A mensagem é enviada. Não desvio o meu olhar do meu telemóvel durante os próximos cinco minutos, não obtendo nenhuma resposta. Sinto-me mal porque ele não respondeu, já que ele sempre me responde imediatamente. No entanto, no momento não dei muita importância, já que outras coisas estavam a acontecer à minha volta. Coisas realmente esclarecedoras e assustadoras, ao mesmo tempo.
Sento-me na cama, enquanto ouço o meu tio a bater na porta repetidamente. Não quero ouvir mais nada do que sai da sua boca, mas quero saber a verdade. Talvez o que ele está a dizer seja tudo mentira, sou apenas uma rapariga ingénua que ele quer enganar. Estou confusa.
Ergo as minhas mãos até à minha cabeça, sinto que esta vai explodir. Os meus olhos estão fechados, abraçando a escuridão que aparece. Sei que em algum momento vou ter de abrir aquela porta e vou ter de ouvir seja lá o que for que o meu tio tem para dizer.
"Dorothy, abre a porta, por favor." Pede, pela centésima vez, o meu tio. Abro os olhos, fixando-os na porta. Antes de me dirigir até à porta para a abrir, verifico o meu telemóvel, mais uma vez. Nada.
A porta é aberta, deixando o meu tio com uma cara surpresa. Tento que a minha cara transpareça o mínimo de emoção possível. Percebo que falhei, quando o meu tio me lança um olhar de pena. Os meus olhos devem estar inchados do esforço que fiz para não chorar.
Quando o meu tio passa por mim, fecho a porta e preparo-me pelo que vem a seguir.
"Dotty..." Chama a minha atenção, enquanto se senta na minha cama. Sinto os meus olhos a marejar quando me viro repentinamente para ele. Não posso deixar que ele me chame dessa maneira. Eu não quero que ele me conforte. Só quero uma coisa dele. A verdade.
"Não." Aviso. "Só te deixei entrar porque quero saber a verdade." Esclareço, com a minha voz mais fria.
Mordo o interior da minha bochecha, quando o tio Richards olha severamente para mim. Não sei o que ele está a pensar, mas tenho vontade de explodir em lágrimas. Tento ao máximo não o fazer, pois não quero mostrar que isto me está a afetar. Embora esteja. Muito.
Os seus ombros descaem quando parece desistir da sua forma dura de estar. Percebeu que não conseguirá lutar comigo nisto. Ótimo. Agora podemos falar.
Um suspiro sai pela sua boca, quando finalmente começa a falar. "Nem sei por onde começar, Dorothy." A sua visão caiu nas suas mãos presentes no seu colo, enquanto tenta arranjar palavras. Porque é que ele se está a comportar desta maneira? Há uns minutos atrás parecia estar muito calmo. Mas não posso deixar de ficar contente por isto não afetar apenas a mim. .
Sinto as minhas pernas a fraquejar, mas recuso-me a sentar à sua beira. Em vez disso, mudo de posição, ficando de braços cruzados. Richards parece perceber a minha inquietação e tosse ligeiramente, clareando a garganta. "Bom, acho que posso começar a falar-te daquela carta." Disse, finalmente, o homem à minha frente.
Quero saber tanta coisa que não consigo pensar em nenhuma pergunta para lhe fazer. Fico então calada à espera que o homem intervenha de novo.
"Não sei quem é o teu verdadeiro pai, Dorothy, se é isso que queres saber. Ninguém sabe, a não ser a tua mãe. Dereck nunca quis realmente saber." Esclarece, sem olhar para mim. "Quando ele soube, ele veio a correr até mim, chorava desalmadamente. Estava completamente perdido. Desnorteado. Não sabia o que fazer. Aconselhei-o a continuar com a tua mãe e continuar a criar-te como filha." Ele fez uma pausa breve, olhando para mim, para ver se ainda o estava a ouvir.
Os meus olhos estavam semicerrados, não compreendendo a sua mudança de humor. Parecia que estas palavras que dizia, estavam a doer-lhe a um nível mais profundo.
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The White Bus |l.p|
FanfictionNão é como se uma viagem de autocarro fosse mudar a minha vida, certo?