Olho para o papel que tenho na mão mais uma vez. Parece um papel normal, um pequeno pedaço de uma folha de linhas onde está escrito um número com vários algoritmos; um número de telemóvel.
Até poderia telefonar-lhe e falar com ele, mas para isso teria de ter um telemóvel. Embora as coisas estejam melhores para o nosso lado, a minha mãe não é rica. Nem lhe quero pedir uma coisa dessas, já sei qual vai ser a sua cara de desilusão quando perceber que não me pode dar.
Nem sei o que fazer com isto.
Ouço um toque leve na porta e eu guardo urgentemente o papel no bolso das minhas calças.
"Pode ent..." o tio Richards entra no meu quarto sem me deixar acabar de falar.
"Desculpa, eu só quero te dar uma coisa." ele diz, estendendo a sua mão na minha direção.
Na sua mão encontrava-se um embrulho paralelepípedo. Observo a sua expressão. O que ele quer com isto?
"Toma." ele insiste.
"Eu não quero." eu tento desviar-me do seu olhar atento, mas ele para-me.
"Por favor, aceita." ele pede. Os seus olhos encontram os meus e consigo perceber uma pitada de desespero, como se eu não aceitasse aquele presente, seria como um tiro no seu peito. Porque é que ele está a fazer isto?
Tiro o embrulho das suas mãos. "Obrigada, então."
"Espero que gostes." Ele parece aliviado agora, mas continua à minha frente à espera que eu abra o seu presente.
Rasgo o embrulho sem demoras, encontrando debaixo deste uma caixa com um desenho em cima. Um desenho de um telemóvel branco. Ele deu-me um telemóvel?
Volto a olhar para o meu tio boquiaberta. Mas... como?
"Já tem tudo o que precisas, só precisas de colocar os teus contactos e fazeres o que quiseres com ele. Ele é teu agora. Espero que tenhas gostado. E não quero que tu digas que não podes aceitar, porque eu não aceito um não co..."
O meu tio é descaradamente interrompido quando eu o abraço. "Obrigada." Sussurro no seu ouvido, realmente apreciando o seu gesto. "Muito obrigada mesmo."
É impressionante que ele me tenha dado o telemóvel quando eu mais precisava dele. Como?
"De nada." ele afasta-se de mim. "Ainda bem que gostaste." E assim, ele sai do quarto.
Estou sozinha novamente no meu quarto com o meu novo telemóvel. Tiro-o rapidamente da caixa e começo a tentar trabalhar com ele. Embora seja a primeira vez que tenho um telemóvel, não é a primeira vez que eu mexo num. Quando ainda andava na escola ainda mexi ocasionalmente em alguns aparelhos de alguns colegas. Nada como o que tenho agora nas mãos - agora é tudo maior e diferente que antes - mas eu aprendo rápido.
Coloco a mão ao bolso das minhas calças, trazendo o pequeno papel até onde o consiga ver bem. Mas eu não consigo marcar aquele número.
Não consigo porque tenho medo.
O que me fazia não contactá-lo, para além da falta do aparelho eletrónico, era o meu medo. Medo de me aproximar demasiado e sair magoada.
Tenho medo que o deixe entrar tanto na minha vida que se ele decidir sair - quando ele decidir sair - eu vou desabar. Eu vou cair, finalmente, no fundo do poço e a dor da queda vai ser insuportável.
Eu não quero isso.
No entanto, não o deixar entrar já não é opção. Ele já está tão presente, ele está lá, mesmo que sem querer.
Agarro o papel com mais força. A minha cabeça está dividida. Neste momento, a decisão de deixá-lo entrar ou desaparecer da minha vida é minha e eu não sei o que fazer.
Pego no telemóvel, marco o número e decido mandar uma mensagem.
Tomei uma decisão.
A resposta é quase instantânea.
Que decisão, Dorothy?
O facto dele saber imediatamente que era eu fez-me sorrir. E foi talvez aí que consegui resolver o meu dilema.
Vou-te deixar entrar na minha vida.
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ola
sei que estes últimos dias têm sido muito maus por causa do Zayn e tudo mais e estou realmente mal com isto tudo. era para escrever ontem esta e a Travellers, mas como é óbvio não consegui. Espero que vocês estejam bem, dentro dos possíveis, e espero que continuem a apoiá-los a todos, o Zayn só fez isso porque ele queria ser "normal" e temos de apoiar a sua decisão apesar de tudo, porque é isso que o vai fazer feliz (assim espero) e eu só quero a sua felicidade.
também sei que ocorreram muitos suicídios e isso é o pior de tudo, porque nenhum deles quereria que uma coisa dessas acontecesse, nem eu quero. podem falar comigo se precisarem. eu estou aqui para toda a gente que quiser falar. não se esqueçam disso.
nota longa, mas era realmente preciso. bom, quanto à história, a partir de agora é que vai ser realmente a segunda parte. percebi que é melhor assim. daqui a pouco já coloco o separador, e talvez amanhã atualize mais um capitulo.
espero que estejam bem.
votem, comentem, façam o que quiserem.
love you guys
BabyPopcorn xx
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The White Bus |l.p|
FanfictieNão é como se uma viagem de autocarro fosse mudar a minha vida, certo?