Capítulo Dezesseis

1.7K 150 19
                                    


Pov.: Larissa Santana

Eu estava cansada, exausta, não cabia mais tristeza em meu peito. Eu não sabia o porquê estava tão triste, mas apenas estava.

Sabrina tinha me magoada de um jeito que eu não entendia, não tínhamos nada, nos conhecíamos há pouco tempo, não éramos namoradas, não éramos compromissadas, não tínhamos absolutamente nada.

Então por que estava doendo tanto? Por que chorei como criança e me abracei ao travesseiro pedindo que aquilo passasse? Por que queria por um momento que nada disso tivesse acontecido e voltássemos a ficar de boa? Por quê?

Eu só queria entender.

Eu dormir aquela noite, depois que ela foi embora, com muita dificuldade e depois de muitas horas encarando o teto e quando acordei, quase ao meio dia do sábado, sentia como se meu corpo tivesse sido arrebentado, meu rosto estava inchado e meus olhos vermelhos.

Eu precisava cuidar de mim. Estava terrível. Levantei a contra gosto e fui pro banheiro, lavei cabelo, me depilei, cuidei da pele, cuidei de mim em si. Acho que no fundo acreditava que aquilo iria me fazer esquecer de tudo, mas só me fazia lembrar mais e pensar mais.

Me fez sentir mais, fez doer mais, aquilo seria o fim de algo que nem ao menos havia começado e isso me deixou furiosa. Como alguém que deveria ser insignificante me deixava tão triste?

Talvez ela não fosse tão insignificante quanto deveria ser, ou eu não permiti que fosse. Fui tola, burra, estúpida em achar que isso daria em alguma coisa, que isso seria alguma coisa.

Foi melhor assim.

Terminei de pentear os cabelos, vesti uma roupa confortável e sai do quarto, a casa estava uma verdadeira bagunça, a qualquer momento minha vó chegaria e eu nem ao menos tinha lavado um prato. Precisava dar um jeito nisso tudo, talvez assim distraísse a mente.

Comecei na cozinha, lavei, sequei e  guardei os pratos, enchi garrafas, limpei a mesa, troquei o lixo e varri, fui pra sala e comecei arrumando o sofá, limpei o raque, varri e voltei pro banheiro, troquei os lixos, os panos, limpei o espelho e sequei o banheiro, caminhei até o quarto de minha vó e estava intacto, então terminei a arrumação em meu quarto, limpando e organizando apenas o necessário.

Por pura coincidência quando acabei tudo a batida da porta soou na casa, chamando minha atenção, me levantei eufórica e corri pra sala dando de cara com minha vó, meu peito se encheu de ar e felicidade, corri ao seu encontro e rodeei seu pequeno corpo com meus braços.

"Vó, que saudades de ti!!" - Gritei animada, o alívio percorrendo meu corpo, a saudade partindo e dando lugar a emoção de estar em sua presença de volta.

Ela só tinha ficado um mês fora, mas parecia mais uma eternidade, minha vó era tudo o que tinha na vida e ficar tanto tempo longe me partia o coração, eu não podia estar mais feliz por tê-la de volta.

E bem no fundo, pensei que, talvez assim me distrairia pelo resto do dia, ou talvez próximos dias....

(....)

Ontem, liguei pra Gabriela, avisei que minha vó tinha chegado e em um piscar de olhos ela já estava aqui, contou todas novidades, riu, brincou, perguntou sobre seus dias e sua viagem, fez uma verdadeira festa, claro que não conseguiu se segurar e deixou escapar sobre Sabrina, mas eu logo cortei o assunto.

Não tinha o porque de minha vó saber sobre, se já tínhamos terminado  — Seja lá o que tínhamos — tudo, e com muita dificuldade consegui me desvencilhar dos questionamentos dela pra mim também, Gabriela parecia criança em tempo de descobrir sobre o mundo, perguntava a cada segundo o motivo, o que aconteceu, o que eu tava sentindo, o que eu falei, o que Sabrina falou, meu deus fui tão pressionada que me senti no programa de TV soletrando, do Luciano Hulk, quase ouvi a moça falando "Tempo na tela!" de tanta pressão em mim, credo que mulher fofoqueira.

Amor De Bandido - Livro I | TrilogiaOnde histórias criam vida. Descubra agora