Capítulo Vinte e Dois

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O tempo voou e os minutos se tornaram horas, as horas em dias, os dias em semanas e quando menos vi esse seria o último final de semana da greve, segunda-feira voltaríamos a rotina corrida de trabalhos, aulas, assuntos e tudo mais. 

Parece que estou reclamando mas, nunca me senti tão animada com a volta as aulas, sentia saudades dos alunos que me aproximei, dos professores que me tornei amiga, do clima de acordar cedo e dormir tarde corrigindo atividades, testes, provas, poxa vida....

Realmente não via a hora de tudo isso voltar. 

E como se fosse pura coincidência hoje teria baile no morro, como uma despedida, apesar que esse não era o real motivo da festa, mas apenas os alunos e professores entenderiam a piada interna, é claro. 

Eu estava de ótimo humor, e não era pra menos, óbvio, as semanas que se passaram foram simplesmente incríveis, me senti completa e feliz a cada dia que se passou, até quando estava longe dela, ainda tinha aquele clima gostoso e bem humorado que se arrastava atrás de mim por onde fosse. 

Estava agindo como uma verdadeira adolescente, sorrindo pro vento e olhando pro nada, minha vó e Gabriela nunca soltaram tantas piadas sobre mim, e eu particularmente não sabia se ficava irritada ou sem graça, "Toda apaixonadinha...", "Oia Gabi como fica, olhando pro nada.", "E o casamento? É quando?", meu deus eu não aguentava mais, elas transformavam cada suspiro, sorriso ou olhar em algo romântico e apaixonado. 

Eu não podia negar, cada sorriso, suspiro e olhar que eu dava estava pensando nela, mas não era motivo para elas ficaram enchendo minha cabeça com piadinhas e pirraças, eu estava vivendo o momento e elas deveriam me apoiar, não irritar.

Tudo estava correndo tão bem entre nós duas que uma voz maligna no fundo da minha mente se alastrava por meu peito me deixando insegura e ansiosa, temendo por algo que provavelmente nem aconteceria, mas mesmo assim eu sempre me pegava pensando e esperando o pior, uma briga, uma conversa estranha, uma traição, uma atitude errada, qualquer coisa, absolutamente qualquer coisa que estragasse todo o clima ou fizesse as coisas tomarem um rumo diferente, eu estava esperando que qualquer coisa acontecesse para estragar tudo e me puxar com brutalidade para minha realidade. 

Eu gritava do fundo do meu coração, pedindo, implorando mentalmente para que aquilo não passasse de uma voz insignificante enchendo minha cabeça de asneiras para me deixar insegura, para eu poder me tranquilizar, acalmar meus ânimos e ver que tudo estava bem, calmo e feliz, mas acho que não era forte o suficiente para acalmar ela, eu continuava sentindo que algo viria, mesmo que tudo estivesse em perfeitos estados.

Mas saindo desse clima pesado e angustiante de ansiedade e paranoia, eu precisava contar sobre Sabrina e eu.

Ela viria me buscar hoje a noite para irmos juntas ao baile, então eu tinha que estar pronta no horário certo, já que tinha percebido com o tempo o quão pontual Sabrina era.

Era por volta das 15h00 da tarde de um sábado ensolarado e eu já tinha terminado de faxinar toda a casa, estava só o pó e precisava urgentemente descansar, mas como a vida não é um morango, eu tinha separado o dia para lavar o cabelo e ainda pretendia ir ao salão para fazer as unhas, então tinha que adiantar.

Larguei o celular em cima da escrivaninha carregando e fui para o banheiro, me despir, entrei no box e liguei o chuveiro, mudando a temperatura para o frio, já que iria lavar o cabelo, a água gélida fez meu corpo se arrepiar e com muito contragosto entrei no jato de água de cabeça, em poucos segundos meus cachos já estavam grudados em minhas costas, peguei o shampoo, desliguei o chuveiro e apliquei o liquido no topo da cabeça, esfregando ele lentamente e com certa força em cada canto do coro cabeludo, focando em passar o produto apenas na raiz, esfreguei até os braços doerem e então liguei o chuveiro novamente, enxaguando todo o cabelo, peguei uma massagem qualquer do armário e apliquei no comprimento do cabelo, evitando a raiz pra não me causar caspa depois, enluvei cada mexa que separei do cabelo cantarolando músicas aleatórias que vinham em minha mente e quando acabei o prendi no topo da cabeça com uma piranha. 

Amor De Bandido - Livro I | TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora