Capítulo Trinta e Quatro

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O Resgate
Parte I

– Lari? – A voz soou ao fundo, bem longe e baixa. – Lari, está acordada?

– S-sim... – Com a voz rouca e arrastada Sussurrou. Sentiasse mole, instável, dolorida e fraca.

– Graças a Deus. Você estava ardendo em febre, fiquei tão preocupada.

Larissa mantinha a visão turva, lerda, não conseguia raciocinar com total coerência, lembrava de momentos vagos, gritos, tiros, e então lembrou do momento e começou a chorar, só então percebeu que estava no colo de Raquel e sentia suas mãos leves acariciando seu rosto.

– Vai ficar tudo bem, Lari, estou aqui. – A voz da garota parecia reconfortante, depois de muito tempo ouvindo suas insultas.

Mas de nada adiantava.

Larissa queria sumir, morrer, desaparecer, se afundar num buraco que jamais iria sair.

Se sentia molestada, enojada, enjoada, suja, queria por um fim naquele inferno. 

Se antes tinha esperança de algo, naquele momento já havia aceitado seu destino, morreria ali com Raquel e sabe-se lá Deus o que sofreria dali por diante.

Não tinha palavras pra explicar o quão triste estava, desanimada e sofrendo.

– Aí. – Gemeu a outra garota. Sem forças pra falar, Larissa apenas elevou os olhos e observou a grávida respirar fundo várias vezes.

– As contrações estão mais fortes. – Respondeu como se entendesse o olhar curiosa da menina. – Vamos, tente levantar, precisa comer algo. Já trouxeram comida duas vezes, acho que está desacordada há muito tempo...

Com delicadeza Raquel a tirou de seu colo e se levantou, sentia sua intimidade arder e dolorida, sabia que estava preste a entrar em trabalho de parte, mas não queria dar essa preocupação também para garota a sua frente, se sentia imensamente grata pela atitude da outra, mas preferia que ela nunca tivesse passado por nada daquilo, não podia se permitir em continuar sentindo rancor e ódio dela mesmo depois daquele dia, sabia no fundo que teria a mesma atitude se fosse pra proteger seu finado Léo.

– Venha, vou te ajudar. – Incentivou. Larissa se remexeu na cama e gemeu de dor, amparada pelos braços por Raquel, conseguiu com dificuldade se sentar na cama. Depois de se encostar na parede, Raquel se levantou pra pegar o prato de comida e trouxe consigo, sentou-se na cama e ofereceu cada garfada na boca da mesma.

Um silêncio constrangedor caiu sobre as duas, Raquel não se segurou e começou a pensar num assunto para distrair a mente, era o que restava, com tanto sofrimento e angústia, ou fazia aquilo ou ficariam loucas.

– Paloma matou o seriguela e o outro homem. – Larissa instantâneamente parou de mastigar e olhou atenta pra garota. – Veio aqui pelo menos quatro vezes desde o dia que tudo aconteceu, parecia preocupada com você.

Larissa deu um sorriso nasal e negou com a cabeça.

Se se preocupasse não me prenderia nesse lugar. — Pensou.

Ficaram em silêncio novamente.

Depois de comer, Larissa se sentia um pouco melhor, seu corpo ainda doía, mas tentava se forçar a se movimentar.

– Acha que vamos sair daqui algum dia? – Disse com a voz arrastada.

– Claro que sim. Sabrina nunca deixaria você aqui. – Raquel se levantou e sentiu outra contração, não aguentou e segurou na barra de ferro da cama, se contorcendo de dor. – Porra! – Gemeu. Respirou fundo e voltou a se sentar.

Amor De Bandido - Livro I | TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora