Capítulo Oito

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Meu celular tocou e eu despertei, fiquei uns dois minutos encarando o teto até senti força e coragem para levantar. Estava tão gostosinho aquela caminha, aquele lençolzinho, argh!


Tomei um banho gelado para acordar de vez, fiz minhas higienes matinais, vesti uma caça jeans justa, uma blusa de alças finas branca, tênis branco, acessórios, uma maquiagem básica e fiz um rabo de cavalo alto e bem preso em meus cabelos. Minha bolsa já estava pronta, peguei meu celular e carregador e coloquei dentro dela, indo para sala. Preparei um café rápido e saí de casa, trancando a porta. 

Não estava tão cedo, era por volta das 06h45min. As aulas começavam as 07h30min. Então eu chegaria antes do meu horário, a favela já estava movimentada, os bares e lojas já estavam abrindo, os moradores já andavam pelas ruas, alunos principalmente, o céu estava azul sem nuvens, a vida já começava no vidgal. 

Quando cheguei na escola, fui direto para secretaria, lá fui direcionada para sala da diretora, a Dona Solange, que era uma senhora de mais ou menos 50 anos, baixa, branca e grisalha, o corpo rechonchudo, os lábios num vermelho exagerado e grudento e as roupas apertadas demais pro seu tamanho. Apesar disso, era educada e dócil, me explicou sobre a carga horária, meus horários, as salas e deu bastante ênfase nas piores delas, me apresentou aos professores, aos funcionários da limpeza e cantina, foi tudo muito agradável, todos muito gentis de primeira. Quando o sinal tocou, começaram a pegar suas bolsas, cadernos e classificadores e foram embora para dar suas aulas, a diretora também voltou para sua sala, me acompanhando até onde nossos caminhos se cruzavam e depois apenas apontando para sala que eu deveria ir. 

Respirei fundo, engoli em seco e caminhei até a mesma, a sala era barulhenta, cheia de adolescentes e desorganizada, seria minha primeira aula na vida para crianças que não se achavam crianças, mas agiam feito elas...

"Ia lá, qual foi da princesinha..." / "Coe da tia, será que ela é a nova prof?" - Cochichos desse tipo foram falados e isso só me deixava mais nervosa. 

Que Deus me ajude a lidar com eles. 

"Bom dia, meu nome é Larissa e eu sou a nova professora de inglês da escola" - Todos me encaravam em silêncio e aquilo estava me deixando nervosa, como vou ter intimidade com eles assim? Meu deus, isso vai ser um desastre. - " Eu queria que vocês arrumassem a sala, pra eu poder enxergar a galera toda, será que dá?" - Tentei com a voz mais gentil possível, aos poucos os alunos se mexeram e organizaram a sala inteira em seis fileiras de índio, arrastei a mesa do professor até o canto da sala e coloquei minha bolsa em cima dela, peguei um de meus pilotos e escrevi no quadro. 

'My Name Is....'


"Certo, qual a situação dessa sala aqui? Alguém consegue traduzir essa frase pra mim?" - Alguns alunos riram e outros cochicharam. 

"Meu nome é." - Gritou o menino da primeira fileira. 

"Ok, estamos no final do primeiro semestre e isso atrasa um pouco todo mundo, já tô sabendo da situação de todos os alunos dessa turma aqui então vou facilitar muito nas provas da semana que vem para você, somente por causa disso, nos próximos não vou pegar leve." - Respirei fundo e escrevi novamente no quadro. 

'Profession.' 

"O tema da prova será profissões, passarei um trabalho como revisão valendo...Quanto vocês acham que eu devo colocar?" - Perguntei, numa tentativa de interagir com eles. Ele se entre olharam e começaram a rir.

"Um dez, talvez." - Um moleque falou no fundo e eu ri junto com todos.

" Ha ha ha, ai não vale, que tal um três? Aí aplico a prova por quatro e se vocês estudarem um pouquinho ficam pelo menos na média." 

Amor De Bandido - Livro I | TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora