente errar, não vai ser só a vida da sua mina que vai tá em jogo.

Sabrina bufou frustada, balança o pé em agonia, sentia mais que nunca uma necessidade incansável de acabar logo com tudo aquilo.

– O plano é a gente invadir daqui a dois dias, amanhã vai chegar carregamento de armas e coletes, não dá pra invadir a rocinha de regata e pistola nega, 'c' vai ter que esperar aí. – Essa foi a última palavra de tubarão, ele levantou bruscamente da cadeira, arrastando ela a vários centímetros longe da mesa e saiu do quarto sem esperar a palavra de mais ninguém.

– Relaxa aí bina, ela só precisa aguentar mais dois dias. – JP tentava acalmar como podia.

Na verdade, todos ali tentavam acalmar ela, pois todos estavam uma pilha com toda a situação, mas Sabrina estava muito mais, e todo mundo via isso, era algo que estava passando do físico, seu semblante era desanimador, ninguém falavam mas, na verdade todo mundo ali sentia pena, sentia um grande aperto no peito porquê a garota nunca tinha se prendido a nenhum tipo de relacionamento, e logo na primeira vez estava sofrendo tanto.

– Me deixa João. – Se afastou tô toque do menino e levantou do sofá, saindo da boca logo depois, sem esperar mais nenhuma fala de dó.

Subiu em sua moto e deu partida avoada, desceu o morro num segundo, chegando ao bar onde já fazia presença a pelo menos três dias seguidos.

Amor De Bandido - Livro I | TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora