Nós bebemos o veneno
que nossas mentes servem
para nós
e nos perguntamos
porque nos sentimos tão mal.
— atticusQuarta-feira foi fácil de suportar. Quando cheguei em casa pela manhã, exausta, tudo o que fiz foi tomar um banho e me jogar na cama. As horas passaram por mim sem que eu me desse conta e, quando acordei, meu quarto fora inundado com o brilho alaranjado do pôr-do-sol. Meu corpo estava entorpecido, trôpego, e acima de tudo dolorido. Sentia o rosto amassado depois de tanto dormir e ao me colocar de pé, tudo o que eu queria fazer era deitar de novo.
Mais tarde, descobri que mal registrei o momento onde desci até a cozinha, me obriguei a ingerir meio sanduíche que Bella havia preparado e um remédio para dor antes de voltar para a cama.
Só despertei mesmo no dia seguinte, apenas parcialmente recuperada e com a irrevogável sensação de que algo estava errado. Me arrumei sem conseguir apontar o que incomodava enquanto caminhava pela casa e pegava minhas coisas e a percepção só foi se abater sobre mim quando estacionei diante do hospital e olhei em volta.
O carro preto e brilhante, que destoava dos demais veículos simples do lugar, não estava em lugar algum. Forcei meus olhos até os limites do estacionamento, mas já sabia. Ele não viria. Haveriam ainda alguns longos dias pela frente antes que ele voltasse.
Suspirei e me afastei dali, entrando no prédio.
Tinha que me convencer de que sua ausência era boa. Eu precisava disso para pensar. Mesmo com ele a quilômetros de distância, ainda sentia minha pele e mente inebriadas por provado do seu toque. Meu andar era bobo, leve, e era exatamente por todos aqueles motivos que Carlisle precisava ficar longe.
Eu precisava pensar. Nele, em mim, em nós e em todas as implicações disso.
Era óbvio que ele havia se esforçado para me dar o máximo da verdade que podia, não podia acusá-lo de não fazê-lo, e eu poderia descartar em paz agora as possibilidades absurdas das lendas quileute de Leah. Ela estava certa, aquilo tudo era besteira, e se por um momento perpassou minha mente, foi em um segundo de insanidade.
Eu só podia presumir, então, que o que quer que Carlisle tivesse feito, envolvia gente grande. Gente grande e perigosa, que agora ele queria manter longe de mim e dos filhos. Os filhos dele…
Se eu tinha alguma certeza era do quanto ele amava aqueles adolescentes, então não podia lhe pedir por mais quando o que ele me dissesse poderia colocá-los em risco. Não… Agora a questão recaía no quão bem eu poderia ficar com o fato de que nunca haveria uma explicação. Ele provavelmente jamais me contaria algo além do que confessara naquela sala, quando seus olhos me deram a impressão de que eu havia vislumbrado algo muito maior do que poderia imaginar.
Certo… Precisava pensar. Mas primeiro… Precisava trabalhar.
Minhas expectativas para os dias subsequentes eram baixas e quinta e sexta-feira se provaram dignas delas. A maioria das crianças tinha obtido alta na quarta, quando eu não estava, relegadas ao tratamento de repouso e hidratação. Não havia muito mais o que se pudesse fazer quando se tratava de viroses.
Assim, o hospital de Forks havia voltado à sua calmaria, mas descobri que isso era algo difícil de suportar quando minha percepção de tempo era lenta e arrastada. Preferia que me colocassem para correr de um lado para o outro, até mesmo para acalmar as crianças chorosas, mas não… Estávamos entregues ao marasmo.
Leah e eu nos cruzamos algumas vezes e, durante o almoço, concordei em visitá-la no final de semana. Mas não lhe mencionei a conversa com Carlisle ou as coisas que não haviam sido ditas… As coisas que faziam minha pele se arrepiar apenas por lembrar.
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Sunlight
FanfictionHá anos Beatrice Swan mora com seu pai, em Forks, afastada da mãe e da irmã mais nova. Ela não faz ideia dos mistérios e dos segredos que se escondem na cidade e em alguns de seus habitantes, até a chegada de sua irmã trazer consigo algumas reviravo...