" O que você quer ser quando crescer, minha pequena?" - Me animei em seu colo, sorrindo bobo como a filhinha do papai.
"Eu quero ser professora, papai!" - Levei os dedos a boca e como um hábito infantil os chupei, me babando quase por completo.
" Não faça isso, Larissa! Sabe que sua mão está suja." - Me retraio em seu colo, escondendo minha cabeça em seu peito, junto a um sorriso sapeca. - "Ah sua sapequinha, venha cá!" - Ele me faz cócegas e eu grito em desespero, gargalhando gostoso e me remexendo em seu colo.
" Para papai! Para por favor!" - Suplico entre um puxão de ar e gargalhadas.
" Mas que barulheira é essa aqui?!" - Minha vó passa pelo vão da cozinha que nos separa da sala e sorri assim que tem nossa atenção. - " Por que está torturando minha bonequinha assim? Venha cá, eu vou te salvar!" - Sem pensar duas vezes me desvencilho dos braços de papai e corro ao seu encontro.
" Eu ainda vou te pegar, sua sapequinha." - Eu dou língua para ele, numa brincadeira inocente e engraçada. Todos riem. De repente ele se levanta e pega seu boné em cima da mesa.
" Mas você já vai?" - Minha vó se separa de mim, me causando uma sensação estranha, me sinto triste de repente, receosa.
" Papai vai sair de novo?" - Levo o dedo a boca novamente, numa mania imparável.
" Larissa!" - Sua voz se torna grave, como uma reclamação e imediatamente retiro os dedos da boca.
" Papai não vá, acabou de chegar..." - Minha voz fica embargada e melancólica, ele muda sua feição séria para uma que se tornou costumeira para mim.
" Minha pequena, eu preciso ir, sabe que eu preciso, tenho que trazer comida para sua pequena pancinha." - Ele me segura de leve pelos braços e limpas minhas lágrimas que insistiam em cair. - "Não chore meu amor, papai vai estar aqui amanhã, minha professorinha!" - Ele coça minha barriga de um jeito que me faça cócegas e mesmo que não queira, não consigo controlar o riso, gargalho alto me esquecendo rapidamente da tristeza de sua ida. "Agora vai brincar em seu quarto."
Ele se levanta e vai em direção a saída da nossa pequena, porém confortável casa, corro para meu quarto, mas paro no corredor, me escondendo e escutando a conversa entre sussurros de meu pai e minha avó.
"Onde acha que isso vai te levar? Isso não é trabalho honesto Júnior! Não te criei para ser vagabundo." - Ela segura seu braço com certa força e ele muda sua feição.
" Mãe, me solte por favor, não se meta nos meus problemas, se preocupe apenas em cuidar de Larissa e o resto eu dou conta." - Ele se solta de suas mãos e ela cruza os braços.
" Esse é o exemplo que quer dar para ela? Se envolvendo com traficantes? Como espera que ela seja quando crescer vendo você descer e subir com uma pistola na cintura? Se seu pai estivesse aqui, sentiria a maior vergonha do homem que se tornou." - Papai estava de costas, mas era notável sua raiva, ele se virou para ela e apontou o dedo em seu rosto, disparando palavras carregadas de ira.
" Nunca mais. Nunca mais ouviu bem? Nunca mais fale de papai de novo, se hoje estou nessa situação é porque ELE não foi homem de me dar um futuro melhor, gastava tudo em bebidas e mulheres, eu não sou perfeito mamãe, não sou o homem que tanto queria que eu fosse, mas dentro de casa nunca falhei com vocês, tudo que faço, o quanto me arrisco é para dar uma vida melhor pra você e pra ela, somente isso me importa, vocês duas, a opinião do resto, não ligo. Agora me deixe ir, ou vou me atrasar!" - Ele vai embora, sem olhar para trás, a senhora fecha a porta e se senta no sofá, choramingando amargurada em silêncio.
Corri direto pro meu quarto e finalmente comecei a brincar, sozinha como sempre, de bonecas, príncipes e histórias imaginárias.
Sinto saudades dessa época. Onde eu não entendia as coisas, não via a maldade do mundo, onde tudo não passava de brincadeiras e beijinhos carinhosos.
Sinto falta de tudo isso....
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Amor De Bandido - Livro I | Trilogia
RomanceEla não era perfeita, de longe a melhor escolha, nossa história tinha altos e baixos, mas passar meu tempo com ela eram meus melhores momentos. Quem vê nem pensa que quase não ficamos juntas, quase mesmo, mas no final, no final eu me entreguei, no f...