3 - Oscilação

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Não olhe em volta, você me encontrará suspirando,
enquanto você me pergunta novamente, qual a beleza de um adeus
DG

A semana passou como qualquer outra.

Eu já tinha minha pequena rotina e a chegada de Bella não a mudou, tirando o fato de que agora eu tinha com quem conversar em casa. Charlie não era ruim, mas morar com ele era quase como morar sozinha. Ele era quieto, e eu entendia. Bella também era, mas termos crescido juntas ajudava a conseguir arrancar risadas suas.

Não tive que trabalhar na quinta ou na sexta, mas isso não significava que não fiz nada.

Nós tínhamos uma vizinha, Cynthia Crawford. Era uma senhorinha de 90 anos, muito amigável e divertida. Era viúva e morava sozinha, tendo sido deixada ali em Forks pelos filhos e netos, e sofria de Alzheimer, mas ninguém nunca se incomodou em cuidar dela ou colocá-la em um asilo e como eu não tinha o poder de fazer isso, a visitava pelo menos uma vez por semana.

Passei os dois dias com ela, jogando xadrez e conversando. Isso era bom para o Alzheimer, então a fazia despejar sua vida em mim e sempre lhe perguntava sobre coisas que já tinha me contado.

Durante os anos, eu já a levara ao hospital algumas vezes. As enfermeiras achavam impressionante que ela confundisse o filho mais velho e o marido falecido, mas sempre lembrasse do meu nome e nossas conversas. Diziam que ela ficava mais lúcida perto de mim.

No final de semana, fomos praticamente só eu e Bella. Charlie estava acostumado a trabalhar até mesmo nesses dias, então tentei encontrar algo em Forks que ela pudesse gostar também.

No sábado, a levei para a biblioteca. Não era muito bem abastecida — eu mesma frequentemente preferia ir até Seattle ou Olympia, mas não estava com o tanque cheio o suficiente pra isso —, mas achamos alguns títulos bons.

Decidi que queria algum romance nos mistérios que andava lendo e peguei Drácula, enquanto Bella buscou os livros que sua escola pedia, mas que não havia trago consigo.

Depois, sentamos em um café com nossos volumes. A chuva caía fraca lá fora, mas dentro do estabelecimento estava quente e abafado e pudemos tirar os casacos.

— Tem um garoto na escola… — ela começou, se debruçando sobre a mesa.

Abri um sorrisinho, mas Bella logo o afastou.

— Não! Não é assim! Eu não gosto dele. E ele parece que não gosta de mim mesmo.

— E quem é?

Ela hesitou.

— Edward Cullen — disse baixo mesmo que não houvesse ninguém por perto para nos ouvir.

— Ah — eu, que estivera curvada sobre a mesa também, me reclinei com um suspiro. — Entendi. Ele fez alguma coisa pra você?

— Bom, não — Bella também se reclinou e brincou com os próprios dedos. — Eu o vi pedindo pra mudar de turma depois que sentei com ele na aula de Biologia. E desde então ele não foi mais pra escola.

Franzi o cenho.

— Eu não faço ideia… — confessei, porque aquele tipo de coisa não fazia sentido nenhum. — Vai ver ele só ficou doente, Bells, e por isso não está indo.

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