Arrumo as "coisas" de vidro, que a minha mãe tanto preza – não sei bem porquê – cuidadosamente numa mala gigantesca. As coisas que a minha mãe tem! Tu nunca sabes que tens realmente em casa até que tens de arrumar tudo, já diz o ditado, e é tão verdade!
As coisas da cozinha estão arrumadas e vou agora para o meu quarto arrumá-lo. Já empacotei as minhas roupas, mas falta arrumar algumas gavetas.
A minha mãe entra eufórica em casa, comportamento inaceitável se o meu pai aqui estivesse.
A casa está muito mais calma, depois de ele ter partido. É um sentimento de paz emocionante e vejo-me a repreender os meus pensamentos com o facto de que ele era o meu pai e que ele está agora morto.
"Dorothy!" ela chama exausta da corrida que dera, mas mais ainda excitada com as notícias que espero que me dê imediatamente.
"O que se passa?" pergunto curiosa e um pouco assustada.
"Empacota as tuas coisas. Vamos para a casa do tio Richards."
Sorrio ao recordar este momento, ocorrido à uma semana. Naquele momento sentia-me feliz porque já não iria ter de me mudar para longe desta cidade. E do Liam. No entanto, a pergunta que não quer calar é: Porque é que o tio Richards nos deixou ficar assim tão facilmente? Parece-me um bocado suspeito visto que ele não gostava nada do meu pai. Talvez porque ele não está mais aqui, ele pense que não deve abandonar a sobrinha. Talvez seja isso.
Arrumo adequadamente a minha primeira gaveta, que é onde está um monte de tralha que já não uso, espreitando em cada memória escondida.
Encontro inúmeros colares e pulseiras que só usei no máximo uma vez em toda a minha vida. Dados pela minha mãe. Coloco dentro do saco para levar para a casa do meu tio. Encontrei também um pequeno bloco de notas onde eu escrevia os meus apontamentos quando ainda ia para a escola. Dado pela minha mãe. Levo, apenas para recordar os tempos mais "felizes". A caixa do meu mp3, que me foi dado pela minha mãe, para eu não ouvir as discussões cá em casa, está no canto ao fundo da gaveta. Lixo.
Decidi que tudo o que me coloca para baixo vai ficar para trás. Não há necessidade de levar comigo coisas que me atormentam.
Sinto uma pequena irregularidade no fundo da gaveta e pressiono-a para ver o que é. Por causa da minha força, um pequeno papel descola-se da gaveta, caindo no chão.
Arrumo a gaveta no seu sítio e apanho o papel caído. É uma folha irregular, com relevos em todo este e uma cor meia amarelada. Parece antiga.
Sou rapidamente movida a desdobrar o papel e verificar o seu conteúdo, mas sou parada pela minha mãe que bate à porta do meu quarto.
"Já está?" pergunta com a sua voz suave e descontraída, embora os seus olhos encontrem-se um pouco cansados.
"Está quase." Respondo prontamente, guardando no saco o papel.
A minha mãe entra no meu quarto ajudando-me a arrumar tudo o que falta.
Hoje saímos daqui e vamos nos instalar na casa do meu tio. A minha mãe avisa-me que o meu tio telefonou-lhe – para o seu novo telemóvel que ela própria comprou! – e disse que já estava quase a sair de casa para nos vir buscar.
Os moveis e tudo o resto ficam para trás, para o próximo dono, pois não temos onde colocá-los na casa do meu tio e citando a minha mãe: "A casa é dele, não podemos mobilá-la como quisermos!".
Uma buzina é ouvida lá fora e sei que é ele. Sei disso porque a reconheço de ouvi-la todas as manhãs na última semana, porque o meu tio Richards tem me levado à terapia, obstante de todas as minhas recusas. Por isso, não vi Liam toda a semana.
Eu saio rapidamente da casa, entrando no banco de trás do carro do meu tio, sem olhar para trás. Sem aquelas lamechices de ficar para trás, olhando para cada parede da minha antiga casa –como normalmente acontece nos filmes – relembrando todos os momentos que passei lá. Não o faço, porque embora tenha crescido naquela casa, este lugar trouxe-me mais coisas más do que boas.
A minha mãe senta-se no banco da frente e cumprimenta o meu tio com o simpático "Boa tarde." O meu tio retribui e começa a viagem, contando o quão animado e feliz está por nos ter em sua casa, visto que este mora sozinho e "é sempre bom ter companhia". No entanto, pressinto que as suas palavras seriam diferentes se o meu pai estivesse vivo.
A sua casa é consideravelmente grande. Não se pode dizer que o tio Richards é rico, mas de certeza que a sua situação financeira é o último dos seus problemas.
"Podem sentar-se à vontade. A casa é vossa agora." O meu tio esclarece assim que adentramos pela porta da frente e vislumbro, com mais pormenor do que das outras vezes que cá estive nesta semana, a casa que agora vai ser "minha".
A minha mãe revolve responder politicamente correto dizendo que a casa é apenas dele e que nunca se vai esquecer do seu gesto carinhoso para connosco.
Eu decido ir para o quarto que está destinado a mim. "Onde é o meu quarto?" pergunto, tentando parecer o mais educada possível, para não "humilhar" a minha mãe.
"Sobes as escadas, a primeira porta à direita. " Assinto e agradeço, subindo de imediato as escadas não muito longas, mas o suficiente para me cansar, indo de encontro ao meu quarto.
Abro a porta que ele me disse encarando um quarto de hóspedes normal. Não tem muito luxo, é apenas uma cama, mesa de cabeceira, secretária e um guarda-fatos normais, sem grande design.
"Estás livre para fazer a decoração que quiseres." Uma voz grave soa atrás de mim, fazendo-me virar.
"Está bom assim." Respondi simplesmente. Eu gosto de simplicidade e este quarto é o reflexo disso.
"Tudo bem. Espero que te sintas bem aqui em casa." Ele disse e sai logo a seguir.
É tudo o que eu mais quero. Sentir-me bem.
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WOWWOWO GRANDE CAPÍTULO HUH?
Bom, é isto, adorei saber o que vocês pensavam ser a suposta pessoa que o Liam perdeu. Por isso, quero saber o que vocês pensam que é o papel que a Dorothy encontrou. O que vocês acham??
Espero que tenham gostado.
Ah, e dedico o capítulo à porque né? Ela pediu e como ela comentou e é fofa e dá valiosas opiniões e corrige os meus erros e pronto já chega.. ELA MERECE PESSOAL!
VOTEM, COMENTEM, FAÇAM O QUE QUISEREM!
BabyPopcorn xx
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The White Bus |l.p|
FanfictionNão é como se uma viagem de autocarro fosse mudar a minha vida, certo?