eu acordo para tempestades
eu me aventuro
braços erguidos para o céu de bronze
eu te aceno
por favor, venha para mim
— azuki lynnNão dormi direito naquela noite. Além do choro, a chuva se agravou e toda vez que eu cochilava, os trovões me acordavam.
Pela manhã, tudo estava escuro.
Achei que tinha acordado no meio da madrugada mais uma vez e olhei a hora. Não, estava tudo certo. O único problema é que chovia tanto e as nuvens estavam tão carregadas, que o sol não parecia ter raiado ainda.
Sentei na cama com a cabeça latejando e a sensação do rosto inchado do choro e amassado do sono. Cogitei não ir trabalhar. Podia fingir alguma doença. Considerando como boatos espalhavam naquela cidade, talvez soubessem que era uma farsa… Mas quem poderia comprovar?
Apesar disso, ficar em casa me deixaria com muito tempo livre para pensar em Cynthia e eu não queria isso. Estar no hospital poderia ocasionalmente me lembrar dela, mas ao menos eu estaria atarefada. Seria a interna mais prestativa que a Jenkins já vira.
Levantei depressa e não importou o tempo que passei sentada. Ainda assim cambaleei e tive que me segurar nas paredes para não cair.
Quando desci, Charlie estava na cozinha tentando demover Bella de ir para a escola.
— Está caindo o céu! — ele disse.
E estava mesmo. O barulho da chuva lá fora, batendo no telhado e nos nossos carros, era terrível.
— Eu vou de carro, pai! — Bella olhou para mim, buscando alguma ajuda, mas dei meu melhor sorriso de "você está sozinha nessa" enquanto pegava um copo d'água para ajudar a aspirina a descer.
— Tris — Charlie também veio até mim buscando reforço, mas parou e seus ombros caíram. — Sinto muito, querida. Eu soube da Cynthia…
Só assenti e agradeci por nenhum deles serem afeitos a abraços. Não queria que ficassem achando que eu precisava de algum cuidado ou pena.
Respirei fundo.
Era só… Sentir e deixar ir.
— Tudo bem… — e tentei outro sorriso, mas não sei se foi convincente. Acho que não tinha mais sorrisos sinceros em mim naquele dia. — Vai passar.
Soube que não os convenci em nada quando Charlie e Bella se entreolharam, desconfiados. Felizmente eles também não costumavam fazer muita pressão.
— Eu já vou — disse, tentando quebrar o clima que ficara pairando sobre nós. — Vejo vocês mais tarde.
— Não acha que devia ficar em casa hoje? — Charlie tentou. — Está chovendo tanto e…
— Não.
O que ele realmente queria dizer era "Você não parece ter condições de ser um ser humano, quem dirá uma médica funcional hoje.", mas ficar em casa trancada no quarto chorando e bebendo litros de chocolate quente não me ajudariam em nada. Eu tinha que me manter ocupada.
Assim, enfiei uma capa de chuva sobre as duas camadas de agasalho que vestia, calcei as botas e me armei com um guarda-chuva antes de sair de casa.
Não dei tchau para ninguém, o que me deixou meio mal assim que entrei no carro, mas tampouco voltei.
Evitei olhar para a casa de Cynthia, mas percebi um carro desconhecido parado à sua frente e não desviei os olhos rápido o suficiente para não ver Thomas — todo agasalhado e protegido, mas ainda meio molhado — levando uma caixa para o carro.
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Sunlight
FanfictionHá anos Beatrice Swan mora com seu pai, em Forks, afastada da mãe e da irmã mais nova. Ela não faz ideia dos mistérios e dos segredos que se escondem na cidade e em alguns de seus habitantes, até a chegada de sua irmã trazer consigo algumas reviravo...