recaída

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A minha vida nunca foi fácil. A minha vida continua a não o ser, embora o maior obstáculo da minha felicidade já não me possa atormentar. Ele já não está aqui, mas eu nunca estarei bem.

O teto é branco. As paredes do quarto são brancas. Moveis de madeira, com design moderno. Nada disto me diz alguma coisa.

De todos os lugares que poderia estar, eu estou aqui. Numa cama que me é desconhecida, numa casa que não é minha. Sinto-me vazia, sinto-me perdida. Uma pessoa perdida que sabe onde está. Pelo menos fisicamente.

E aqui estou eu, há cerca de duas horas, deitada na minha cama, na minha casa, a olhar para o teto do meu quarto. Um teto branco.

Deixo o peso do meu peito me superar. Está a acontecer de novo. Mas não me importo em gritar, ou chamar a minha mãe. Fico a suportar a dor do vazio que sinto, uma dor insuportável, uma dor que deixa marcas, esta dor que está sempre comigo e que me apanha desprevenida nos momentos mais felizes.

Sinto as lágrimas chegarem à minha boca e só aí percebo que estou a chorar.

O teto está preto agora. Ou então fui eu que fechei os olhos. Não sei. Já não sinto nada, já não me sinto.

Os lugares por onde andei foram poucos, mas nada tão bonito como isto. Hectares e hectares de um lindo prado verdejante se estendiam à minha frente. Uma única árvore se mantêm de pé e dirijo-me para lá, abrigando-me do sol. Sinto-me fresca, sinto-me viva.

Porém, ao olhar para toda aquela paisagem, algo parece mal. Eu não devia estar aqui. Então eu lembro-me que eu estava deitada na cama a ter uma crise.

Eu estou aqui tão bem.

Seria assim tão mau se ficasse por mais algum tempo?

O espaço à minha volta começa a desaparecer e sei que estou a ser obrigada a acordar.

"Está tudo bem. Está tudo bem." Ouço a voz da minha mãe sussurrada no meu ouvido e por momentos é só isso que ouço: a frase é dita, uma e outra vez. Mas uma irritante sirene é ouvida e não a consigo ignorar.

Estou a ir para o hospital? Nunca fui para o hospital por causa disto.

Os meus olhos ainda estão fechados e não consigo abri-los. A preocupação aumenta.

"Os batimentos estão mais rápidos. Ela deve estar a acordar." Uma voz desconhecida fala. Sinto um aperto na minha mão forte e percebo que é a minha mãe.

Eu não consigo acordar. Eu estou acordada, eu ouço e sinto as coisas, mas não consigo abrir os olhos.

Os movimentos constantes da ambulância param. Sinto a minha maca mexer-se e sinto um pequeno solavanco. Abro os olhos instantaneamente, surpreendo-me pelo facto de ter sido fácil fazê-lo.

"Dorothy." A minha mãe chora ao meu lado, mas eu encontro-me confusa. O que aconteceu?

A minha mãe tem lágrimas a escorrem-lhe pela cara e isso faz-me querer chorar. A culpa é minha por ela estar assim.

Vejo-a a ficar para trás quando a minha maca é afastada para dentro de uma sala. Eu observo toda a atrapalhação dos paramédicos a tentarem deixar-me confortável, e agradeço silenciosamente por isso.

Uma mulher de bata branca entra na sala e vem em direção à minha maca, ficando em frente à mesma apenas encarando-me.

"Então que aconteceu?" Ela pergunta a um dos paramédicos que me acompanham.

"Ela apareceu inanimada e os sinais vitais dela estavam fracos. Parece algo mais do que uma quebra de tenção qualquer." O tom de voz dele parece preocupado, o que me preocupa a mim.

"Vamos fazer alguns exames." Ela olha para mim com um enorme sorriso, acalmando-me. "Podem sair, obrigada."

Os paramédicos saem da sala e estou sozinha com a médica simpática. "Vou chamar a enfermeira e ela vai te tirar sangue. Algum problema?" Abano negativamente a cabeça. "Bom, eu já venho então." Ela sai e sou deixada sozinha.

O teto é branco. As paredes são brancas. Existe uma máquina ao lado da maca que faz um barulho estranho. Ela é branca também.

Sou deixada a pensar e isso assusta-me. Todas as vezes que isto já me aconteceu, esta sensação de vazio, esta dor persistente no meu peito, eu ficava bem. As seções resultavam e já não acontecia tão frequentemente como no principio.

Ninguém sabe ao certo o que há de errado comigo, existe apenas um vazio, um medo absurdo de estar sozinha, uma dor no peito que me sufoca. Todas as vezes que isto me aconteceu, eu recuperava milagrosamente, como se nada tivesse acontecido.

Mas desta vez eu deixei-me ir. Deixei-me consumir e afundei-me na escuridão. Não quero que aconteça de novo.

Uma enfermeira entra no quarto e respiro fundo. Não estou sozinha.

Ela aproxima-se de mim com um sorriso e com uma seringa na mão preparada para me tirar sangue. Faz-me um pouco de impressão, mas neste momento estou dormente.

"Tens de vestir isto." Ela entrega-me uma bata azul. "Daqui a um bocado vais fazer mais exames,okay?" Ela fala delicadamente. Abano com a cabeça afirmativamente. "Queres que chame a tua mãe?" Mais uma vez abano a minha cabeça e ela sai do quarto.

A minha mãe entra segundos depois, juntamente com o meu tio.

"Dorothy." A minha mãe vem até mim, ainda a chorar. Abraça-me gentilmente, embora ache que ela me queira apertar com mais força, ela não o faz com medo de me esmagar.

O meu tio está do outro lado da minha maca, olhando para mim com um pequeno sorriso do que acho ser de alivio, mas não dou muita importância quando vejo uma figura entrar pelo quarto.

Os meus lábios partem-se e os meus olhos abrem-se em surpresa.

"Liam?"

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Vou ser breve. Assim espero.

Olá antes de mais. Espero que tenham percebido o porquê dela ir à terapia, senão no próximo capítulo, irão perceber melhor, don't worry.

Vou tentar, e repito tentar, atualizar todas as semanas, pelo menos um capitulo, porque acho que assim vos vai manter mais interessadas, não sei. Mas principalmente porque estou a gostar de escrever e acho que vou conseguir colocar uma vez por semana. Acho. Se isso acontecer, será sexta ou sábado.

Espero que estejam a gostar, porque eu definitivamente estou a gostar de escrever, principalmente estes últimos capítulos.

Tenho editado os primeiros capítulos, porque acho que estão uma bosta, mas não mudei nada ao curso da história. Só as descrições dos sentimentos das personagens estavam muito pobres e tentei enriquecê-las, não sei.

Já não consegui ser breve, mas acho que esclareci tudo. Tenho tentado ao máximo alongar os meus capítulos, e a colocar ação em todos eles, porque reparei que existem capítulos só para "encher" e eu não gosto disso, então espero não voltar a ter nada do género.

Desculpem a nota gigante, mas votem, comentem ou façam o que quiserem

Love you guys. Byeeeeee

BabyPopcorn xx

The White Bus |l.p|Onde histórias criam vida. Descubra agora