Capítulo 6

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Lena

 
 

Mexendo em suas malas, Lena escolhia a roupa que usaria para mais uma visita ao hospital. Queria estar elegante, pois entraria naquele lugar como a nova dona.
 
Três dias se passaram desde que conversou com Cat Grant. Antes mesmo que pudesse conhecer cada área daquele centro médico, gostou de como a diretora se interessou por seus projetos e também a deu ideias sobre colocar o foco e incentivar as pesquisas em diversas áreas. Foi ao final daquele empolgante diálogo que pediu a diretora para marcar para o dia seguinte uma reunião com os acionistas do hospital enquanto preparava todos os contratos e documentos necessários para a compra.
 
Na terça-feira, se encontrou com as acionistas, fez a sua proposta dando a eles 24 horas para a resposta. O valor que ofereceu foi extremamente alto, então ficou muito difícil não aceitarem. Na quarta pela tarde, já estava com todos os contratos assinados e o hospital já estava em nome de Lena Luthor. O que faltava eram os tramites e as burocracias que vinham com essa grande compra, mas quem resolveria isso seria a sua advogada.
 
Ter conseguindo fazer a negociação daquela grande compra foi muito importante. Lionel sempre a dizia que ela não era boa nos negócios e que não tinha puxado a veia negociadora dos Luthors. Toda vez que ouvia isso ficava chateada. Ouvia isso do seu pai por preferir sempre se dedicar aos seus afazeres nos laboratórios do que entender como a empresa da família funcionava. Sua mãe e Lex sempre a incentivaram a fazer o que a deixava feliz, mas Lionel a tratava como a vergonha da família.
 
Quando finalmente colocou seu nome na linha do contrato, assim que foi pedir para Lex enviar alguém de confiança para pegar os documentos — ela estava decidida a estender sua estadia por causa de Lara — a primeira coisa que recebeu foi um enorme elogio. Não demorou muito, sua mãe também a felicitou dizendo que sabia o quanto ela era capaz de fazer o que tinha feito.
 
Lex tinha razão sobre o que a disse quando insistiu para que ela fosse resolver tudo. A satisfação que sentiu foi uma das melhores sensações de sua vida, só perdia para o momento que viu sua filha.
 
Se olhando no espelho pequeno que havia em seu quarto na pousada, colocava uma camisa social vermelha de cetim a sua frente e depois fazia o mesmo com uma verde. Estava um pouco indecisa sobre qual ficaria melhor. Depois de alguns minutos, optou pela blusa vermelha por achar que ela ficava mais bonita com a calça preta social que usava.
 
Enquanto abotoava a blusa, fez uma nota mental para mandar uma mensagem para a sua assistente, Jess. Não sabia quanto tempo ficaria em Wrigthsville, só sabia que sairia de lá depois que Kara finalmente a ouvisse e pudesse conhecer a sua filha. Por causa disso, vinha pensando em alugar uma casa ou apartamento para ficar o quanto fosse necessário. A pousada em que estava era excelente e aconchegante, mas preferia ter o seu cantinho.
 
Após se arrumar, se olhou no espelho mais uma vez para passar o marcante batom da cor da sua camisa — gostava de combinar as cores de coisas que usava. Estava pronta para mais um dia!
 
A caminho do hospital, aproveitava as paradas nos faróis para observar as coisas a sua volta. Pelo pouco que pode ver da cidade litorânea em que estava, ela tinha belas praias e era ótima para apenas relaxar. Queria poder aproveitar tudo que tinha ali, mas queria aproveitar ao lado de Lara. Se via indo com ela em alguma praia para passar a tarde, ou a vendo brincar numa praça, ou saindo com ela a noite para fazerem qualquer outra coisa. Só queria se sentir presente na vida dela.
 
Seus pensamentos sobre Lara e tudo que a envolvia, foram interrompidos quando parou o carro no estacionamento de sua nova aquisição.
 
Antes de descer, mentalmente se preparou para a nova discussão que poderia surgir se reencontrasse Kara. Sua cabeça doía só de imaginar um novo afronte.
 
Elegantemente, desceu do carro seguindo para a entrada. Dessa vez, não precisou pedir informação sobre a sala de Cat Grant, a diretora já a tinha avisado que quando chegasse, podia ir direto para a sua sala, então assim o fez.
 
— Com licença — disse à assistente da diretora que conversava com uma loira. — A senhorita Grant me espera.
 
— Ai meu Deus! — a loira falou assim que a olhou. — Você é Lena Luthor? É a Lena Luthor de carne e osso bem na minha frente?
 
— Sim. Sou eu mesma — sorriu fraco.
 
— Você é mesmo a mãe da filha da Kara? — a questionou baixinho.
 
— Pelo jeito as notícias correrem rápido aqui.
 
— Ah! Eu só sei disso porque sou a melhor amiga dela. Sou Gayle, muito prazer — estendeu a mão.
 
— Prazer, Gayle — apertou a mão da recém conhecida.
 
— Não se preocupe com o fato de eu saber sobre isso, ninguém mais sabe. Quer dizer, a Imra agora sabe, mas ela é de confiança. E espero que saiba que a relutância da Kara para te ouvir é só porque ela está com medo de perder a Lara. Cá entre nós — falou ainda mais baixo continuando a balançar a mão de Lena freneticamente —, uma hora ela vai te ouvir. Só tenha calma, ela precisa assimilar que a filha dela tem outra mãe que apareceu do nada e que essa mãe é Lena Luthor. Eu desejo, do fundo do meu coração, que tudo dê certo pra vocês.
 
—  Eu não direi nada senhorita Luthor, até porque quero manter meu emprego.
 
— Ninguém daqui vai ser mandado embora — garantiu à morena enquanto soltava a mão de Gayle. — A não ser aqueles que não são bons profissionais ou tem muitas reclamações por parte dos colegas e dos pacientes. Mas eu gostaria realmente que não falassem sobre minha vida pessoal por aí.
 
— Não falaremos. É só que eu sou muito sua fã e saber que você é mãe da filha da minha melhor amiga me deixou muito animada. Eu falo demais quando me animo com alguma coisa.
 
— É, ela é meio doidinha assim mesmo — Imra falou fazendo Lena rir.
 
— Vou dar esse voto de confiança à vocês.
 
— Olha, não sei quanto tempo você pretende ficar pelas redondezas, mas se quiser companhia para alguma coisa, eu e a Imra estamos disponíveis.
 
— Vou me lembrar disso, Gayle.
 
— A senhorita pode entrar. A diretora Grant te deu passe livre a sala dela. Só vai ter que esperar um pouquinho, pois ela foi resolver um assunto importante.
 
Sorriu agradecida. — Obrigada, Imra. Espero conversar com vocês mais vezes.
 
— Eu vou adorar. Depois te passo meu número.
 
Foi inevitável não rir da euforia de Gayle.
 
— Certo, ficarei esperando.
 
Meneando a cabeça para as duas mulheres, se encaminhou para a sala da diretora Grant.
 
Assim que entrou no escritório, se sentou no sofá que ficava em frente a uma grande janela que iluminava todo o local. Um pouco entediada, começou a mexer no celular.
 
Aproximadamente cinco minutos depois, a porta da sala se abriu. Rapidamente bloqueou a tela do celular se levantando para cumprimentar Cat, mas quando levantou o olhar, a loira a sua frente não era a que ela esperava.
 
— Achei que estava livre de você, mas pelo jeito estava errada — Kara disse colocando as mãos no bolso do jaleco.
 
— Eu disse que você iria me ver muito.
 
— Quer dizer que você comprou esse hospital. Está fazendo isso só pra me demitir?
 
— Você se acha o centro do universo, não é? Não que seja da sua conta, mas ninguém será demitido, nem mesmo você. Embora seja tentador.
 
Cruzando os braços, observou a loira que não parecia nada feliz com a sua presença, porém ficava difícil levá-la a sério dessa vez, pois ela usava um óculos de grau que a deixava irritavelmente fofa.
 
Ao pensar aquilo, balançou a cabeça levemente.
 
— Você é...
 
Kara foi interrompida quando a diretora Grant entrou na sala. Lena deu graças aos céus por aquilo, pois não queria brigar. Na última discussão que tiveram, a ameaçou e logo em seguida se arrependeu. Se entrassem numa nova discussão, não iria aguentar ouvir todas as acusações de Kara sem revidar. Queria se entender com ela para que pudessem se resolver sobre Lara, mas era só vê-la que seus muros subiam para se proteger.
 
— Kiera, que bom que já está aqui! — Cat disse passando pela loira e indo abraçar Lena. — Lena, me desculpe o atraso, estava resolvendo umas coisas.
 
— Não se preocupe com isso — sorriu tímida.
 
— Bom, vejo que já se conheceram.
 
— Sim, já tivemos o desprazer de nos esbarrar — Kara murmurou.
 
— Kiera! Isso são modos? — a encarou com um olhar de repreensão.
 
Olhando de soslaio para Kara, Lena a viu revirar os olhos.
 
— Desculpa, chefe — pediu a contra gosto. — Posso saber porque fui chamada aqui?
 
— A senhorita Luthor precisa conhecer o hospital, então selecionei meus melhores médicos de cada setor para explicar como funciona cada coisa — foi até sua mesa se sentando. — Você é da emergência, faz o primeiro atendimento em casos de traumas e até os mais leves. Então decidi que você vai mostrar o que deve ser mostrado à Lena e responder as suas perguntas.
 
— Eu vou o que?!
 
— Mostrar para Lena como funciona a emergência.
 
— Cat — Lena se aproximou da mesa —, creio que seja melhor outra pessoa fazer isso.
 
— E porque eu mandaria outra pessoa se a minha escolha é a Kiera?
 
— Nós... Bom, nós temos assuntos mal resolvidos e não quero que nada atrapalhe os meus planos de conhecer cada setor do hospital. Não quero que minha vida pessoal atrapalhe meus projetos profissionais.
 
— Assuntos mal resolvidos? — alternou o olhar entre as duas. — Vocês já tiveram algum relacionamento no passado, por acaso?
 
— Não! — a loira quase gritou se aproximando e negando com a cabeça. — Não. Não. Não. Não. Nunca. Jamais. Imagina, eu e ela? Não. De jeito nenhum. Eu mal conheço essa mulher e não tenho assunto nenhum com ela, ela que cismou com isso e fica me perseguindo.
 
Com as sobrancelhas arqueadas, Lena fitou Kara. — Sério isso, Danvers?
 
— Bom, se vocês não têm assuntos mal resolvidos, como você mesma acabou de dizer, então você não vai se importar em mostrar a emergência para a senhorita Luthor. Ou vai, Kiera?
 
Embora quisesse que outra pessoa fosse a sua guia, passar o dia inteiro com Kara podia fazê-la ver que não é uma ameaça em sua vida. Mas ao mesmo tempo, ficava receosa de tentar essa aproximação e tudo acabar como a primeira vez. E a segunda.
 
— Não, chefe.
 
— Excelente! Podem ir fazer o que devem fazer. Sei que não deixarão qualquer desavença interferir no que é profissional. Tudo bem para você, Lena?
 
— Se você acha que a doutora Danvers é a melhor escolha, eu confio na sua sugestão.
 
— Então vão — deu três palminhas. — Espero você para o almoço Lena.
 
— Claro! Nos vemos no almoço.
 
Se virando para sair da sala, recebeu um olhar raivoso de Kara que passou à sua frente.
 
A manhã seria longa demais.
 
O percurso até a emergência foi feito totalmente em silêncio. Kara continuava com seu queixo erguido, sua postura intransitável e a expressão muito mais séria do que minutos antes.
 
Logo que chegaram no balcão da emergência, Kara pegou um tablet e entregou a Lena.
 
— Porque está me entregando isso?
 
— Não quer ver como a emergência funciona? Nesses tablets estão todos os processos que usamos nos pacientes e os prontuários. Agora se me der licença, tenho mais o que dizer além de ficar sendo sua guia.
 
Como era difícil lidar com Kara Danvers!
 
Colocou o tablet em cima do balcão. — O que está aqui é o que fazem na maioria dos hospitais hoje em dia. Eu quero que você me explique detalhamento como essa emergência funciona. O que cada profissional aqui faz. Se ele é bom, se é ruim. Eu quero ver e saber como tudo aqui é feito para saber no que posso melhorar e agilizar o atendimento. Não tenho interesse em prontuários médicos. Pelo menos não agora.
 
— A chefe deveria ter escolhido outra pessoa — bufou.
 
— Eu não gosto disso tanto quanto você. Mas é agora que ficarei sabendo se você é uma boa profissional, ou se deixa assuntos pessoais interferir em seus trabalho. Que tipo de pessoa você é, Danvers?
 
— Isso é uma nova ameaça? — deu um passo para frente.
 
— Não — respondeu firme. — Eu comprei esse lugar como um investimento. E como dona, não vou aceitar esse seu comportamento. Eu falei sério quando disse que não pretendo te mandar embora. O quero resolver com você não tem nada a ver com o que estou fazendo aqui. Mas, a partir do momento que você não se mostrar uma boa profissional, terei que rever se você continuará sendo parte disso ou terá que ser desligada. Você pode ser mãe da minha filha, mas aqui você é uma funcionária como qualquer outra.
 
Era perceptível que a médica não estava se agradando nem um pouco com as suas palavras. Não queria repreender Kara na frente de outras pessoas — duas enfermeiras assistiam àquela conversa — mas não teve outra escolha.
 
— O que quer saber? — Kara perguntou por fim.
 
— Comece por como funciona o primeiro atendimento de casos leves. Depois passe para médios e de risco.
 
Respirando fundo, Kara começou a explicar.
 
O tempo foi passando, enquanto fazia suas perguntas, Kara respondia mesmo que nitidamente sem querer. Ao menos era boa em explicar as coisas sem muita enrolação.  Para Lena, ir direto ao ponto era algo muito positivo.
 
Ouvindo a tudo atentamente, já pensava de quantas formas diferentes poderiam agilizar o atendimento, principalmente, para casos mais graves. A emergência era a porta de entrada para o hospital, se tudo ali funcionasse corretamente, os outros setores também teriam melhorias significativas.
 
Próximo do meio dia, Kara estava terminado de explicar sobre a coleta de exames e o tempo de espera para resultados. Em média, os pacientes esperavam de três a quatro horas, isso dependia muito do exame e das especificações deles. Exames de imagem, o tempo variava de quinze a vinte minutos. Com as tecnologias da Luthor-Corp, esse tempo poderia ser diminuindo em mais da metade.
 
— Quer saber mais alguma coisa? — ajeitou os óculos.
 
— Por enquanto é só.
 
— Certo!
 
Estava para se afastar e ir encontrar a diretora Grant para o almoço que tinham combinado, mas antes que fizesse isso, ouviu uma mulher desesperada entrando na emergência segurando um bebê.
 
— Por favor, alguém me ajuda! — a mulher pediu.
 
Sem pensar demais, Lena correu até ela, assim como Kara e uma enfermeira.
 
— O que aconteceu? — Lena a questionou com preocupação.
 
— Eu estava amamentando e ela engasgou.
 
— Traz a maca — Kara ordenou a enfermeira.
 
Agindo por instinto, Lena pegou o bebê, de aproximadamente dois meses, o apoiando de barriga para baixo, em seu antebraço.
 
— Deixa que eu faço isso!
 
— Eu sei o que estou fazendo, Danvers — respondeu cerrando os dentes.
 
— Eu sou a médica aqui!
 
Ignorando, Lena deu cinco batidinhas entre as escapulas do bebê, tomando cuidado para não machucá-lo.
 
— Lena, me dá esse bebê! — falou mais uma vez quase no ouvido da morena. Não queria que a mãe da criança ficasse mais assustada e não queria demonstrar sua irritação na frente de todos.
 
O virando de barriga pra cima,  Lena fez quatro compressões no meio do peito da criança, antes de chegar à quinta, o bebê chorou.
 
— Oi, bebê! — disse respirando aliviada. — Aqui está sua menina.
 
— Muito obrigada, doutora — a mãe da criança disse pegando a filha. — Eu fiquei com tanto medo de perdê-la.
 
— Eu não...
 
— Vamos precisar examiná-la para poder liberá-la — Kara a interrompeu. — Pode colocá-la aqui na maca — pediu à mãe do bebê.
 
Sabendo que a menininha ficaria bem, se virou para ir em direção ao elevador. Distraída, caminhou lentamente pelo extenso corredor.
 
Ter salvado aquele bebê a fez lembrar o porquê de ter aprendido aquela manobra de emergência. Estava feliz por ter dado alívio a mãe, mas seu peito queimava e a tristeza a atingiu em cheio.
 
Chegando na porta do elevador, não precisou esperar muito para ele chegar. Assim que entrou, quase agradeceu aos céus por estar sozinha e apertou o botão do andar da sala de Cat. Quase. Pois quando a porta estava se fechando, uma mão a parou e então Kara entrou.
 
— A bebezinha vai ficar bem.
 
— Que bom! — engoliu o nó que estava em sua garganta encarando a porta se fechando.
 
— Como aprendeu a fazer aquilo com tanta perfeição?
 
— Desde quando você se importa em saber algo sobre mim?
 
— Porque muito me admira você saber fazer algo assim num bebê se foi capaz de abandonar um que nasceu de você.
 
Lena sorriu se depreciando e então olhou para Kara. — Eu achava que a minha filha estava morta até três anos atrás.
 
Após suas palavras, as portas do elevador se abriram. Sem se explicar e deixando uma Kara confusa para trás, saiu da caixa metálica sem notar que havia descido no andar errado. Alguns passos depois, se encostou na parede do corredor vazio e uma lágrima caiu de seus olhos.
 
Não dava para dizer por quanto ficou parada naquele lugar se lembrando de coisas que a doía. Tudo o que conseguiu fazer foi enviar uma mensagem para Cat e cancelar o almoço.
 
Minutos mais tarde, já estava em seu carro indo para a pausada, mas antes de chegar nela, parou em um mercado para comprar uma garrafa de vinho e outra de whisky. Precisava de um pouco de álcool para se anestesiar das lembranças ruins.
 
Até o anoitecer, ficou trancada em seu quarto bebendo cada gole que podia do que havia comprado.
 
O desespero daquela mãe de perder aquela bebezinha tinha mexido com o seu emocional. A gota d’água foi Kara falar mais uma vez  uma coisa que não tinha feito.
 
Sentada na cama com as costas encostadas na cabeceira, levou mais uma vez a garrafa de whisky à boca. Há algum tempo estava sentindo os efeitos do álcool e era isso mesmo que queria. Depois do longo gole, escutou batidas na porta e aquilo a deixou nervosa. Tinha deixado avisado que não queria ser incomodada, então apenas ignorou. Quando bateram mais três vezes, bastante tonta, se levantou para ir ver quem estava a perturbando.
 
— Eu avisei que não queria ser incomodada — sua voz saiu bastante arrastada.
 
— Me disseram isso, mas eu insisti para me deixarem subir.
 
— Kara? — reconheceu a voz da loira antes de reconhecê-la, pois sua visão estava muito embaçada. — Como me achou?
 
— Liguei para todos os hotéis e pousadas de Wrigthsville e Seagate para conseguir te encontrar. Você não me parece muito bem.
 
— Estou ótima! — dando um passo para o lado, acabou se desequilibrando, mas Kara a segurou pela cintura a impedindo de sofrer uma queda. — Já te disseram que você fica fofa com esses óculos?
 
— Alguém bebeu demais — disse para si mesma levando Lena até a cama para sentá-la.
 
— O que faz aqui? Veio me falar que eu abandonei minha filha e que nunca vai me deixar eu me aproximar dela?
 
— Não vim fazer nada disso — tirou a garrafa de whisky das mãos da morena. — Você queria conversar comigo, não queria? Não queria que eu ouvisse o que você tem a me dizer? Agora tem a minha atenção. Só acho que vim numa hora errada.
 
— Você veio o que? Você falou rápido, não entendi nada.
 
Olhando para Kara que tinha ido fechar a porta, Lena não tinha certeza se aquilo era real ou um sonho. Certamente era um sonho. Kara a odiava, e se aquilo que estava acontecendo fosse real, ela já teria falado coisas ruins sobre a sua pessoa.
 
— Vou te ajudar a se livrar desse porre e depois,  eu repito o que vim fazer aqui.

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