10 - Perguntas

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Por que você estava cavando?
O que você enterrou
Antes que essas mãos
Me puxassem da terra?
Eu não vou te perguntar de onde você veio
Eu não vou te perguntar e você também não deveria
— Like Real People Do; Hozier

Carlisle ligou o aquecedor assim que partiu com o carro e derreti no banco.

O veículo era tão chique — eu não entedia uma vírgula sobre carros, mas até um cego veria que aquele carro poderia ter pago minha faculdade e bem mais — que fiquei apreensiva de fazê-lo num primeiro momento, mas o calor bem-vindo me venceu e relaxei.

Com um suspiro e uma olhada de esguelha, percebi que Carlisle me espiava de volta. Pigarreei e me aprumei no banco.

— Olhos na estrada — comandei. Não ia conseguir focar se ele ficasse olhando para mim.

Ele obedeceu, mas vi o esboço de um sorriso no canto de seus lábios.

— Certo… Começando por… — era difícil escolher por onde começar. Tinha mil perguntas girando em minha mente, todas implorando para serem vocalizadas… Mas talvez fosse melhor começar pequeno para que as coisas não fossem por água abaixo de primeira. — Nome completo.

Carlisle franziu o cenho, mas achou graça.

— Posso perguntar o motivo?

Dei de ombros.

— Quero puxar sua ficha criminal.

Era uma piada, mas na hora que vocalizei, pensei se a ideia era tão ruim assim.

Carlisle riu.

— Você já sabe o nome, não tem nada mais — houve uma pausa e um olhar furtivo em minha direção. — Posso perguntar de volta?

— Olhos na estrada — repeti. — E não. Eu pergunto… — hesitei, arqueando uma sobrancelha. — Mas porque quer saber?

— Quero puxar sua ficha criminal — Carlisle abriu um sorriso zombeteiro e, por um momento, fiquei chocada demais para falar.

Olhei pela janela, tentando encontrar as palavras. Passando pela rua principal de Forks, dava para ver as barracas que começavam a ser montadas para a festa. Mesmo com o dia incrivelmente frio, todos continuavam ali. Se alguém em Forks fosse se abalar com neve ou chuva, nada nunca aconteceria.

Voltei o olhar para Carlisle e então o baixei para as minhas mãos depressa ao ver que ele sorria pra mim.

— Ora, então você sabe brincar também? — ri. Não era nem de perto meu intuito ao entrar naquele carro, mas o riso saiu leve e descontraído e me surpreendeu.

Me atrevi a dar uma olhada nele. Carlisle deu de ombros.

— Uma vez ou outra não faz mal a ninguém.

Balancei a cabeça.

— Helen — disse, um tantinho contrariada. — Meu nome do meio. O resto você já sabe.

Ele assentiu sem parar de olhar para a frente, os cantos dos lábios se erguendo de modo ínfimo.

Pigarreei. Eu que tinha que manter os olhos na estrada, ou então ia me perder.

— Próxima pergunta… — encarei o teto do carro ao pensar. Era difícil circular o tópico mas nunca chegar num ponto, então julguei que conhecê-lo deveria ser um bom modo de começar. Não sabia muita coisa sobre ele, afinal. — Seu filme favorito.

Carlisle ficou confuso, mas riu.

— Como isso vai determinar se sou confiável ou não?

— Ei, minhas perguntas — tentei soar ofendida. — Só responde.

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