Capítulo Vinte e Oito

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- Me. Sol. TA! - A cacheada fez questão de soletrar cada sílaba pra demonstrar o quão enraivada estava. 

Afastou a bandida de seus braços com pouca agressividade, mas o suficiente pra mostrar que não queria proximidade. 

- Larissa, calma. - Tentou apaziguar o clima. - Deixa eu te explicar tudo.

- Não! Não quero. - Ela deu meia volta e tentou com todas as forças abrir a maldita porta. Nunca sentiu tanta raiva de um moleque como sentia naquele instante de João. 

- Vem cá... Deixa eu te contar o...

- QUAL A PORRA DO SEU PROBLEMA SABRINA?! - Gritou enfurecida, gesticulava com as mãos enquanto esbravejava toda sua ira. 

Pobre menina, só estava magoada, decepcionada, colocou tantas expectativas na dona dos olhos esverdeados que jamais passou pela sua cabeça que teriam aquele final. Não sabia, nem tinha como saber que tudo aquilo não passava de um plano, um plano para sua própria proteção.

Sabrina tentando juntar toda sua paciência e calma apenas escutava, enquanto recebia todo aquele ódio e fúria da sua menina, ela sabia que pra Larissa, aquelas palavras eram verdadeiras, aquela situação era verdadeira, então não podia culpar ou explodir com ela, já que a mesma não estava a parte do seu plano mirabolante. 

- ....AGORA CRIA TODO ESSE CIRCO? EU SOU UMA PUTA PRA VOCÊ, SÓ PODE! - Riu com puro sarcasmo e cruzou os braços. Mendes não sabia como começar, como acalmar aquela fera que berrava com ela sem nenhum pudor, nunca se sentiu tão inútil, era simples seu papel, contar a verdade e prosseguir com o plano.

Mas nunca se viu numa rua sem saída como aquela, nunca se sentiu tão pressionada e nervosa, aquela situação poderia ser comparada com um enquadro da PETO, só que pior...

- Larissa, se acalma, deixa eu falar.

- Eu não quero te ouvir Sabrina, eu quero ir embora. AGORA! - Gritou mais uma vez. 

- Porra garota, deixa eu me explicar! - Disse já impaciente. 

- Não... - Sua voz começou a embargar e aquela deveria ser a deixa de Sabrina, era ali que ela deveria meter sua explicação e acabar com tudo aquilo, mas antes de conseguir falar qualquer coisa foi interrompida outra vez.

- Eu coloquei expectativas em você... Me meti em um tiroteio por você, pra agora me chutar dessa forma, eu...- Respirou fundo, sentindo cada partícula do seu corpo doer, apesar de gritar, chingar e brigar, ela só queria que nada daquilo estivesse acontecendo, que fosse abraçada e acariciada como um cachorro sem dono, mas queria o carinho de sua dona, de sua bandida, sua Sabrina, que para ela agora estava a deixando, sem quê nem por quê. 

- E-eu amei você, eu deixei meus medos, minhas inseguranças, tudo pra ficar com você... Pra no final, você fazer exatamente o que todo mundo já fez. 

- Lari, eu só...

- Não, tá tudo bem Sabrina. No fundo eu sabia que isso iria acontecer, eu sentia... - Ela limpou as lágrimas rápido, tentando esconder qualquer vestígio de que em algum momento demonstrou sofrer por aquela mulher que tanto magoou seu coração, respirou fundo e ajeitou a postura. - Eu vou embora Sabrina e eu quero que você nunca mais me procure. - Se aproximou mais de Mendes e apontou com o indicador para mesma. - Nunca mais, entendeu? Some da minha vida Mendes. 

Dessa vez, a porta misteriosamente se destrancou e Larissa conseguiu sair, não sabia exatamente o caminho de volta, mas só de estar fora daquela casa com Sabrina já era um alívio para ela, deu as costas e saiu, sem esperar resposta, sem escutar mais palavras que iriam machuca-la, ou pelo menos pensava que iriam.

Amor De Bandido - Livro I | TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora