Capítulo Capítulo Vinte e Sete

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Era foda tá ligado? 

Olhar ao redor e ver o pânico nos olhos alheios.

Sabrina sabia que sua "profissão" não poderia nem ser denominado com essa palavra, no fundo, bem no fundo, ela sentia vontade de sair dessa, de ter uma vida tranquila e honesta, mas sabia que seria impossível, esse foi e seria o único destino de sua história.

E como não tinha outro caminho para andar, gostava de fazer seu trabalho bem feito. Era por isso que seu cargo era tão importante na boca, por isso que abaixo do Tubarão ela dava a última palavra ali, porque se dedicava, porque se esforçava, porque gostava de fazer seu trabalho perfeito, sem motivos para reclamações. 

Sabia que quando o Tubarão caísse ela entraria na jogada, e fazia questão de aprender tudo que podia para seu futuro. 

É estranho você ler isso, alguém envolvido se esforçar tanto para subir no mundo do tráfico, como se fosse em uma empresa renomada lutando contra outros trabalhadores para ser promovido, mas é assim que é, neguinho pensa que só porque são traficantes que a coisa é bagunça.

Até no errado eles fazem o certo. 

Pra subir, tem que merecer.
Pra ser promovido, tem que se mostrar melhor que os outros. 
Pra ser respeitado e bem visto, tem que ter postura e fazer seu trabalho impecável.  

Era por isso que Sabrina se cobrava tanto, claro que não demonstrava isso para mais ninguém, esses sentimentos são fraquezas, e no mundo do crime, fraquezas significam morte, e Mendes com certeza não queria morrer, não ainda.

Aquela noite ela tentou se controlar, tentou esconder e não demonstrar, mas foi necessário apenas dois minutos sozinha no banheiro que desabou sem nem ao menos se tocar onde e quando começou. 

Se sentia o pior lixo do mundo, a coisa mais insignificante e substituível do planeta inteiro.

Ora, no fundo sabia que tudo aquilo não passava de uma crise idiota que logo iria embora e ela retomaria  a postura.

Mas naquele instante, ela só queria se sentir mal e chorar.

Se cobrou por permitir aquilo, por causar medo nos moradores, por não ter conseguido manter a segurança do morro, principalmente na ausência do Tubarão, se cobrou por não manter a segurança de Larissa expondo ela àquela situação, se cobrou até por coisas passadas, mas que só alimentaram mais e mais sua ansiedade e angustia. 

Ela queria parar de sentir tudo aquilo, queria consertar tudo ou apenas voltar no tempo e não permitir nada daquilo. 

Mas não podia, claro que não podia, a merda já estava feita e ela só conseguia chorar e se diminuir mais e mais. 

Foi como se o ar mudasse assim que ela entrou no box, pareceu que mesmo ainda estando pra baixo um peso enorme saiu das costas de Sabrina, e mesmo não demonstrando - Ou não conseguindo - quando sentiu o toque de sua cacheada preferida se sentiu bem menos pior do que estava. 

" [...]Faria um milhão de vezes se fosse pra te proteger..."
" [...]Você fez tudo o que pôde pra proteger a todos..."
" [...]Eu te amo." 

Nunca imaginou que simples palavras pudessem acalmar tanto seu coração, ou faze-la se sentir mil vezes melhor, claro que ainda estava melancólica, mas a sensação ruim e azeda que rondava seu coração já havia ido para bem longe. 

Aquela noite só sentiu mais vontade ainda de se esforçar mais para proteger a todos e principalmente Larissa. 

Ela a amava e era recíproco, queria, devia e precisava proteger sua mulher, porque se não o fizesse, ninguém mais faria.

Amor De Bandido - Livro I | TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora