Há uma coisa bela dentro de você que tem milhares de anos.
— Nikita GillVisitei Cynthia todos os dias. Quando tinha trabalho e quando não tinha. Quando estava de plantão ou no horário de almoço. E queria poder dizer que vi alguma melhora, mas a sensação era de que ela ficava mais fraca à cada dia.
— Por que não me contou? — perguntei no dia seguinte à internação dela.
— Não achei que fosse sério — Cynthia abriu um sorriso fraco. — Mas não se preocupe… — e tossiu um pouco. — O George vem me buscar.
Ela repetiu isso quase todo dia e eu não tinha a coragem de lembrá-la que ele não viria, estando ela daquele jeito. Nós só… Conversamos. Sobre tudo e nada, ao mesmo tempo. E apesar do que vivia repetindo, acho que Cynthia nunca esteve tão lúcida quanto naqueles dias.
Uma semana depois da internação dela, entrei em seu quarto — escondida, porque não podia visitá-la sempre por não ser da família — e a encontrei dormindo.
Num arroubo, chequei seu pulso. Sim, só dormindo.
Suspirei e sentei na poltrona ao lado de sua cama. Estava muito cansada. O trabalho continuava o mesmo de sempre, mas acho que os últimos acontecimentos estavam pesando sobre mim.
Deixei a cabeça pender para o lado, a descansando no ombro mesmo. Ia ficar ali só por uns minutinhos, ver se Cynthia não acordava… E acabei dormindo sem perceber.
Acordei sem saber quanto tempo se passara com alguém chamando meu nome e balançando de leve meu braço.
Primeiro, não acreditei no que vi quando abri os olhos. Ainda não tinha me situado e pensei estar em casa.
Então, obviamente, o fato do Dr. Cullen estar curvado sobre mim com um olhar meio alarmado foi… Confuso.
A mão dele estava absurdamente gelada, mas supus que fosse só o ar-condicionado do hospital. Além disso, o fato de ter adormecido ali me deixara com frio e estremeci.
Ele afastou a mão.
— Não pode dormir aqui — disse, não como uma reprimenda mas sim com um toque de preocupação.
Tratei de levantar, mas o fiz rápido demais e perdi o equilíbrio. Ia cair de volta na poltrona se ele não tivesse me segurado pelos cotovelos.
— Eu sei, eu sei — franzi o cenho, fechando os olhos por um instante porque o quarto estava girando. — Só queria ver como ela estava…
O Dr. Cullen olhou para Cynthia, adormecida, e depois para mim.
— Vocês se conhecem?
Eu pisquei. Ele ainda estava me firmando. E não acho que estivéssemos muito próximos… Mas ainda era mais do que qualquer outra vez. Fiquei tonta de novo, mas por um motivo totalmente diferente.
Dei um passo para trás, me desvencilhando dele com delicadeza. Isso não ia ajudar em nada minha meta de "não me apaixonar pelo médico bonito".
— É minha vizinha — respondi, mas demorei um pouco para isso. — Eu a trouxe pro hospital.
O Dr. Cullen assentiu, muito sério.
— Fez bem. Ela não teria resistido se não o tivesse feito.
Ele parecia estar envolvido com o caso dela. Contive a vontade de lhe perguntar se achava que ficaria bem. Não sabia se preferia que ele mentisse ou não.
Desviei o olhar para Cynthia.
— Eu não sei se ela vai resistir, de qualquer forma.
Só percebi o que tinha dito depois das palavras saírem da minha boca. Não estava ofendendo ninguém, mas não quisera enunciá-las em voz alta. Me pareceu… Pessoal.
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Sunlight
FanficHá anos Beatrice Swan mora com seu pai, em Forks, afastada da mãe e da irmã mais nova. Ela não faz ideia dos mistérios e dos segredos que se escondem na cidade e em alguns de seus habitantes, até a chegada de sua irmã trazer consigo algumas reviravo...