11 - Ceder

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"Quero dizer, sim, nós estamos afundando."
Mas a música é exepcional.
— desconhecido

— E então?

— E então é isso. Acabou.

Bella olhou para mim, descrente, olhos arregalados e boca meio aberta.

Estávamos sentadas na escada, lado a lado no mesmo degrau, e ela estava tentando destilar todos os detalhes da minha conversa com Carlisle.

— Mas... Ele não disse nada sobre... Aquele dia na escola?

Joguei a cabeça para trás.

— Não — eu játinha respondido aquilo pelo menos duas vezes. — E nem vai falar por agora. Não parece o tipo de coisa que ele vai dizer facilmente, então claro que não teria me dito hoje!

Bella pensou um pouco, movendo o bico de um lado para o outro. Batia o pé incessantemente e apertava as juntas dos dedos como se quisesse estalá-los. Não entendia tamanha inquietação. Mesmo que o segredo dos Cullen não pudesse nos ser revelado, não podia representar algo tão grande a ponto de causar tamanha preocupação.

— Bells — falei, devagar mas urgente. — Você sabe de alguma coisa?

Ela piscou, como que acordando de um transe.

— O quê?— olhou para mim depressa. — Não, não... Só estou pensando... Você confia neles?

Respirei fundo, batendo com as mãos nas pernas antes de me levantar com alguma dificuldade.

Não queria falar daquilo. Continuar martelando na mesma tecla agora que as coisas estavam se ajeitando.

— Em todos, não sei, mas confio em Carlisle.

Comeceia subir a escada, meus passos muito mais pesados pelo gesso.

— Eles escondem algo.

Não sei se ela falou mais consigo mesma ou comigo. Se pensou alto ou quis mesmo verbalizar. Ainda assim, falei também.

— Eu sei disso.

. . .

No dia seguinte, não nevava mais.

Acordei com o quarto meio escuro e, enquanto tentava me situar no mundo, ouvi o barulho. Como… Pedras, açoitando o telhado. Ergui a cabeça levemente para olhar pela janela e vi a água escorrendo pelo vidro, se derramando sobre Forks com uma força surpreendente.

Gemi, jogando o braço por cima do rosto. E então um pensamento horrível me veio à cabeça…

Se choveu a noite toda, estando tudo coberto de neve…

Levantei como pude e ginguei até a janela, quase tropeçando no caminho. Lá fora, estava a prova das minhas hipóteses:

Pequenas agulhas cristalinas pendiam das árvores e uma camada de gelo cobria todo o chão, tornando o mundo uma armadilha letal.

Pensei no que diriam se eu ligasse para o hospital dizendo que não podia ir trabalhar porque não conseguia dar mais que dois passos para fora de casa… Não seria algo bom, com certeza.

Assim, me arrumei — e percebi que o fiz com mais rapidez que de costume — e desci.

Lá embaixo, Leah estava sentada na cozinha e Charlie lhe estendia uma caneca fumegante. Bella mancava ao tentar colocar os sapatos, andar e impedir a mochila de cair dos ombros ao mesmo tempo.

— Ah, bom dia! — Leah começou a se levantar. Ela ainda usava o uniforme de enfermeira e supus que saíra no meio do plantão para me buscar.

— Hmm… Me atrasei um pouquinho — lhe ofereci um sorrisinho apologético ao entrar na cozinha e roubar uma das torradas que Charlie fazia.

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