Amor De Bandido - Livro I | Trilogia

Capítulo Vinte e Nove

Pov.: Narradora

É engraçado como as pessoas tem pensamentos inconstantes sobre o Tempo, não é? 

Eu já conheci pessoas que batem o pé dizendo: "não sabemos o dia de amanhã, então devemos aproveitar o hoje." 

E pessoas crentes que "devemos esperar pelo amanhã e planeja-lo.".

Mas ninguém realmente pensa que, não precisa de pressa ou lentidão pra algo acontecer em sua vida ou marcar sua história, precisamos apenas de segundos, milésimos de minutos para tudo fazer a diferença.

Como diz minha vó: "Pra morrer, basta estar vivo." 

O destino gosta de brincar com a gente. 

Eu fico imaginando ele sentado em seu trono, se sentindo o rei do universo, gargalhando das nossas desgraças e puxões que a vida nos dá. 

Só quem já foi pego de surpresa pelo destino entende o que é ficar sem chão, o que é seu mundo se transformar em um nada segundos depois de ser tudo. 

Novamente, foi tudo tão rápido...

Quando ela se deu conta, já estava acordada no meio do nada pensando em tudo. 

Lembrou dos últimos segundos de felicidade que teve antes de seu mundo se transformar em cinzas, lembrou do beijo que recebeu carinhosamente de sua vó - E única visão materna que tinha -  àquela manhã, lembrou do sorriso que soltou quando terminou de ouvir o áudio de sua melhor amiga e como se sentiu feliz em finalmente descobrir a verdade.

Porra, se ela pudesse mudar um segundo que fosse de seu passado...
Se ela pudesse tocar, olhar, beijar, sentir por um milésimo de segundo a mais a sua amada...

Ali, no canto daquele quarto escuro e imundo, ela só pensava em como sentia falta de sua bandida, em como queria ouvir sua voz e sentir seu cheiro predominando o ambiente.

HORAS ANTES...

Pov.: Larissa Santana

- Até a próxima meninos! - Me despedi sorrindo falsamente para meus alunos e comecei a guardar meus materiais na bolsa. - ESTUDEM PRO TESTE! - Gritei por último, antes de todos realmente saírem da sala. 

O sinal tocou e eu fui a última a sair, era minha última aula e eu não sei mais pelo que agradecia, se por poder finalmente ir embora ou se por que daqui a quinze minutos iria me deliciar com a comida de minha vó.

Talvez pelos dois...

Me encaminhei até a saída e senti meu celular vibrando por dentro da bolsa, vibrando vezes e vezes seguidas, até que finalmente me dei por vencida e parei no meio do pátio pra pegar o mesmo.

Tinha quatro mensagens de Gabi. Bufei irritada com sua falta de paciência e desbloqueei a tela indo direto para sua conversa, ignorando todas as outras mensagens.

Amiga? Tá ocupada?
Sei que tô sumida esses dias, mas você nem imagina a correria que tá aqui...
Tem uma coisa que descobri e preciso te contar.
Escuta tudinho, por favor.

E um áudio de três minutos.

Novamente revirei os olhos pelo longo áudio, mas escutei mesmo assim, continuei meu caminho enquanto dava o click no som. 

"Mana, foca aqui...Eu fui lá na casa da Sabrina pra desenrolar essa história com ela, eu sabia que tava muito estranho essa desculpinha dela, eu não deveria nem tá me metendo porque, essa franga que deveria tomar vergonha na cara e ir te contar a verdade, mas eu sou outra cara de pau então lá vai... Mendes mentiu pra você Lara, era tudo um plano idiota dela e do povo lá, os rival tão na sua cola porque 'c' é a mina da sub do morro, tem um informante aqui dentro da favela e ela fez todo aquele showzinho pra esse tal informante passar essa visão prós rivais e tirarem você da fita, se ligou? Acharam que com essa ideia iam proteger você...." - Segundos de silêncio. - "Eu 'num' sei que ideia doida foi essa de Sabrina, nem que gato foi que comeu a língua dela naquele dia lá, mas ela te ama ouviu? Ela também tá sofrendo com tudo isso, só não tem coragem de falar contigo, essa franga." - Em meio a quase lágrimas eu sorri com o jeitinho de Gabi, toda bruta. - "Eu não sei o que 'c' vai fazer com essa informação certo? Mas queria que você ficasse ciente que ela só fez aquilo pra te proteger.... E é isso ai." - Fim do áudio.