Capítulo 20

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Lena

 
 


O jantar de noivado de Lex e Eve, foi bonito e se estendeu até quase uma da manhã. Lex queria uma coisa mais simples e intimista e a principio, Eve parecia querer o mesmo. Entretanto, com as opiniões de Lilian Luthor, a noiva pareceu mudar de ideia e o jantar acabou sendo quase uma pré cerimônia de casamento.
 
Tudo aconteceu na mansão Luthor, era um costume essas festas pessoias serem feitas ali. Embora não se sentisse nenhum pouco a vontade naquela enorme casa por tudo ela a fazia se lembrar, não podia dizer que não se divertiu ou que não aproveitou a festa. Mas isso aconteceu só até o momento em que ligou para Lara e Kara, depois disso, tudo ficou sem graça demais, pois não conseguia prestar atenção em mais nada.
 
Quando a festa acabou, o que mais queria era ir embora para seu apartamento tirar toda aquela roupa festa, deitar em sua cama e tentar dormir, porém, por insistência de sua mãe e de Lex, acabou ficando pela mansão — assim como na madrugada em que chegou na cidade.
 
Mesmo que tivesse más lembranças daquele lugar, não foi o seu antigo quarto — que ainda estava igualzinho desde que saiu de casa — que não a permitiu dormir. Seu sono foi embora inteiramente por causa de Lara e Kara, tendo como grande parcela de culpa, a mãe de sua filha.
 
Sentada em uma mesa embaixo de um guarda-sol, se mantinha imóvel encarando o gramado verde a sua frente pensando em muitas coisas e não tendo certeza de nenhuma delas. Se já estava confusa antes, agora se encontrava muito mais.
 
Levando um copo de whisky até a boca, bebeu um gole sentindo logo o líquido queimar a sua garganta. A última vez que tinha bebido tão cedo, foi no dia em que Lex a revelou onde encontrar sua filha. Depois disso, tomou aquele porre tentando se livrar da sua dor e quando bebeu de novo, foi só uma taça de vinho em uma ou outra ocasião com Kara.
 
— Se você está bebendo a essa hora da manhã, é porque algo está te incomodando.
 
A voz de Lex surgiu atrás de si, mas não virou para olhá-lo.
 
— Talvez.
 
Se sentou em frente à irmã. — Porque está assim? Ontem você estava se divertindo, mas isso até antes de você falar com a sua filha.
 
— Só estou pensando numas coisas do hospital.
 
— Keke... Lena.
 
O encarou. — O que foi, Lex?
 
— Eu te conheço. Eu sei que algo está te incomodando e nada tem a ver com aquele hospital. Talvez tenha a ver com uma pessoa que trabalha nele?
 
— Não quero falar sobre isso.
 
— Keke, não confia mais no seu irmão mais velho?
 
— Claro que confio. É só que... Não sei, você vai me achar boba demais.
 
— Te achar boba demais? Pela primeira vez desde que você foi deixada por aquele babaca do seu ex, eu estou vendo que você está realmente interessada em alguém. Eu fico é feliz por isso e não te acho boba por estar se permitindo seguir em frente.
 
— É complicado, Lex — suspirou colocando o copo em cima mesa.
 
— Então me explica.
 
Sempre que falava com Lex por telefone, contava a ele algumas novidades sobre sua vida Wrigthsville estando ao lado de sua filha. Dentro dessas novidades, eram impossível não falar de Kara, em como ela era maravilhosa com Lara e em como era tratada por ela desde que começaram a se entender. Às vezes falava tanto dela, que não foi difícil seu irmão perceber o que se passava em seu coração quando nem mesmo tinha certeza do grande abismo que tinha pela loira. Até então, achou que tudo não passava de uma grande admiração e, na verdade, era muito além disso.
 
Nervosamente, começou a bater a ponta dos indicadores na mesa. — Você estava certo quando disse que eu estava muito interessada na Kara. Eu estou. Muito. Às vezes, pelas coisas que ela me fala e como age comigo, eu penso que isso é mútuo, mas então ela não faz nada a respeito e eu acabo pensando que isso é coisa da minha cabeça.
 
— O que aconteceu entre vocês que eu não estou sabendo?
 
— Não aconteceu nada. Eu só tive plena certeza de que estava em queda livre de amores pela mãe da minha filha quando eu contei a ela toda a verdade do me ocorreu.
 
— O que ela fez pra você ter essa certeza? — perguntou curioso entre um meio sorriso.
 
— Ela me disse que eu era a gotinha de água que a transbordava.
 
— Gotinha de água?
 
— É. Em um copo, por exemplo, sempre tem aquela gotinha que cai por último e faz o copo transbordar. Ela me dissesse isso, com essa explicação e tudo.
 
— Que... fofa — falou com sarcasmo.
 
Revirou os olhos. — Eu disse que iria me achar boba demais.
 
Tendo que conviver tanto Kara, havia notado uma coisa: sempre se sentia uma jovenzinha boba na sua presença, mas não tinha medo de que Kara a achasse boba pelas coisas que dizia ou por como agia em determinados momentos, pois ela sempre estava interessada em tudo que tinha a dizer ou compreendia seus impulsos. Nesse ponto, Lex era muito parecido com Kara, mas as vezes seu sarcasmo e ironia a incomodavam.
 
— Desculpa pelo sarcasmo, mas isso é bem fofo mesmo. E você não está sendo boba demais.
 
— É, eu sei que isso é fofo. Eu me sinto da mesma forma com ela.
 
— Mas tem mais coisa, não tem?
 
Balançou a cabeça de leve. — Naquele dia, estávamos abraçadas no sofá, ela estava mexendo nos meus cabelos e acabei dormindo.
 
— Não sabia que você era manhosa a esse ponto, mas, prossiga.
 
— Acordei de madrugada deitada sobre ela e ela me abraçando.
 
— E o que você fez? — sua voz demonstrava o quanto ficou interessado.
 
— Nada. Eu gosto de estar com ela. Gosto de como me sinto quando ela me abraça. É como se ninguém pudesse me fazer mal porque a tenho por perto. Então... voltei a dormir. Só que quando acordei de manhã,  ela não estava comigo e fingiu que nada tinha acontecido.
 
— E depois?
 
— E depois nada — deu ombros. — Achei que ela não queria que aquilo tivesse acontecido e então preferiu fingir que não aconteceu, e eu preferi isso também.
 
Com os olhos grudados em Lex, viu uma ruga nascer entre as suas sobrancelhas. Isso era um sinal claro de estava processando tudo o que tinha ouvido e que faria outras perguntas.
 
— Certo. Entendi. Mas, se você se sente assim por ela, porque não diz a ela?
 
— Como eu disse, eu achava que era tudo coisa da minha cabeça, então preferi colocar qualquer sentimento por ela dentro de uma caixinha e fingir que eles não existiam.
 
— Mas você não pensou que isso poderia ser incontrolável em algum momento e estragar toda a relação que vocês têm construído?
 
—  Não. Se eu guardasse isso só pra mim, eu não precisaria lidar com isso e muito menos ser rejeitada, caso ela não sentisse o mesmo.
 
— Ela pode não estar dizendo nada por estar pensando exatamente igual a você. Pelo jeito que você fala dela, ela parece ter muito interesse em você. Você não pode deixar o medo de dominar pra sempre, Keke. E ela teria que ser uma tremenda idiota pra te rejeitar.
 
Soltou um riso anasalado. — Eu acho que ela pensa como eu, mas não sei, posso estar enganada.
 
— Porque está achando isso?
 
— Ontem depois que eu falei com a Lara e ela, nos despedimos e eu não tinha desligado a chamada, então ouvi bem ao longe ela dizer que teria que me contar se estava apaixonada por mim.
 
— E o que vai fazer agora que sabe dessa informação?
 
— Eu... — seu celular começou a tocar. — É a Kara — atendeu. — Kara, o que houve?
 
Mil coisas se passaram pela sua cabeça com aquela ligação repentina, todas envolviam Lara e isso fez seu coração gelar.
 
— Oi, Lena! Desculpa te atrapalhar.
 
— Você nunca me atrapalha, Kara. Aconteceu alguma coisa? A Lara está bem? Você está bem?
 
— Ela está bem, sim. Eu também estou. Eu sei que não faz muito tempo que você conversou com a Lara, mas desde aquela hora, ela não para de falar de você e, há alguns minutos, começou a chorar. Será que você falar com ela de novo pra acalmá-la? Eu já tentei de tudo, mas não é dessa mãe que ela tá querendo atenção.
 
Não que fosse legal saber que sua filha estava chorando, na verdade, isso fez seu coração se apertar, mas não pode deixar de sorrir por saber que Lara a amava a ponto de sentir sua falta.
 
— Passa o telefone pra ela.
 
— Lara, é a mamãe.
 
A frase de Kara foi ouvida como se ela estivesse distante do celular — assim como aconteceu na noite anterior.
 
— Mamãe, estou com muita saudade — disse com uma voz chorosa.
 
Se já sorria antes, seu rosto se iluminou muito mais ao ouvir o que tanto vinha esperando.
 
— Eu também estou com saudades, pequeno raio do sol.
 
— Então vem ficar comigo.
 
— Lara, a mamãe disse que volta amanhã.
 
— Mas amanhã tá muito longe. Eu tô com saudade hoje.
 
— Meu bem...
 
— As florzinhas do meu coração tão tudo triste sem você. Tá igual eu fico sempre que a mamãe Kara me deixa na casa da vovó e vai trabalhar.
 
— Me diz o que você está fazendo, meu amor.
 
— Chorando de saudade. Vem pra casa, mamãe.
 
“Mamãe” havia acabado de se tornar a sua palavra favorita.
 
Lara era a criança mais fofa que existia na face Terra, e não achava isso só porque ela era a sua filha. Certo, talvez fosse por isso. Mesmo que tivesse a atenção da avó, das tias e agora a sua, sabia que ela não era uma criança manhosa e que chorava sem nenhum motivo aparente ou ficava de birra. Embora só tivesse cinco aninhos, com um pouco de conversa era fácil acalmá-la. Se ela estava chorando por sua ausência, era porque verdadeiramente a estava sentindo, e como negaria o pedido dela de voltar pra voltar pra casa?
 
Por meia hora, ficou no telefone com a filha tentando distrai-la. No fim da ligação, Lara parecia mais calma e sorridente.
 
Logo que desligou o celular, olhou para Lex.
 
— O que aconteceu? Foi algo com a Lara?
 
— Ela me chamou de mãe — sentiu os olhos marejarem de tanta alegria. — Há quase seis anos eu espero por isso. Eu achei que nunca iria ouvir a minha filha me chamar de mãe e hoje ela me chamou. Se eu estiver sonhando, eu nunca mais vou querer acordar.
 
— Isso é real, Keke — segurou sua mão. — Não chora. Se você começar a chorar, eu vou chorar junto. Você sabe que sou sensível.
 
— E sarcástico.
 
— Principalmente sarcástico — admirou por alguns segundos a felicidade no rosto da irmã. — Sua felicidade está na Carolina do Norte, não é?
 
— Está.
 
— Você sabe que vou precisar de você no comando da Luthor-Corp quando eu for viajar depois do casamento, não sabe? E eu não quero atrapalhar você e a minha sobrinha.
 
— Sei, mas até lá, eu posso fazer a Lara entender uns dias de ausência. Se for preciso eu sair de perto dela, claro. Fora isso, vou resolver o que precisar a distância, mas espero que não precisem de mim. Ser mãe e fazer aquele o hospital ser o que projetei, está ocupando muito o meu tempo.
 
— É só um protocolo para os acionistas investidores não encherem o saco. Bom, na pequena festa de inauguração do hospital, mandarei alguém no meu lugar, tudo bem assim?
 
— Tudo bem.
 
— Vai arrumar sua coisas, vou mandar prepararem o jatinho e eu te levo ao aeroporto — sorriu. — Ser feliz combina mais com você do que a Lena que você foi nesses últimos anos. Desculpa não conseguir resolver isso antes. Queria muito ter conseguido te deixar feliz assim desde que Lionel confessou o que fez.
 
— Eu estou mesmo feliz. Nunca. Nunca. Em toda a minha vida, jamais me senti assim. Se não fosse você e a mamãe, não sei se teria conseguindo passar por tudo isso e chegar até aqui pra ouvir minha filha me chamar de ‘mamãe’.
 
— Conseguiria, sim. Você é uma mulher forte, Lena, só tem que tomar consciência disso. Estou muito feliz e orgulhoso de você.
 
— Obrigada. Por tudo — se levantou da cadeira se afastando.
 
— Keke — esperou que Lena o fitasse —, traga a minha sobrinha e a mãe dela ao meu casamento. Somos família, é importante nos conhecermos. E a Lara tem que saber que ela tem uma tio muito legal e em breve terá um primo ou prima pra brincar.
 
Balançando a cabeça em afirmação, quase saiu correndo para dentro de casa para arrumar suas coisas.
 
Assim que sua mala estava arrumada — só havia jogado suas poucas roupas dentro dela — saiu de seu antigo quarto e foi se despedir de sua mãe e de Eve.
 
No trajeto até o aeroporto, tudo parecia estar contribuindo perfeitamente para que chegasse rápido em Wrigthsville, porém, o seu voo acabou atrasando por causa da chuva forte que atingiu toda National City. Era o verão mostrando que já estava por ali com seus pingos grossos de chuva, relâmpagos e trovões estrondosos. Pena que ele tinha chegado pra mostrar sua força um dia antes do esperado e atrasou um pouco seus planos.
 
Na sala particular de espera, foi difícil controlar a ansiedade. Não havia falado para Lara ou Kara que estava voltando, pois queria fazer uma surpresa, então queria chegar mais cedo para aproveitar mais o seu tempo com elas. Ao que tudo indicava, teria que se contentar com algumas horas na parte da noite. Isso é se não chegasse na casa de Kara e Lara já estivesse dormindo.
 
Às duas em ponto, quando o tempo se acalmou, foi chamada para o seu voo. Com pressa, se despediu do irmão e seguiu para dentro do jatinho.
 
Foram quase sete horas de voo, podia dizer com tranquilidade que foram as sete horas mais longas da sua vida.
 
Desembarcando faltando dez minutos para as nove da noite, pegou o primeiro táxi que viu e indicou o endereço de Kara. Mais uma vez, para sua tristeza, na metade do caminho, a chuva começou a cair. O taxista, um senhor de cabelos brancos e já idoso, começou a dirigir bem de devagar.
 
— Será que o senhor poderia ir um pouco mais rápido? — questionou depois de um tempo.
 
— Desculpe, senhorita, mas com a chuva assim, é muito perigoso ir mais rápido.
 
Olhando para fora, percebeu que não estava longe da casa de Kara, apenas algumas quadras. Se fosse andando até lá, chegaria mais rápido do que se continuasse naquele carro, pensou.
 
— Para o carro, por favor.
 
— Como?
 
— Para o carro — pediu de novo enquanto procurava em na bolsa a sua carteira. Tirando uma nota de cem dólares, a estendeu para o senhor. — Pode ficar com o troco.
 
Pegando sua bolsa e a única mala que havia levado, desceu do carro começando a andar o mais rápido que conseguia. A cada gota de chuva que escorria sobre seu rosto, se arrependia um pouco pelo que tinha feito, mas não tinha como voltar atrás.
 
Quinze minutos depois, subiu os pequenos degraus da varanda da casa de Kara e tocou a campainha. Nos poucos segundos que esperava ser atendida, começou a tremer de frio por causa das suas roupas encharcadas. Quando Kara abriu a porta, sorriu.
 
— O-oi, Kara — sua voz saiu trêmula.
 
— Lena, o que faz aqui? Porque está molhada? — pegou a mala de rodinha e puxou a morena para dentro de casa. — Você não deveria voltar amanhã?
 
— Pode ser que eu tenha andado quinze minutos nessa chuva para chegar  aqui mais rápido.
 
— Você ficou maluca?
 
— Eu precisava ver a Lara antes dela dormir. Eu queria fazer uma surpresa pra vocês — sorriu amarelo. — Surpresa!
 
— Você realmente ficou maluca em sair na chuva assim — a ajudou tirar o casaco que ela usava.
 
— Eu não podia decepcionar minha filha. Ela me chamou de mãe, Kara. Eu não podia decepcioná-la.
 
— Ok, mamãe do ano, mas sair na chuva desse jeito pode lhe render um bom resfriado — segurou seu rosto. — Como cuidará da Lara estando doente?
 
— Eu dou um jeito. Ela está acordada? Posso vê-la?
 
— Ela está no quarto dela desenhando, mas você não vai vê-la antes de tomar um banho quente e tirar essas roupas molhadas.
 
Estava pronta para protestar o argumento de Kara quanto escutou a voz de Lara.
 
— Mamãe! — gritou do topo da escada a descendo correndo. — Você tá aqui!
 
— Estou, meu amor, como você pediu — se ajoelhou esperando Lara se aproximar.
 
— Não me deixa mais, não — abraçou a mãe sem se importar o quanto ela estava molhada.
 
— Lara, deixa a sua mãe tomar um banho quente e trocar de roupa. Depois você fica o quanto quiser com ela.
 
— Ah, mas... — olhou para Kara fazendo um biquinho.
 
— Você que sua mamãe fique doente? — Lara negou com a cabeça. — Então deixa ela tirar essas roupas antes de fazer qualquer coisa. Enquanto ela faz isso, porque não vai terminar o desenho que estava fazendo pra ela?
 
— O desenho, eu esqueci dele. Já volto, mamãe — se aproximou dando um beijo de esquimó em Lena e depois saiu correndo em direção ao quarto.
 
— Ela me chamou de mamãe e me deu um beijinho de esquimó — um sorriso foi se abrindo em seu rosto.
 
Kara riu da expressão de Lena, ela estava  um misto de alegria e surpresa. — É, ela te chamou de ‘mamãe’ e te deu um beijinho de esquimó. Agora vamos, você tem que se esquentar.
 
Seguindo Kara, foi até o quarto que costumava dormir quando passava a noite em sua casa. Depois de tirar suas roupas molhadas, entrou embaixo do chuveiro de água bem quente. Foi um alívio sentir seu corpo esquentar quase que imediatamente. Como queria mesmo ficar um tempo com Lara antes dela dormir, não teve ousadia de demorar demais no banho. Colocando roupas mais quentes, seguiu para o quarto ao lado, onde encontrou a garotinha de bruços no chão concentrada em seu desenho.
 
— Onde está sua mãe, Lara? — se sentou ao lado dela.
 
— Disse que ia fazer cházinho pra te esquentar.
 
— Posso ver o que está desenhando pra mim?
 
— Fecha os olhos.
 
Faz o que Lara pediu. — Fechei, e agora?
 
— Pode abrir.
 
Pegando a folha que estava estendida na frente de seu rosto, observou o desenho em palitinho de Lara segurando a sua mão.
 
— O que é isso no meu pescoço? — apontou para o desenho.
 
— Uma capa. Olha aqui o resto dela — mostrou a capa vermelha que ficava nas costas de sua bonequinha de palito.
 
— Porque estou de capa? Por acaso sou uma heroína?
 
— É, ué. Você cuida de mim junto com a  mamãe Kara, então você é minha supermamãe como ela. Ela já tem um desenho desse, ele tá lá geladeira. Aí fiz um pra você, pra você não ficar triste. Gostou? — a olhou com expectativa.
 
— Eu adorei, meu amor.
 
Ficou com Lara no chão do quarto desenhando com ela por mais alguns minutos até os bocejos e a voz sonolenta aparecem. Pegando a filha nos braços, a levou até a cama a cobrindo e mexeu em seus cabelos até ter certeza de que ela havia dormido.
 
Saindo do quarto, foi procurar Kara e acabou a encontrando na cozinha virada de frente para o fogão.
 
— Achei que se juntaria a nós.
 
— Ela queria a sua atenção, a minha ela já teve pelo resto do dia. Aproveitei enquanto você estava com ela pra arrumar as coisas do piquenique de amanhã e te fiz um chá — se virou colocando uma xícara fumegante na bancada em frente à Lena.
 
— Que atenciosa!
 
— Eu sei que gosta — sorriu ladeado.
 
Olhando para Kara, pensou o quanto seria fácil se aproximar e beijá-la. Mas antes de fazer isso, queria ter absoluta certeza que a ouviu dizer que estava apaixonada pela sua pessoa. Então, esperaria Kara revelar seus sentimentos com todas as letras olhando em seus olhos. Era melhor esperar do que agir por impulso e se decepcionar. Não precisava colecionar mais um coração partido.
 
— Achei que seria recebida por você com um abraço.
 
Com as bochechas ficando vermelhas, Kara foi até ela e a envolveu em seus braços.  — Eu não iria chorar se voltasse só amanhã, mas que bom que está aqui hoje. Senti falta disso. Senti falta de você.
 
— Eu também senti muito a sua falta — se aconchegou mais a loira quando recebeu um beijo na testa.
 
 
 

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Não iria postar nada hoje, mas acordei muito cedo em pleno domingo e decidi escrever.
 
Quantos capítulos até uma declaração ser feita?

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