Capítulo Trinta e Três

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A essa altura Larissa já havia perdido as esperanças.

Pensou que talvez Sabrina achava que não valia tanto esforço.

Pensou que talvez já pudesse ter invadido para resgata-las e não tinha conseguido, ou pior, tinha morrido.

Pensou que ficaria semanas e meses ali.

Na verdade já acreditava que tinha pelo menos sete dias ali, não tinha certeza, mas era o que parecia em sua mente.

Sua convivência com Raquel tinha ficado cada vez pior, agora mal se olhavam, sequer ficavam próximas.

Recebiam dois pratos de comida e água em horas distintas, as vezes parecia vir muito rápido, outras pareciam demorar horas e horas.

Seu "dias" - pois não sabia ao certo que horas era dia ou noite - era baseado em olhar pro nada e pensar em tudo.

Infelizmente tinha sido obrigada a superar toda aquela sofrência que viverá nos primeiros dias, não podia ficar dias e dias chorando pois, tinha que estar preparada pra tudo e qualquer coisa que viesse por aquela porta.

Paloma nunca mais apareceu, apenas aquele homem desconhecido que a livrou de uma surra dias atrás e o tal do Zé pequeno, vinham trazer as refeições.

Sentia que hoje estava chovendo, o ar mesmo que abafado pelo quarto fechado, parecia umido.

– Estão vindo... – A voz da outra colega de "cela" chamou sua atenção e ela se levantou da cama, trincando o maxilar e os olhos atentos aos passos cada vez mais próximos.

Cada vez que eles vinham sentia mais medo, não sabia o que esperar, não sabia o que iria receber, sabia sempre que não era coisa boa.

A porta se abriu num baque forte e os dois cambaleando para dentro do quarto, estavam bêbados, por instinto Larissa sentou ao lado de Raquel e segurou sua mão, e por incrível que pareça a grávida retribuiu, ambas estavam com medo, era notório.

– Sabe seriguela, nunca fodi uma grávida menor... – A voz rouca e arrastada do homem que ainda não sabia o nome soou como um tiro.

Instantaneamente Raquel segurou com força os dedos de Larissa e sentiu seu coração palpitar tanto que doía, Larissa não ficava pra trás, o desespero subindo por suas entranhas a deixando cada vez mais agoniada.

– Quer experimentar neguinho? – Zé pequeno disse com um sorriso diabólico.

– Não... Por favor não! – Começou a suplicar e soltou a mão de Larissa.

– Cala a porra da boca. – Ele puxou uma pistola da cintura de repente e apontou pra Raquel

– Não. – Larissa se levantou e tentou ir pra frente de Raquel mas foi carregada pela cintura e impedida de proteger a outra mulher.

– Prometo ser gentil com você certo, só você ficar quietinha e não gritar.  – Sua voz saia como um psicopata, baixa e sorridente.

– Não por favor, minha filha, por favor não! – A garota já chorava em pânico, tentava se proteger com as mãos mas era em vão, estava debilitada, sentia contrações por dias seguidos, mal comia ou bebia, estava fraca.

– Adianta menor, Paloma chegar vai dá b.o. – Zé pequeno reclamou e o homem entregou a arma pra ele, abaixando sua bermuda surrada e suja.

– NÃO! NÃO POR FAVOR, FAZ EM MIM, NELA NÃO! – Num instinto protetor Larissa berrou se debatendo nos braços do outro homem, implorando pra que Raquel e sua filha ficassem protegidas. Aquela súplica chamou a atenção deles e ela então parou de se debater.

– Como é? – Perguntou o homem de bermuda arriada.

– Faz em mim, eu não vou gritar, fico quietinha, por favor deixa ela. – As lágrimas já escorriam do rosto das duas.

– Larissa... – Sussurrou Raquel, impressionada com a atitude da mulher.

– Você quer, é? – O homem sorriu grande.

– Sim, faça em mim. – Ela disse aquilo a contra gosto.

Zé pequeno então a soltou e o homem veio até ela, Raquel se encolheu no canto da cama, escondendo a barriga com os braços como podia, Zé pequeno se sentou na cadeira bamba e colocou seu membro pra fora começando a se masturbar antes mesmo de tudo acontecer.

Toda cena era nojenta.

As lágrimas desciam grossas e quentes, ensopando o rosto da pobre garota, seu short foi tirado com pressa e agressividade, foi jogada com força na cama fina e sentiu suas costas arderem contra as madeiras da cama, o homem desceu o resto da roupa ficando completamente nu, nunca sentiu tanto nojo de alguém em sua vida, sentia ânsia, raiva, desgosto.

Ele segurou seu membro e não teve pena ou pudor, se inclinou acima da mulher se segurando nos cotovelos, pegou seu membro e enfiou.

– Ai, ai, ai... – gemeu de dor e sentiu um arder no rosto, seguido pelo som do tapa, seu rosto ardia e formigava, fungou com força e agarrou os velhos lençóis da cama que rangia como nunca antes.

Enquanto ele gemia de prazer ela soluçava e chorava descontroladamente, tentava pensar em outra coisa na esperança do tempo passar rápido mas a dor era tanta, a dor física e emocional era tanta, que não conseguia sequer respirar direito.

– Ar... Caralho! – Gemia em completo prazer.

– Lari... – O sussurro do choramingo de Raquel fez Larissa chorar mais ainda, só queria que aquilo acabasse.

Ele estocava cada vez mais forte, mais fundo e mais rápido, todo seu corpo doía, toda sua alma sofria, seu coração mal batia de tanto desgosto, levou uma das mãos ao pescoço de Larissa e apertou com força, a garota sufocava aos poucos e por defesa levou as mãos ao braço do homem, numa tentativa falha de retirar ou ao menos folgar o aperto, sentia o ar indo embora, sentia sua garganta implorando por oxigênio, sentia sua intimidade arder e doer, sentia seu estômago revirar e aos poucos perder os sentidos.

– Por favor.... Para por favor! – Implorava Raquel. – Você vai matar ela, pelo amor de deus para! – Ouviu o estalo do tapa e automaticamente sentiu medo por Raquel, ouvia os gemidos dos dois, ouvia o som rouco de sua garganta implorando por socorro, ouvia passos e ouvia seu coração bater forte e lento.

Elevou as mãos até os ombros e em tapas frenéticos com sua última gota de força tentava afastar o homem de cima de si, batia em todas as direções sem conseguir ver corretamente onde estava batendo, sua visão estava turva e escurecida.

– QUE PORRA É ESSA!? – Reconheceu a voz de Paloma e o bater forte da porta na parede.

Mas já era tarde, já tinha perdido as forças,  sentiu quando o homem foi puxado com força de cima de si, sentiu quando o oxigênio voltou para seus pulmões e mesmo fraca e debilitada puxou dolorosamente o ar, sentiu as mãos finas de Paloma em seu rosto, ouviu palavras altas distintas, ouviu os tiros, o grito, mas foi tarde demais, ela não entendia, não conseguia raciocinar, seus olhos se fecharam, seu corpo perdeu a força e sua respiração estava por um fio.

Ela estava indo embora, foi tarde demais...

Amor De Bandido - Livro I | TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora