Liam Payne
Deitado nesta cama, descanso a minha cabeça na almofada branca e penso. O cigarro enrolado na minha mão pesa-me na consciência, mas afasto esses pensamentos rapidamente. Não quero saber dos desapontamentos que estou a causar no momento, até porque ninguém me está a ver agora.
O silêncio no meu quarto relaxa-me juntamente com o cigarro na minha boca e sorrio cinicamente. Era óbvio que não poderia ficar tudo bem por muito tempo, eu nunca dou certo. Tão fácil de imaginar o sorriso do meu pai e o orgulho nos olhos da minha mãe, mas é tão difícil manter-nos da maneira como devemos ser.
Dorothy passa pela minha mente. Obviamente que gosto dela, mas no momento não consigo parar por ela, talvez esteja aqui a fumar por ela. Abano a cabeça, repreendendo-me imediatamente. No entanto, não deixa de ser verdade. Sinto por ela um carinho enorme, que transcende os limites de compreensão de muita gente, quero dar-lhe tudo o que merece, mas está para além de mim, para além das minhas forças.
Mais um trago daquele nojento cigarro. A verdade é que não gosto de cigarros, mas é uma melhor alternativa às drogas. Por esse caminho não quero passear nunca mais.
Mensagem recebida
Olho para o meu telemóvel onde consigo ver quem mandou a mensagem. Dorothy.
Não quero ver a mensagem, porque sei que assim que o fizer vou acordar. Eu quero mais uns minutos de dormência.
Levo o cigarro à minha boca mais uma vez, acabando com o mesmo. Não tenho cinzeiros por isso lanço o que resta para baixo da cama, não me preocupando com o facto da minha mãe arrumar o meu quarto mais tarde. Olho para o teto sem pensar nalguma coisa em particular, mastigando a parte interior da minha bochecha.
Quero ver a mensagem, mas tenho receio de que ela esteja a pedir a minha ajuda. Sinto que só sirvo para isso ultimamente. Repreendo-me por pensar dessa maneira, porque na realidade Dorothy é tal como eu, partida e perdida, mas este drama constante na sua vida afeta-me de uma maneira que pode ser inaceitável.
Quero estar com ela para tudo, mas estou cansado. Não sei de metade e já não quero saber de mais. É difícil de dizer, mas é o que sinto. Porém, gosto demasiado daquela rapariga quebrada para a deixar, ou para sequer pensar nisso.
Não acredito na maneira egoísta que a minha mente está a trabalhar no momento. Poderia culpar o cigarro, mas não estaria a enganar ninguém. Resolvo ganhar tomates e procuro o meu telemóvel na mesa de cabeceira, ainda com os meus olhos colados no teto do meu quarto. Deve ter passado meia hora desde que ouvi o som de mensagem. O telemóvel faz outro barulho entretanto acusando outra mensagem.
As mensagens eram ambas de Dorothy, como suspeitei.
Preciso de ti.
Já sei a verdade.
Que verdade estará ela a falar? Imediatamente começo a digitar uma resposta, mas paro subitamente. O que está a acontecer?
Sei que tenho que falar com ela, eventualmente, sei que preciso, mais do que tudo, falar com ela. Eu gosto dela. Muito.
Existem tantas coisas erradas com ela, e comigo. Começo a fazer uma lista mental de todas as coisas erradas e chego à conclusão que existem, pelo menos, quatro.
1) As nossas conversas são muito vagas. Tudo o que ela me diz é apenas o que ela quer que eu saiba.
2) A minha atitude estúpida e egoísta perante o meu ponto anterior.
3) O facto de eu estar a pensar em coisas erradas entre nós, quando o mais errado nisto tudo sou eu.
4) O facto de eu não saber nada acerca desta rapariga.
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The White Bus |l.p|
FanfictionNão é como se uma viagem de autocarro fosse mudar a minha vida, certo?