Começou tão bem, porque tinha que acabar daquela maneira.
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Liam olha para mim. Sinto-me observada, mas não sei bem o motivo. Ele é que deveria se sentir assim, se não o está a sentir.
Ele contou-me grande parte da sua história e eu sinto-me uma parva ao olhá-lo sem dizer uma única palavra. Não digo nada, não mexo nada. Eventualmente, ele olha para o chão envergonhado.
"Eu sei que é difícil, mas gostava que falasses alguma coisa" Ele pede e sinto pena. Não dele - ou talvez um pouco - mas sinto pena do que ele teve que passar, da sua história e da sua amiga. Fico apreensiva, contudo. Ouvi-lo falar de Rose leva-me um aperto no coração. É por causa dela que ele está comigo? Retiro a ideia da cabeça, assim que os seus olhos encontram os meus, e ele me olha de uma maneira que nunca ninguém olhou para mim. Adoração. Os seus olhos percorrem todo o meu rosto, admirando-o de alguma forma. Não sei porque o faz, não sei o que lhe está a passar pela cabeça, mas sinto-me segura de mim mesma, sinto que ele está comigo porque realmente quer.
"Eu não sei o que te dizer, desculpa." Ele volta a encarar-me ao perceber que falei, finalmente, passado minutos onde permanecemos em silêncio. " Eu acho que não tenho opinião. Fico imenso surpreendida e agradecida que tenhas contado isso, mesmo que tenhas sido quase obrigado." Sim, não me orgulho do estado lastimável em que o Liam me descobriu. Eu estava a chorar mesmo depois de todos os meus esforços para parar de o fazer. Liam ouviu-me como sempre faz, e decidiu contar-me.
"Eu já queria contar à algum tempo. Eu só não te queria sobrecarregar." Ele diz, mais uma vez.
Levo as minhas mãos às suas e suspiro. "Eu não sei o que dizer para te conformar, não posso dizer que vai ficar tudo bem, porque não tenho a certeza disso. Eu sou a pessoa mais errada para te levantar o animo, visto eu própria ter problemas com isso, mas eu quero fazer alguma coisa. Sinto-me tão impotente."
Ele fica calado enquanto me olha. Não percebo o seu olhar, nunca tinha visto tal olhar direccionado a mim.
"Obrigado." Só diz isto e abraça-me. Abraço-o de volta de qualquer maneira.
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Olho para os meus pés que baloiçam para a frente e para trás, porque eu sou demasiado pequena para as cadeiras da sala de espera da médica. O exames estão prontos, mas parece que fazem de propósito ao fazerem me esperar nesta sala de espera que cheira a desespero. Eu própria cheiro a desespero.
Enquanto espero, relembro esta tarde. Não sei como consegui chegar até aqui, composta, sem qualquer lágrima a escorrer-me pela cara. Acho que ao contrário do que eu própria penso de mim, eu sou forte. Ou talvez me tenha tornado fria.
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"Isso quer dizer o quê?" A cara de Liam fez-me confusão. Pensei que ficasse contente com a minha novidade. Eu estou contente, porque não está ele?
"É exatamente o que ouviste. Eu vou recomeçar a minha vida escolar." Voltei a repetir, ainda entusiasmada, independentemente da cara assustada de Liam, eu ainda gostava da ideia de ir para a escola.
Sr. Rodriguez disse-me com a mais clara das vozes que o melhor para o meu tratamento era voltar à escola, ter uma vida normal de adolescente, ter uma vida. E saber que vou poder estar com Liam no mesmo espaço já foi o melhor das terapias possíveis.
Mas ele mantém-se parado, com uma cara estranha. "Eu só vou poder ir três vezes por semana, no entanto. O sr.Rodriguez vai tratar de tudo com o diretor da escola, mas em principio, começo já no próximo período." Sinto-me cautelosa agora. Os seus olhos encontram o chão, pela milésima vez desde que nos encontramos. "O que se passa?"
"Nada." Ele responde, levantando-se e correndo no sentido contrário a mim.
"Liam." Grito, espantada, mas ele não olha para trás.
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O meu nome é chamado pelos altifalantes. Dou um passo em frente, saltando da cadeira. Sou chamada ao gabinete vinte e dois. Sem demoras, apresso-me a entrar. A sala é branca, tal como tudo o resto neste hospital. Sentada na sua cadeira declinável, está a minha médica com um sorriso nos lábios, por pura simpatia.
Sento-me na cadeira à sua frente. Suspiro, quero que isto acabe rápido.
"Como estás hoje?" Ela pergunta, mas recuso-me a responder. Pensei estar bem, mas não estou. Se ao menos soubesse o que aconteceu... "Muito bem, então. Não precisas de falar."
Mais uns minutos se passaram, enquanto ela mexia no computador, fazendo alguma coisa que não me interessava. Estou ansiosa, talvez um pouco demais. Os resultados não vão mudar nada, tendo a certeza.
"Receio ter um tanto notícias satisfatórias." As palavras foram finalmente ditas. "Não há nada de errado no seu cérebro, pelo menos nada que podemos detectar. Mas isso deixa-nos uma pergunta muito grave por responder."
"O que raio há de errado comigo?" Eu completo o que ela queria dizer.
"Não exatamente por essas palavras, mas algo do género, sim. Peço desculpa." Apenas assenti. Embora já estivesse à espera, não consigo parar de se sentir desapontada com o que a médica me disse.
Ela entrega-me os raios-x e os resultados dos exames, dizendo que deveria ficar com eles, para mostrar em futuras consultas. Assenti de novo, e sai daquele consultório para o ar fresco.
Ouço uma buzina de um carro apitar, e vejo o meu tio à minha espera no parque de estacionamento. Suspiro, e vou de encontro a este, com a melhor cara que consigo fazer.
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desculpem, espero que tenha compensado o atraso
eu tento fazer com que a história não seja melosa, mas depois lembro-me que o Liam é o protagonista e não o consigo fazer mau, mas ya aqui está um Liam mau
ya
BabyPopcorn xx
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The White Bus |l.p|
FanfictionNão é como se uma viagem de autocarro fosse mudar a minha vida, certo?