Kara
A três dias da chegada do verão na América de Norte, o tempo em Wrigthsville estava muito quente. Enquanto o sol brilhava fortemente no céu azul e sem nuvens, um vento morno soprava sem aliviar em nada o calor.
Sentada no banco de um parque, assistia há poucos metros a sua frente Lara brincar com Ruby, Alex e Sam. Era o primeiro fim de semana das férias de verão das crianças e, como de costume, as levaram no parque para aproveitarem a tarde.
Vendo Lara rir correndo de um lado para o outro, se lembrou do que Lena a contou dias atrás. Foi difícil ouvir tudo aquilo, ainda mais porque tinha relação com sua filha. A cada palavra dita por Lena, seu coração se apertou parecendo ao fim que havia ficado minúsculo, seus olhos se encheram de lágrimas e sua garganta doeu de tanto segurar o choro. Teve uma vontade enorme de se render as lágrimas, mas se manteve forte para que Lena prosseguisse com o que queria contar sem perder a coragem.
Dias depois da chocante revelação, não conseguia entender como Lionel teve coragem de fazer tudo aquilo com a própria filha. Lena não merecia nada daquilo, ela só merecia ser feliz, ser amada, cuidada e protegida. Sabia que ela era forte e autossuficiente para si mesma, mas isso não significava que ela não merecia o melhor que a vida poderia dar a ela. Que alguém poderia oferecer a ela.
Se ajeitando no banco, tirou o celular do bolso, mas logo voltou a guardá-lo quando viu que não tinha nenhuma mensagem de quem tanto queria. Esperar por notícias desde o café estava sendo torturante.
— Já perdi as contas de quantas vezes você olhou esse celular.
— Só queria ver as horas — desconversou vendo Sam se sentar ao seu lado.
— Conta outra, Kara. Até parece que eu não sei que você está assim por causa da Lena.
— Talvez.
— Alex me disse que ela foi para National City ontem a noite.
— É — voltou a sua atenção para Lara. — O irmão dela vai se casar em algumas semanas e hoje tem o jantar de noivado. Como ela é a madrinha, não quis perder.
— Ela não quis levar a Lara?
— Acho que até pensou nisso, mas não teve coragem de me pedir. Ela ainda continua se sentindo insegura e achando que não sabe ser uma boa mãe.
— Eu a entendo por causa de toda a situação a qual ela forçada a viver, mas já vi como ela e Lara se dão bem. A Lena é ótima com ela.
— Eu sei, vivo dizendo isso, mas acho que só o tempo pra fazê-la se desfazer desse pensamento. Ou quando a Lara a chamar de mãe.
— Isso ainda não aconteceu?
— Não — negou com a cabeça. — Percebo que ela vê Lena como mãe dela, só ainda não a chamou assim.
Impaciente, pegou o celular mais uma vez e se desapontou ao não ver nenhuma mensagem. Tinha noção de que Lena pudesse estar ocupada e que logo aparecia querendo saber sobre Lara, mas não conseguia conter a ansiedade de saber sobre ela. O ruim de se acostumar demais com a presença de alguém é que, quando a pessoa está longe, você fica ansiando pela presença ou qualquer tipo de contato com ela. Se encontrava esperando nervosamente por qualquer sinal de vida de Lena.
— A Lena vai demorar a voltar de National City?
— Volta depois de amanhã, no aniversário da Lara. Ela disse que não quer perder esse momento.
— Eu também não iria querer perder se estivesse no lugar dela — olhou para esposa que, brincando, tentava derrubar a filha e sobrinha no chão. — Nós ainda vamos cantar parabéns pra ela na casa da sua mãe como sempre fizemos, não é?
— Claro! Eu já disse a Lena que fazemos isso e que gostaria que ela participasse.
— Ela vai se juntar a nós então?
— Vai.
— Sua mãe vai gostar de conhecê-la.
— Aposto que sim. Difícil é não gostar de conhecê-la — falou sem nem ao menos se dar conta.
— Ficarão juntas pelo resto do dia? — sua voz demonstrava toda a sua curiosidade.
— Nós vamos levar a Lara ao abrigo de animais para ela escolher um novo animalzinho, isso vai ser uma surpresa, e depois vamos fazer um piquenique na praia, como Lara quer.
— Aposto que ela deve estar animada pra fazer isso com as duas mães.
— Está, sim.
— E você deve estar animada para aproveitar mais um tempo na companhia da mulher por quem se apaixonou, não é mesmo?
— Esto-o... — apertou os lábios.
Por mais que tivesse conversado com Alex uns dias atrás sobre ter ou não sentimentos por Lena, quando se deu conta que eles realmente existiam — que foi no dia em que a morena contou o Lionel Luthor fez com ela — não disse nada a ninguém. Estava difícil esconder isso, tinha se afeiçoado Lena de um jeito que nunca ocorreu com outra pessoa e quanto mais tentava não dizer nada que entregasse seus sentimentos para que ela não se afastasse, mais agia como uma boba apaixonada na frente dela. Era inevitável. Se apaixonar por Lena foi inevitável.
Rindo da expressão da cunhada, Sam balançou a cabeça negando. — Você é tão previsível, Kara.
— Isso não é engraçado, Sam — levou as mãos até os óculos, mas estava sem eles. Quando Lena não estava por perto, não os usava. — Me sinto perdida com essas emoções relacionadas a ela.
— Porque? O que tem de tão complicado em ter sentimentos por ela?
— Não sei se ela tem alguém. Eu posso estar aqui suspirando por ela, e ela estar lá em National City encontrando quem ela gosta pra ir com ela no jantar de noivado. E, além do mais, não quero que as coisas fiquem estranhas entre nós. Uma hora esse sentimento some, então é melhor deixar isso pra lá.
— Não vai sumir. Com a Diana foi a mesma coisa. Você me disse essas mesmas palavras, depois disse a ela o que sentia e tudo deu certo. Ao menos por um tempo — maneou a cabeça se lembrando do término de Kara. — Não sei porque todo esse medo de dizer pra Lena o que se passa no seu coração.
— Eu sei que sou medrosa quando o assunto é sentimentos e relacionamentos, mas o que eu senti por Diana nem sem compara com ao que sinto agora em tão pouco tempo pela Lena — virou a cabeça encarando Sam. — Eu tenho uma filha com a Lena, não posso ser egoísta e pensar só nos meus sentimentos. A Lara está muito apegada a ela, mal tínhamos acabado de deixar Lena no aeroporto ontem a noite, e ela já estava choramingando de saudades. Acho que ela só não está fazendo isso agora, pois está distraída com a Alex e a Ruby. Não posso correr o risco de estragar isso. Nós tornamos amigas e me contento com isso.
Seu medo até podia parecer sem fundamento, mas isso não o deixava menos real. Obviamente sabia que Lena não se afastaria de Lara, só que não queria que o clima ficasse estranho já que teriam conviver por causa da garotinha.
— Kara, você só está adiando o inevitável. Uma hora você não vai se contar em só ser amiga dela. E se ela tiver alguém, é melhor você saber agora do que depois de surpresa.
— Alex me disse quase isso outro dia — abaixou um pouco a cabeça —, e eu nem tinha certeza do que tudo que sinto pela Lena significava.
— Você não pediu o meu conselho, mas mesmo assim eu darei — pegou sua mão. —Seja sincera com ela. Você pode querer não dizer nada agora, mas uma hora você não vai conseguir esconder e, de qualquer jeito, isso vai fazer algo na relação de vocês mudar. Não acho que ela tem alguém, se tivesse, já teria vindo atrás dela ou ela teria comentado aleatoriamente. Ela está há quase dois menos morando nessa cidade por causa da Lara, alguém já teria aparecido.
— E se ela não sentir o mesmo? Eu... Eu gosto do que Lara, ela e eu nos tornamos. Não quero perder tudo o que temos juntas. Eu já, meio que, me declarei pra ela, mas acho que ela não percebeu, pois continuou agindo da mesma forma comigo. E prefiro assim.
— O que você disse a ela? — perguntou curiosa.
Deveria dizer ou era melhor apenas guardar para si? Mas conversando com Sam, ela poderia ver algo que não estava vendo nas entrelinhas e ajudá-la nessa situação. Que dilema!
— Bem, ela estava me contando como foi separada da Lara e tudo mais. Eu estava a abraçando, e quando ela se acalmou, eu disse que junto dela, eu sentia algo em mim transbordar. Eu disse no calor do momento, pois se eu pensasse melhor na presença dela, coisa que não faço, eu não falaria essas coisas.
— Porque eu acho que há mais nisso? — semicerrou os olhos.
Começou a balançar a perna mostrando que estava nervosa. — Eu quase a beijei.
— Você o que?!
— Faz algumas semanas. Eu só não fiz isso, pois me chamaram na emergência. Depois agradeci aos céus por não ter sido não impulsiva.
— Tem mais coisa, não tem?
— Você não vai falar dessa conversa pra ninguém, não é?
— Claro que não. Gosto de te zoar, mas já percebi que quando se trata de Lena, isso não é uma brincadeira.
O que estava prestes a dizer a Sam vinha perambulando na sua cabeça dia e noite. Queria tanto, mas tanto que aquilo se repetisse, só que a vida parecia não contribuir.
— É que... É — limpou a garganta. — Nesse dia que eu falei sobre ela me transbordar, ela percebeu que meu coração estava acelerado, então eu disse a famosa frase da Alex e da Gayle.
— “Coisa de Lena?” — viu a loira assentir. — Isso foi bem fofo. E depois disso?
— Continuamos abraçadas, pois eu disse que não a deixaria ir embora e ela disse pra eu não deixar. Então, acordei abraçada a ela no sofá na manhã seguinte — deu um sorriso nervoso.
Foi embaraçoso e ao mesmo tempo fantástico ter acordado abraçada a Lena. A sensação que a invadiu ao se dar conta do corpo da morena por cima do seu enquanto ela mantinha a cabeça na curva de seu pescoço, foi inigualável a qualquer outra — tirando tudo que envolvia Lara, claro. Cada pedacinho de sua pele se arrepiou no momento que a respiração de Lena bateu contra o seu pescoço. Queria tê-la a abraçado melhor, ter acariciado seus cabelos para acordá-la e tê-la beijado para começar o dia bem, mas manteve essas vontades dentro de si.
— E ela, como reagiu a isso?
— Não sei se ela sabe, provavelmente, não — falou sem jeito. — Eu acordei antes dela, a arrumei no sofá, a cobri e depois fingi que nada aconteceu. Ela podia não se sentir confortável, então quis evitar isso.
— Você deveria contar a ela como se sente. Dá pra ver nos seus olhos que ela mexe com você, então seja verdadeira com ela, pois isso vai ser bom pra você também.
— E se...
— Porque ao invés de imaginar coisas, não só seja corajosa o suficiente para encarar a verdade? — arqueou as sobrancelhas. — De repente, ela nem tem ninguém e você está aí perdendo tempo.
— Não sei, Sam.
— Você não vai saber se não tentar. Eu já vi vocês juntas e escuto Alex e Gayle falando sobre como vocês são. Por tudo isso, eu te digo, não acho que ela é indiferente a você, mas ela pode estar tendo o mesmo pensamento que você sobre isso.
— Acha mesmo?
— Acho. Quando encontrei aquela doida que chamo de esposa, tive vários pensamentos como os seus.
Repuxou um canto da boca. — É, você já me contou isso.
— E olha onde estamos. Temos nossas diferenças e alguns pequenos problemas, mas não me arrependo de ter dado o primeiro passo. Até porque, no fim, Alex também gostava de mim.
— Ela ficou caidinha por você desde que se viram.
Riram juntas.
— Quem sabe, se você der o primeiro passo, as coisas não sejam similares entre você e a Lena? — bateu de leve seu ombro no dela. — Pensa nisso. Você já demostra que gosta dela, só deixe isso tão claro quanto a luz do dia pra que ela não tenha dúvidas.
— Vou pensar nisso.
— Ótimo! Isso é melhor do que não pensar. Agora, pode ir lá cansar a sua filha e a minha, e mandar minha esposa vim ficar um pouco comigo?
— Você sabe que ela não vai vir.
— Não custa tentar — deu ombros sorrindo.
Até que deu a Alex o recado de Sam, mas como já previam, ela não deixou de brincar com a filha para ir se sentar ao lado da esposa.
Pelo resto da tarde, aproveitou para distrair Lara para que ela não desse tanta falta de Lena. O resultado disso, foi levar para casa uma garotinha adormecida na cadeirinha do banco de trás do carro.
Nem é preciso dizer que as palavras de Sam ecoaram na sua mente o resto do dia. Quando já estava em casa e recebeu uma mensagem de Lena se desculpando pela demora pra responder, pois tinha ficado ocupada, mas que ligava a noite para falar com Lara e ela, começou a pensar mais ainda sobre contar ou não que estava apaixonada por ela.
Quando estava vivenciando algum momento com Lara e Lena, conseguia se imaginar por longos anos tendo momentos como aquele. Sentia que de alguma forma elas se encaixavam e que Lara era a engrenagem pequenininha que fez tudo começar funcionar. O que mais queria era ter um espaço a mais na vida de Lena do que ser a outra mãe de sua filha. Se revelasse tudo a ela e não tivesse esse espaço, se sentiria devastada.
Por volta das oito da noite, estava com Lara sofá vendo desenho. Em menos de uma hora de filme, a garotinha já tinha perguntado mais de cinco vezes se Lena não iria ligar. Nem podia reclamar das perguntas da filha ou de sua ansiedade, pois se sentia da mesma forma.
— Mamãe?
— Diga, anjinho.
— Acha que a Lee tá saudade de mim?
— Tenho certeza que ela está.
— E porque ela não liga? — suspirou tristonha.
Agora era a sexta que fazia a mesma pergunta.
— Ela já vai ligar — a colocou em seu colo a abraçando. — Ela não te prometeu que ligaria de manhã quando você acordasse e a noite antes de você dormir?
— Prometeu — fez um biquinho.
— Então ela vai ligar antes de você dormir.
— E se eu fingir que vou dormir agora, ela liga agora?
Sorriu antes de deixar um beijo na testa da filha. — Daqui a pouco você vai falar com ela, Lara.
— Quantas horas é daqui a pouco?
— Quantas horas são — a corrigiu.
— Foi o que eu disse, mamãe.
— Logo você vai falar com ela, tá bom?
— Você também tá com saudade dela? — a encarou.
Só havia se passado 24 horas desde a última vez que se viram, mas, sim, estava com saudades de Lena, muito mais do que poderia imaginar que ficaria.
— Sim, anjinho.
— Porque ela não levou a gente na mala? Aí a gente não ia sentir saudade.
— É, ela podia ter feito isso.
— Queria ela aqui pertinho da gente. Já não tenho o Jimmy, agora não tenho a Lee.
— Ela vai voltar, você vai ficar pertinho dela e matar a saudade.
— Ela podia voltar hoje.
Sim, ela podia voltar hoje, pensou.
Após externar mais uma vez a saudade da mãe, Lara acabou se entretendo com o filme.
Minutos depois, ainda abraçada a filha, mas com a mente em Lena, escutou seu celular vibrar em cima da mesa.
— É a Lee, mamãe? — perguntou animada com a possibilidade.
— A mamãe vai ver — pausando o desenho, colocou Lara ao seu lado no sofá. Vendo o nome de quem apareceu na tela do celular, sorriu automaticamente. Voltando a se sentar ao lado da filha, atendeu a chamada de vídeo. — Boa noite, senhorita Luthor!
— Oi, Lee! — colocou o rosto bem perto da tela do celular. — Achei que tinha esquecido de mim.
— A mamãe não esqueceu de você, pequeno raio de sol. Isso é impossível.
— Você tá bonita, Lee. Tava fazendo o que?
Tinha que concordar com a filha, Lena estava muito bonita. Seu cabelo estava preso com alguns fios caídos na lateral do rosto. Usava uma maquiagem muito mais pesada que costumava usar no dia a dia que realçadas bem seus olhos e seu rosto marcante, e nos lábios tinha seu costumeiro batom vermelho. Não conseguia ver o que ela vestia, mas não dava para não notar o brinco e o colar de pérolas que usava.
Belíssima. Lena estava belíssima.
— Você também está bonita com esse pijama, meu amor. O que você está fazendo?
— Falando com você — respondeu com inocência.
Mordendo o interior da bochecha direita, se segurou para não rir.
— Claro! — sorriu. — Falando comigo. Me conta como foi seu dia.
— Mamãe me levou no parque pra brincar. A tia Alex, a tia Sam e a Ruby tavam junto.
— Se divertiu bastante?
— Não — fez uma carinha tristonha.
— Porque não?
— Você não tava comigo e com a mamãe.
Estava desejando absurdamente por um pouco da atenção de Lena, mas deixou que Lara conversasse com a mãe até que achasse o suficiente. As duas ficaram conversando até que garotinha se rendeu ao sono deitada com a cabeça em seu colo.
— Acho que ela só estava esperando a sua ligação pra dormir — disse levando o celular até a frente de seu rosto.
— Eu saí no meio do jantar pra falar com vocês. Não podia deixá-la esperando por mim.
Foi bom ver, mais uma vez, que Lara era prioridade para Lena.
— Como está o jantar?
— Ah, podia ser melhor.
— Então está chato?
— Não. É que... eu preferia estar com vocês, mas não podia decepcionar meu irmão.
Seu coração disparou.
— Lara tem razão.
— Em que? — levantou uma sobrancelha.
— Você está muito bonita, senhorita Luthor.
Abaixou um pouco cabeça sorrindo envergonhada. — Nada mal sua blusa do piu-piu. Achei bem adulta.
— Ela está com seu cheiro — se arriscou dizer.
Havia emprestado aquela blusa para Lena quando ela, outra vez, dormiu em sua casa. Percebendo que o perfume dela havia ficado na roupa, decidiu usá-la.
— Estou com saudades de você. Aqui ninguém fica me enchendo de comida ou me abraçando toda hora.
— Que pecado! Vou te roubar da sua família e te manter na minha casa pra cuidar de você — sua ironia fez Lena rir. — Também estou com saudades de você.
A distância não evitou que se olhassem em silêncio por alguns segundos.
— Vou deixar você descansar, eu ainda tenho mais uma hora de festa.
— Tudo bem. Se cuida.
— Se cuida também.
— Tchau, Lena.
— Tchau, Kara.
Colocando o celular de lado, respirou fundo jogando a cabeça para trás.
— Eu vou ter que te dizer que estou apaixonada por você — murmurou.
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Come A Little Closer
Fanfiction[Concluída] Kara Danvers é uma médica que leva uma vida bastante sossegada numa cidade litorânea na Carolina do Norte. Sua vida começa a mudar quando ela encontra um bebê abandonado na sua porta. Um tempo depois, uma nova reviravolta acontece quando...