5 - Súbita

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Vai vir
quando seu coração estiver pronto para suportar.
— á

Quando cheguei em casa, ainda na terça, Charlie estava dormindo no sofá.

— Pai, acorda — murmurei, balançando seu braço. — Vai para a cama.

Ele abriu os olhos de leve, disse algo que não consegui entender e voltou a dormir.

Suspirei. Não estava exatamente tarde, então ele devia acordar uma hora e ir para o quarto. E eu estava cansada demais pra ficar insistindo.

Subi a escada e espiei o quarto de Bella, que estava com a porta aberta. Ela estava sentada em frente à escrivaninha com o computador desligado e um livro aberto, mas balançava um lápis e encarava a parede com um olhar perdido demais para estar prestando atenção em algo.

— Vai dormir — minha voz saiu tão arrastada que eu poderia muito bem estar aconselhando à mim mesma.

Bella se virou, assuatada por um momento quando interrompi seu devaneio.

— Quê? — ela piscou e esfregou os olhos. — Ah, não. Estou fazendo um dever.

Me escorei na porta.

— Você está quase dormindo.

Ela riu.

— Está falando de si mesma ou tentando uma sessão de hipnose? Por que eu estou ótima.

Mostrei a língua para ela.

— Tá bom, durma às três da manhã — resmunguei, já virando de costas. — Se perder a hora amanhã, a culpa não é minha.

Não tinha me afastado nem dois passos do quarto dela quando Bella me chamou de volta.

— Espera — disse, batucando com o lápis no joelho e me encarando da mesma forma que fazia quando era pequena e queria algo que sabia que não podia. — Se eu te contar uma coisa, promete não me achar louca?

Abri o melhor sorriso que  o cansaço me permitiu.

— Eu te acho louca desde o momento que você aprendeu a falar. Desembucha.

Bella revirou os olhos e mordeu o lábio inferior.

— Sabe quando o Edward me salvou naquele acidente de carro?

— Ah, sim — cruzei os braços, me escorando mais na porta porque estava escorregando. — Eu estava há dias pra te perguntar como foi isso.

— Sim. Bom… Ele não estava perto de mim. Ele estava do outro lado do estacionamento quando o Tyler derrapou para cima de mim.

Franzi o cenho.

— Então o Edward não te salvou?

— Não, ele salvou, sim. E foi graças a ele que o carro parou, também.

Eu acabei rindo.

— O quê? Vai dizer que ele parou o carro com a mão?

Ela ficou séria.

— É, na minha cabeça não é tão ridículo quanto soa.

Suspirei.

— Isso não faz sentido, Bells. Ele não pode ter cruzado o estacionamento tão rápido assim, nem parado um carro com a mão.

Bella bateu com o lápis na boca.

— Não, não pode… 

Balancei a cabeça. Mais dia, menos dia, aquepe Edward era capaz de deixá-la louca.

— Vai dormir, vai.

— Não, ainda tenho esse dever — e usou o lápis para apontar o livro aberto. — Mas como foi seu dia?

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